Política
Helder Barbalho troca delegado do caso dos brigadistas presos no Pará
O governador do Pará afirmou que ‘ninguém está acima da lei’, mas não se poderia prender baseado em ‘pré-julgamentos’


O governador Helder Barbalho (MDB) pediu a substituição do delegado à frente do caso da prisão dos brigadistas em Santarém. Em vídeo publicado no Twitter, Barbalho diz que “o caso requer atenção e toda a transparência necessária”, além de afirmar que ficou preocupado com o episódio.
No lugar de José Humberto de Melo, entrará o delegado diretor da polícia de meio ambiente, Waldir Freire. “Ninguém está acima da lei, mas ninguém pode ser vítima de pré-julgamento ou ter seu direito de defesa cerceado”, diz Barbalho no vídeo.
O inquérito original aponta que quatro voluntários da Brigada de Alter do Chão são os responsáveis pelo incêndio que tomou a região em setembro de 2019. Eles foram presos na terça-feira 26. As provas apresentadas no inquérito vêm sendo questionadas por outras entidades ambientalistas e de direitos humanos.
Sobre o caso ocorrido em Santarém, determinei a substituição da presidência do inquérito para que tudo seja esclarecido da forma mais rápida e transparente possível. O diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir Freire, estará à frente das investigações. pic.twitter.com/Vg3tLyF5j0
— Helder Barbalho (@helderbarbalho) November 28, 2019
O governo paraense já havia emitido nota na terça-feira 26, dia da prisão, dizendo que as investigações da Polícia Civil aconteciam de maneira independente e sem a interferência do Estado.
Na quarta-feira 27 à noite, o Ministério Público Federal solicitou à Polícia Civil do Pará acesso integral ao conteúdo do inquérito. Segundo o órgão, a Polícia Federal já vinha investigando incêndios na região desde 2015 e, desde então, não haviam evidências de participação criminosa por parte das ONGs.
Outros políticos já se manifestaram sobre o caso, mas por outros motivos. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, republicaram reportagens e comentários nas redes sociais que condenavam os brigadistas pelo crime. “Tirem suas próprias conclusões”, escreveu Salles ao tuitar sobre um trecho do diálogo transcrito dos voluntários – parte criticada pelas ONGs por ter sido tirada de contexto pelos policiais.
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