Cultura
Grupo nascido na ZL deixa suas primeiras pegadas no samba de São Paulo
Registro fonográfico mostra projeto promissor


Formado há 10 anos, o grupo Pegada de Gorila – uma das expressões usadas para determinar qualidade musical na batida do samba – apresenta seu primeiro trabalho, o Divina Canção.
Aliás, a gravação da faixa-título Divina Canção (Almir Guineto, Ratinho e Capri), com participação de Beto Deyvis, é um dos destaques desse trabalho de samba.
O grupo, estabelecido a partir de encontros em uma quadra de escola de samba no Itaim Paulista, Zona Leste da capital paulista, tem músicos promissores.
A começar pelas boas vozes de Mayara Costa e Francisco MB. Emerson Bernardes é uma das grandes revelações do cavaquinho em São Paulo, assim como Marcelo Monserrat no violão 7 cordas.
O time da percussão sabe o que faz: Marcelo Ramos, Vivaldo Porkinho, Samuel Marques e Koka Pereira.
O disco eclético e bem executado abre com partido-alto Samba de Noite, Samba de Dia com participação do cantor e compositor da Zona Leste de São Paulo Moskitinho Moleque.
Segue com os sambas dolentes Doce Prazer (Jorge Sargento e Junior Bicalho) e Mel pra Minha Dor (Nelson Rufino e Avelino Borges).
A quarta faixa é Por Dentro e Por Fora (Serginho Madureira e Moskitinho moleque) e a quinta, a faixa-título.
Com Abstinência (Edivaldo Gonçalves e Chico Maneiro) o disco vai tendo seu ápice, com a participação do Ricardo Valverde no vibrafone e Luizinho 7 cordas (violão).
Mas uma bela gravação de samba com Vinho Predileto (Wanderley Monteiro; essa composição ficou em 2° lugar num concurso de samba de quadra na Portela) com participação triunfal da Velha Guarda Musical da Nenê da Vila Matilde.
Outro samba dolente de primeira: A Noite que Mais Amei (Edu Batata). Segue com o sambão Velhos Sonhos (Leandro Fregonesi e Wanderley Monteiro) e a divertida Pão com Mortadela (Leandro Partideiro, Fernando Procópio e Will Freitas).
Princípio Meio e Fim (Serginho Meriti e Claudemir Rastafári) é mais um dolente.
Noite Escura (Chiquinho Vírgula, Mingo Silva e Anderson Baiaco) tem participação de Chiquinho Vírgula, Raul Germanos (sambista da Zona Sul de São Paulo) e Gordinho no surdo.
O compositor Chiquinho Vírgula morreu em 2017, mas gravou antes sua participação nessa música inédita. O disco é dedicado a ele, que teve algumas composições gravadas por vários intérpretes de samba ao longo de sua vida e morreu aos 61 anos vítima de infarto.
Lua Cheia (Capri, Serginho Madureira e Daniel Tatit) é a penúltima do disco, que encerra com o maxixe instrumental Damas Grátis (Eduardo Neves).
O rodado baterista Jorge Gomes participou da gravação do disco, assim como o contrabaixista Marcelo Batman. A arte gráfica do CD é do compositor Douglas Germano.
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