Cultura
Vende-se maconha
Em meio à guerra contra a erva nos EUA, o comércio legal floresce. E os jornais lucram com anúncios


No quintal da simpática casa no subúrbio de Berkeley, a fogueira aguarda os convidados para o jantar, com o sol a se pôr entre os caramanchões de jasmim. Mas o perfume que toma o ambiente, doce como abacaxi maduro, não vem das plantas floridas, e sim de outra, mais controversa, a queimar devagar no cachimbo do anfitrião: presente, diz ele, de um amigo com acesso à erva, graças às democráticas leis do estado da Califórnia. A maconha em questão é legal, ao menos para o detentor da receita, obtida sob a alegação de que o remédio mitiga dores do corpo e da alma, redenção além da compreensão humana. “Meu amigo tem o cartão e compra no dispensário. É de primeira qualidade”, garante sorridente com o tratamento dispensado aos convivas. “É remédio.”
Assim se explicam as cinco páginas da revista de cultura gratuita mais famosa da Califórnia, a LA Weekly, preenchidas por 31 anúncios sobre maconha. Sejam lojas que vendem o produto, sejam clínicas a oferecer receitas na hora, cada vez mais tais propagandas ganham as publicações, reflexo da explosão das centenas de “dispensários” abertos na Califórnia e outros 16 estados que permitem a produção, comercialização e, por que não, o consumo de maconha medicinal.
No quintal da simpática casa no subúrbio de Berkeley, a fogueira aguarda os convidados para o jantar, com o sol a se pôr entre os caramanchões de jasmim. Mas o perfume que toma o ambiente, doce como abacaxi maduro, não vem das plantas floridas, e sim de outra, mais controversa, a queimar devagar no cachimbo do anfitrião: presente, diz ele, de um amigo com acesso à erva, graças às democráticas leis do estado da Califórnia. A maconha em questão é legal, ao menos para o detentor da receita, obtida sob a alegação de que o remédio mitiga dores do corpo e da alma, redenção além da compreensão humana. “Meu amigo tem o cartão e compra no dispensário. É de primeira qualidade”, garante sorridente com o tratamento dispensado aos convivas. “É remédio.”
Assim se explicam as cinco páginas da revista de cultura gratuita mais famosa da Califórnia, a LA Weekly, preenchidas por 31 anúncios sobre maconha. Sejam lojas que vendem o produto, sejam clínicas a oferecer receitas na hora, cada vez mais tais propagandas ganham as publicações, reflexo da explosão das centenas de “dispensários” abertos na Califórnia e outros 16 estados que permitem a produção, comercialização e, por que não, o consumo de maconha medicinal.
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