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O adversário ideal

A melhor razão para votar em Obama será o Partido Republicano

Romney&Ryan. Com adversários como esses, quem precisa de aliados? Foto: Saul Loeb/AFP
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A lógica de Paul Ryan como vice de Mitt Romney é entusiasmar os conservadores a votar, em um quadro de polarização no qual não há moderados a persuadir, mas foi uma opção tão reacionária que anima minorias e liberais decepcionados com ­Barack Obama a evitar o mal maior.

Ryan é conhecido por defender a proibição do aborto. Ao afirmar o absurdo de que mulheres que sofrem “estupro legítimo” raramente engravidam, o deputado republicano Todd Akin, candidato à reeleição no Missouri, fez aos democratas o favor de reacender esse debate, assim como o comitê que preparou o programa do partido a ser aprovado na convenção de 27 de agosto, ao incluir uma proposta de emenda constitucional para banir o aborto sem exceções.

Por outro lado, os republicanos nunca contaram com um grande capital tão unânime e de mãos tão livres, graças à eliminação pela Suprema Corte de restrições às doações de campanha. Isso não bastou, porém, para comprar respeitabilidade intelectual. Para a capa contra Obama, a Newsweek foi buscar no Reino Unido um articulista, o historiador conservador Niall Ferguson, cuja reputação discutível, por defender que Londres devia ter deixado o Kaiser vencer em 1914 (segundo ele, o Império Britânico não teria caído e não haveria comunismo), deve ter piorado com essa peça unilateral e panfletária.

Representativa da campanha democrata é a iniciativa “90 dias, 90 razões”: a cada dia, desde 8 de agosto, um intelectual ou celebridade publica um pequeno ensaio com uma razão para votar em Obama. Incluem “é o primeiro presidente a apoiar o casamento gay” (Ben Gib­bard, cantor) e “facilitou o financiamento da educação superior” (Emily Raboteau, escritora). O subtexto geral é “foi morno, mas o outro seria pior”. Outra tática é expor como Romney foge dos impostos e recorre a paraísos fiscais a ponto de incomodar a Suíça, que se queixou de a propaganda democrata sugerir que ter conta no país é prova de sonegação.

Parece funcionar. Os republicanos ganharam 1% nas pesquisas logo após a escolha de Ryan, mas o efeito de um escrutínio mais intenso sobre suas posições está para ser visto. Na média das pesquisas, Obama continua 1 ou 2 pontos à frente no voto popular, o que, considerada a distribuição geográfica dos ­eleitores, significa perto de 55% dos votos no ­Colégio Eleitoral.

A lógica de Paul Ryan como vice de Mitt Romney é entusiasmar os conservadores a votar, em um quadro de polarização no qual não há moderados a persuadir, mas foi uma opção tão reacionária que anima minorias e liberais decepcionados com ­Barack Obama a evitar o mal maior.

Ryan é conhecido por defender a proibição do aborto. Ao afirmar o absurdo de que mulheres que sofrem “estupro legítimo” raramente engravidam, o deputado republicano Todd Akin, candidato à reeleição no Missouri, fez aos democratas o favor de reacender esse debate, assim como o comitê que preparou o programa do partido a ser aprovado na convenção de 27 de agosto, ao incluir uma proposta de emenda constitucional para banir o aborto sem exceções.

Por outro lado, os republicanos nunca contaram com um grande capital tão unânime e de mãos tão livres, graças à eliminação pela Suprema Corte de restrições às doações de campanha. Isso não bastou, porém, para comprar respeitabilidade intelectual. Para a capa contra Obama, a Newsweek foi buscar no Reino Unido um articulista, o historiador conservador Niall Ferguson, cuja reputação discutível, por defender que Londres devia ter deixado o Kaiser vencer em 1914 (segundo ele, o Império Britânico não teria caído e não haveria comunismo), deve ter piorado com essa peça unilateral e panfletária.

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