Economia
No segundo dia de leilão do pré-sal, 4 de 5 blocos não recebem lance
No total, empresas manifestaram interesse em apenas três dos nove campos ofertados nos dois dias


Quatro blocos ficaram de lado no leilão de cinco áreas de exploração de petróleo no pré-sal, realizado nesta quinta-feira 7, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A arrecadação, que poderia chegar a 7,85 bilhões de reais, alcançou 5,05 bilhões, 64% do valor possível.
Houve apenas um lance único, da Petrobras em consórcio com a petroleira chinesa CNODC. A estatal brasileira ficou com 80% do campo de petróleo de Aram, o bloco mais caro dos ofertados neste dia. Na quarta-feira 6, dos quatro blocos oferecidos, apenas dois foram arrematados: Búzios, pela Petrobras com as chinesas CNOOC Brasil e CNODC Petroleum, e Itapu, que teve interesse apenas da Petrobras.
No total, dos nove blocos oferecidos nos dois dias, apenas em três houve manifestações de interesse, com valor mínimo e sem concorrência, enquanto seis não receberam sequer um lance: Sépia, Atapu, Norte da Brava, Sudoeste de Sagitário, Cruzeiro do Sul e Bumerangue. Somados os dias de leilão, a arrecadação foi de 75 bilhões de reais, menos do que os quase 115 bilhões que o governo esperava.
Apesar do resultado abaixo das expectativas do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) festejou. Nesta quinta-feira 7, Bolsonaro disse que, ainda assim, foi o maior leilão já realizado na indústria do petróleo.
“Arrecadou menos porque metade das áreas não teve oferta. Segundo a nossa equipe, ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, o próprio [ministro da Economia] Paulo Guedes, foi o maior leilão do mundo até o momento”, disse, em saída do Palácio da Alvorada. “Não adianta ter petróleo embaixo da terra e não ter como explorá-lo. E vocês devem estar sabendo que essa matriz que vem do fundo da terra é ir diminuindo, porque outras fontes de energia vão aparecendo no mundo.”
O leilão diz respeito às áreas excedentes da cessão onerosa. Em 2010, a União cedeu à Petrobras, em um contrato que leva o nome de “cessão onerosa”, um reservatório gigantesco de petróleo e gás no pré-sal da bacia de Santos, que se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC). Por lei, todo o petróleo que existe no subsolo é da União, por isso, cabe a ela decidir qual companhia tem direito de explorar a área.
Segundo este contrato, a União deu o direito à Petrobras de produzir 5 bilhões de barris em áreas do pré-sal. Porém, no decorrer das atividades da petroleira na região, descobriu-se que a área tinha o triplo desse volume de petróleo. Portanto, o petróleo “extra”, chamado de “excedente da cessão onerosa”, foi a leilão na quarta e na quinta-feira.
Inicialmente, 14 empresas de todo o mundo estiveram habilitadas para competir pelas áreas, mas apenas sete compareceram e três de fato disputaram: as duas chinesas que fizeram consórcio com a Petrobras. O dinheiro obtido com o leilão será dividido entre os estados e o Distrito Federal (15%), os municípios (15%), o estado do Rio de Janeiro (3%), a União e a Petrobras.
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