Cultura

Uma chacina por semana

Não há quem não esteja preocupado, dentro do governo e mesmo fora dele, com a superlotação dos presídios brasileiros

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Quando pensei que daria sossego ao Stanislaw Ponte Preta, eis que me surge aqui em casa com sua estatura atual o Adamastor, que já foi gigante e amigo do Vasco da Gama.

E sempre que me aparece por aqui o Adamastor posso prever alguma notícia que caberia muito bem no FEBEAPA do Stanislaw. E enquanto ele mesmo, o Stanislaw, não está em condições de fazer o registro da besteira, elejo-me interino para que a besteira não passe em branco.

Não há quem não esteja preocupado, dentro do governo e mesmo fora dele, com a superlotação dos presídios brasileiros.

Técnicos em várias áreas, mas principalmente especialistas em segurança, são convocados para sugerir alguma solução para o problema. Tudo em vão. As reuniões se sucedem sem que se vislumbre a solução.

Pois não é que um jovem, que nem tinha sido convocado a participar de reunião alguma, encontrou a solução. Ele, o jovem, fazia parte do governo (e dizem que recebia 14.000,00 reais todo mês para fazer parte do governo) como encarregado pelas políticas governamentais para jovens.

Não sei se antes ou depois de entrar no mercado livreiro o Mein kampf, assinado por Adolf Hitler, o jovem, numa entrevista sugeriu que deveria haver uma chacina por semana. O Hitler, como vocês sabem, encontrou a solução para a questão judaica.

Lembram? Para a questão judaica, o Führer encontrou a solução final: o Holocausto. Simples como somar dois mais dois. 

O jovem que recebia 14.000,00 do governo para implementar políticas da juventude, inspirado em fatos carcerários no Norte do país, com a cara mais ingênua, todos nós tivemos a oportunidade de vê-lo na televisão, com aquela cara de jovem muito religioso, moderno, um sorriso cândido, sugeriu exatamente isso: uma chacina por semana.

O Adamastor, ex-gigante amigo do Vasco da Gama, do alto de seus séculos de experiência, começou a opor obstáculos a essa solução. Tenho a impressão de que o Adamastor já não esteja mais ao lado das forças que ora ocupam aqueles palácios todos.

Me questionou perguntando: E se ninguém, dentro dos presídios, estiver a fim de iniciar uma rebelião? Neste caso, pensei, alguém do próprio governo deveria incentivar alguma disputa entre os presidiários. E o Adamastor continuou: E se houver algum parente de funcionários, em especial do jovem proponente, entre os futuros rebelados, como é que ficamos?

O próprio Adamastor veio com as respostas. Não, o governo não pode destacar funcionário algum para promover uma rebelião, pois seria descoberto e nossa imagem no exterior ficaria manchada. Quanto à segunda questão, é bem provável que o jovem não se lembrasse de sugerir um pequeno holocausto caso isso pudesse atingir parente dele.

Cansei do assunto e convidei o Adamastor para uma partida de xadrez. Tudo a ver.

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