Cultura
“A censura no Brasil hoje é um fato”, diz Wagner Moura, diretor de Marighella
Ator disse que Bolsonaro atua com vingança contra a classe artística que o critica. Filme segue sem data de lançamento no Brasil


Após uma sessão do filme Marighella em Lisboa, no domingo 17, o diretor da obra Wagner Moura afirmou ser vítima de censura no Brasil. “A censura no Brasil hoje é um fato. Interditaram a cultura”, afirmou. O ator também falou sobre a dificuldade de produzir a obra, que ainda não tem data para ser lançada.
“Nós sabíamos que seria dificílimo fazer este filme. Estou muito preparado com isso [ameaças], não tenho problema nenhum em debater. O que eu não estava preparado era para o filme não estrear no Brasil, quando nós já tínhamos uma data de estreia, tudo combinado.”
O filme seria lançado no dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra e mês em que a morte do guerrilheiro completa 50 anos. A estreia, no entanto, foi cancelada. À época, a O2 Filmes declarou em nota que não conseguiu cumprir a tempo todos os trâmites exigidos pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). A produtora teve dois recursos negados pela agência.
O ator disse que continuará lutando pela estreia do filme para o ano que vem e criticou as políticas culturais do governo Bolsonaro. “Marighella não é um caso isolado. Bolsonaro declarou guerra à cultura”, disse, ao afirmar que o presidente age com “vingancinha” contra a classe artística que o critica.
Baseada na biografia “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, de Mário Magalhães, a obra é estrelada por Seu Jorge, na pele de Carlos Marighella. Adriana Esteves e Bruno Gagliasso também estão no elenco.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.