Economia

Especialista chama megaleilão do pré-sal de “desastre total”

O governo esperava arrecadar 106,5 bilhões de reais, mas lucro total de 69,96 bilhões ficou bem abaixo da expectativa

Bacia de petróleo de Santos. Foto: Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Brasília esperava arrecadar 106,5 bilhões de reais com o leilão das áreas localizadas em águas profundas (“pré-sal”), situadas na Bacia de Santos. A venda foi ignorada pela maioria dos grandes grupos de petróleo mundiais. A Petrobras participou praticamente sozinha. Apenas dois dos quatro campos foram arrematados (Búzios e Itapu). As áreas de Sépia e Atapu ficaram sem interessados.

A falta de concorrência trouxe outra decepção para o governo de Jair Bolsonaro, que esperava recuperar as finanças públicas com a licitação. O percentual que as petrolíferas se comprometem a pagar ao Estado se mantiveram no lance mínimo estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

No entanto, o diretor da ANP, Decio Oddone, considerou o megaleilão um sucesso. O pregão foi “o mais importante já realizado no mundo”, afirmou Oddone.

Preços altos e falta de transparência

Ivan Cima, diretor do escritório de consultoria americano Welligence Energy Analytics, baseado em Houston, é radicalmente contrário a essa avaliação da ANP. Segundo ele, o fato de nenhuma petrolífera internacional ter feito lance é “um amargo fracasso”. “O pregão foi obstruído por valores muito altos e por uma falta de transparência”, explicou o especialista.

A Petrobras ficou com 90% de participação no consórcio que levou a maior e mais cara área leiloada, a de Búzios. A empresa brasileira se associou a duas petrolíferas chinesas, a CNODC e a CNOOC. Cada uma delas ficou com 5% de participação no negócio. Arrematado por R$ 68,2 bilhões, Búzios já está em produção e é o segundo maior do Brasil, com 424 mil barris por dia.

Petrobras também levou o campo de Itapu por R$ 1,76 bilhão, sem sócios.

Total e BP haviam anunciando antecipadamente que não participariam da licitação. As duas gigantes petroleiras criticaram os preços elevados e os riscos de conseguirem apenas uma participação minoritária nos consórcios diante do “apetite” da Petrobras no negócio. Fato que acabou se confirmando no megaleilão desta quarta-feira, apontam os especialistas.

(Com informações da AFP)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo