Política

O papel da universidade

O diferencial será o conhecimento e os novos modelos pedagógicos. E quem os têm ainda é a instituição pública. Por Luis Nassif

Foto da Universidade de São Paulo. Foto: Marcos Santos
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Participei na manhã de ontem de um seminário em São Paulo sobre universidade e empreendedorismo.

O expositor norte-americano trouxe um conjunto de informações sobre essas relações, nos Estados Unidos que, a rigor, batem em muito com a realidade brasileira – guardadas as devidas proporções.

O questionamento ao papel da universidade começou a se dar na segunda metade dos anos 90. O isolamento, a compartimentalização, os “papers”, como única maneira de avaliar desempenho, o distanciamento das empresas e do entorno, tudo isso deu margem a uma enorme discussão sobre o papel da universidade.

A discussão se resolveu com um trabalho do físico Britto Cruz. Nele, definia que o papel principal da universidade era o ensino. Depois, a pesquisa. Eventualmente, a inovação.

Mas o ambiente central para a inovação eram as empresas.

A partir dessa visão, verbas de pesquisa foram direcionadas para que empresas contratassem pesquisadores, comandando a inovação.

Foi uma mudança importante, mas que exige alguns ajustes de rumo.

Na primeira fase – da universidade fechada – havia pouca governança, pouca transparência de gestão e muitos donos do pedaço.

Na segunda fase – de aproximação com o setor privado – esbarra-se no mesmo problema de governança e em algumas características da economia brasileira diferentes do modelo de universidade norte-americano.

O primeiro, é o pequeno hábito de pesquisa das empresas brasileiras. Anos de câmbio apreciado tiraram a competitividade da pesquisa própria, em favor da importação de tecnologia. Hoje em dia, a pesquisa de ponta está apenas em grandes grupos, como Petrobras, Odebrecht, Embraer, no segmento de cosméticos e não muito mais.

Em que pese algumas iniciativas relevantes, como o MEI (Movimento Empresarial pela Inovação), pequenas e médias empresas ainda estão longe de avançar no campo da inovação.

Para tentar reduzir o fosso que a separa do empreendedorismo, muitas universidades criaram agências visando estimular registro de patentes.

Mas o empreendedorismo no país padece de uma vulnerabilidade maior: não sabe trabalhar modelos de negócio.

O sucesso dos grandes campeões da Internet – Apple, Google, Facebook – está muito mais no modelo de negócio desenvolvido do que propriamente no diferencial tecnológico.

O caminho poderia ser abreviado com empresas de “venture capital” – investindo em empresas nascentes do setor de tecnologia. Há boas experiências, bem sucedidas, mas ainda sem escala para alavancar o setor.

Com o advento das novas tecnologias da informação, no entanto, o grande mercado para a universidade é o seu metier, a educação. Em breve a Internet acabará com os intermediários de conteúdo – editoras de livro didático, cursos apostilados etc. O diferencial será o conhecimento e os novos modelos pedagógicos.

E quem os têm ainda é a universidade pública. E conseguirão desempenhar esse papel se houver políticas públicas capazes de viabilizar o novo modelo.

Pelo menos no campo da educação, a base continuará sendo a universidade pública. Caberá ao MEC definir conteúdo e adquirir o conhecimento diretamente de seus autores.

Participei na manhã de ontem de um seminário em São Paulo sobre universidade e empreendedorismo.

O expositor norte-americano trouxe um conjunto de informações sobre essas relações, nos Estados Unidos que, a rigor, batem em muito com a realidade brasileira – guardadas as devidas proporções.

O questionamento ao papel da universidade começou a se dar na segunda metade dos anos 90. O isolamento, a compartimentalização, os “papers”, como única maneira de avaliar desempenho, o distanciamento das empresas e do entorno, tudo isso deu margem a uma enorme discussão sobre o papel da universidade.

A discussão se resolveu com um trabalho do físico Britto Cruz. Nele, definia que o papel principal da universidade era o ensino. Depois, a pesquisa. Eventualmente, a inovação.

Mas o ambiente central para a inovação eram as empresas.

A partir dessa visão, verbas de pesquisa foram direcionadas para que empresas contratassem pesquisadores, comandando a inovação.

Foi uma mudança importante, mas que exige alguns ajustes de rumo.

Na primeira fase – da universidade fechada – havia pouca governança, pouca transparência de gestão e muitos donos do pedaço.

Na segunda fase – de aproximação com o setor privado – esbarra-se no mesmo problema de governança e em algumas características da economia brasileira diferentes do modelo de universidade norte-americano.

O primeiro, é o pequeno hábito de pesquisa das empresas brasileiras. Anos de câmbio apreciado tiraram a competitividade da pesquisa própria, em favor da importação de tecnologia. Hoje em dia, a pesquisa de ponta está apenas em grandes grupos, como Petrobras, Odebrecht, Embraer, no segmento de cosméticos e não muito mais.

Em que pese algumas iniciativas relevantes, como o MEI (Movimento Empresarial pela Inovação), pequenas e médias empresas ainda estão longe de avançar no campo da inovação.

Para tentar reduzir o fosso que a separa do empreendedorismo, muitas universidades criaram agências visando estimular registro de patentes.

Mas o empreendedorismo no país padece de uma vulnerabilidade maior: não sabe trabalhar modelos de negócio.

O sucesso dos grandes campeões da Internet – Apple, Google, Facebook – está muito mais no modelo de negócio desenvolvido do que propriamente no diferencial tecnológico.

O caminho poderia ser abreviado com empresas de “venture capital” – investindo em empresas nascentes do setor de tecnologia. Há boas experiências, bem sucedidas, mas ainda sem escala para alavancar o setor.

Com o advento das novas tecnologias da informação, no entanto, o grande mercado para a universidade é o seu metier, a educação. Em breve a Internet acabará com os intermediários de conteúdo – editoras de livro didático, cursos apostilados etc. O diferencial será o conhecimento e os novos modelos pedagógicos.

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