Cultura
Cortina de fumaça
“Na neblina” traz a trajetória penosa de um ferroviário, tão penosa quanto bela de se ver
Na Neblina
Sergei Loznitsa
Em Minha Felicidade já havia o plano-sequência, quando o caminhoneiro perambula pelo vilarejo miserável. Agora em Na Neblina, novo filme do bielo–russo Sergei Loznitsa que estreia na sexta 1º, o recurso reaparece mais contundente e significativo. Está ali para dar a dimensão da consciência, do caráter do protagonista, e num aspecto mais amplo e político, do estado de coisas da Rússia do período da Segunda Guerra Mundial.
A situação simbólica desse passado toma forma no drama de um ferroviário (Vladimir Svirskiy) considerado culpado de traição pelos resistentes à ocupação alemã. Esses partisans vão à casa do possível traidor para levá-lo a morrer na floresta. Ao ser alvejado, no entanto, um dos algozes torna-se o corpo ferido que o condenado terá de carregar todo o percurso. É neste dilema moral que se refletem as circunstâncias anteriores de sua prisão e liberação pelos nazistas. A trajetória torna-se tão penosa quanto bela de se ver, como é a condição contraditória da neblina.
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