Política

Câmara aprova projeto para clubes de futebol se tornarem empresas

Projeto que estabelece regras para transição segue para votação no Senado Federal

Câmara aprova projeto para clubes de futebol se tornarem empresas
Câmara aprova projeto para clubes de futebol se tornarem empresas
O deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), relator do projeto. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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A Câmara dos Deputados aprovou, por votação simbólica, na noite de quarta-feira 27, um projeto de lei que estabelece regras para que clubes de futebol, federações e ligas possam optar pelo modelo de clube-empresa e tornarem-se sociedades anônimas (S/A) ou limitadas (LTDA) com ações negociadas na Bolsa de Valores. O projeto segue para votação no Senado Federal.

O texto aprovado é do deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), que, como relator, substituiu o projeto original do ex-deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) e do deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), entre outros que também estão em tramitação.

Os clubes de futebol que não se transformarem em clubes-empresa podem continuar sendo reconhecidos como associações civis, um modelo de reconhecimento jurídico em que, por exemplo, os clubes ficam isentos de recolher determinados impostos.

A adoção do modelo empresarial não é obrigatória, mas o projeto incentiva a transição porque dá vantagens tributárias para renegociação de dívidas e recuperação judicial. As vantagens aplicadas aos clubes que fizerem a mudança estão reunidas em um modelo tributário simplificado, o Simples-FUT, inspirado no regime de microempresas e empresas de pequeno porte.

O Simples-FUT vai unificar o Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para a Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep). Além disso, o pagamento das dívidas em parcela única poderá ter redução de 95% das multas, 65% dos juros de mora e 100% dos encargos legais. Em 12 parcelas, a redução pode ser de 90% das multas, 60% dos juros e 100% dos encargos.

Para os defensores do projeto, o texto dá segurança jurídica a quem deseja investir no clube e oferece maior facilidade para superar o endividamento. Durante discurso no plenário, Pedro Paulo afirmou que os clubes no regime associativo possuem mais dívidas que faturamento e dependem de medidas emergenciais do Estado para resgatar saldos negativos. Antes da aprovação do projeto, os clubes já possuíam mecanismos para se transformarem em empresas, mas, segundo o deputado, havia alta e desigual carga tributária e baixa transparência para investidores.

Domingos Sávio, um dos coautores do projeto, chamou o texto de “novo marco na história do futebol profissional brasileiro”.

“Temos a tranquilidade de que nenhum clube é obrigado a se transformar em empresa. E aqueles que fizerem essa opção devem ser incentivados, para que possam, de maneira competitiva, investir, gerar emprego, fortalecer o futebol, em vez de só exportar talento”, afirmou o parlamentar.

Já o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) se posicionou de forma contrária ao projeto por considerar que o texto impõe aos clubes que mudem para o modelo empresarial, já que retira a tributação especial sobre os regimes associativos e oferece oportunidade de refinanciamento apenas para os clubes que se submetem à transição.

O parlamentar também afirmou que uma parcela significativa dos torcedores brasileiros “querem a democratização dos clubes, e não a sua privatização e venda”.

“O clube não tem que ser gerido ou orientado por uma multinacional que não tem nenhuma relação com o país e com o clube. Devemos ampliar a democratização dos clubes e não vendê-los para corporações internacionais e nos preocuparmos exclusivamente com o seu lucro”, argumentou.

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