Sociedade

Moradores não confiam na polícia, diz pesquisa

Levantamento do instituto Sou da Paz indica que em dois violentos bairros da cidade 95% da população não se sente segura com policiamento

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Uma consulta participativa de opinião do Instituto Sou da Paz mostrou que apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia e se sentem seguros com a presença dos oficiais. A pesquisa, realizada entre março e junho de 2011, entrevistou 300 pessoas para identificar a percepção e conhecimento da população local sobre armas de fogo.

Os locais, pertencentes à Subprefeitura de M´Boi Mirim, foram escolhidos por terem apresentado melhoria nas taxas de homicídios na última década, apesar de ainda estarem acima da média da cidade, de 11,49 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo dados de 2010 da ONG Rede Nossa São Paulo.

O Jardim Ângela registrou no mesmo período acima, 18,62 homicídios para cada 100 mil habitantes e o Jardim São Luis, 11,95.

O levantamento ocorreu apenas nos bairros de Jardim São Luís e Valo Velho e foi conduzido por um grupo de adolescentes qualificado pelo instituto para realizar a pesquisa, que em grande parte abordou justamente pessoas entre 13 e 18 anos (46% da amostra), um dos públicos mais afetados pela violência no Brasil.

Segundo a coordenadora da área de controle de armas do Sou da Paz, Alice Ribeiro, a pesquisa não tem o rigor de uma consulta de opinião formal e não pode ser considerada representativa. Mesmo assim, o resultado reflete a visão dos jovens da região em relação ao papel da polícia. “Isso vem da própria relação da corporação com a comunidade e também do entendimento desta faixa etária sobre o trabalho dos oficiais e sua maneira de se portar.”

A perspectiva dos moradores sobre a violência na região nos últimos três anos também mostrou dados extremos: 27% dos entrevistados acham que a violência está maior e 22%, muito maior – contra 24% que acreditam em uma melhora. Neste cenário, a nota atribuída pelos moradores para a segurança na região foi de 5,1, em uma escala de 10 pontos.

O estudo mostrou que quanto mais velho o morador (55 anos ou mais), maior é a sua percepção de que a situação está melhor ou muito melhor (42%). Entre os mais jovens (13 a 18 anos) o inverso ocorre: apenas 25% acham que houve melhora e 50% acham que a situação está pior ou muito pior.

Ribeiro explica que a análise dos mais velhos está diretamente relacionada ao fato de terem na memória que a região já foi considerada uma das mais perigosas do mundo. “Colhemos depoimentos de pessoas dizendo que hoje está melhor porque não há mais diversos corpos espalhados pelas ruas e pessoas morrendo todos os dias.”

Segundo a coordenadora, os jovens não têm esse histórico de violência claro ou nem sequer sabem dele. “Outra hipótese é analisar a noção de segurança para verificar se os indicadores realmente pioraram ou se há uma sensação de insegurança na região, por exemplo, relacionada ao roubo de posses.”

Quando perguntados, apenas 16% dos moradores afirmaram se sentir seguros fora de casa e 18%, no bairro.

Armas de fogo

A maior parte dos entrevistados (74%) afirmou já ter visto uma arma de fogo e 40% disseram conhecer alguém que possua uma. Segundo o instituto, essa percepção pode estar relacionada com a forte presença de policiais na região.

O estudo indicou também que 77% dos entrevistados acham que ter uma arma coloca outras pessoas em risco, contra os 14% que acreditam em uma maior segurança proporcionada pelo equipamento.

Os entrevistados apontaram que não abrem mão de suas armas para se protegerem (59%), por medo de serem presos ao fazê-lo (51%), por não saber o destino da arma (46%) e também por não confiarem na polícia (36%). “Esse resultado é um indicativo do não cumprimento ou não divulgação de um ponto da lei que pede para a arma ser danificada no momento da entrega na frente da pessoa”, diz. “Saber que a arma foi inutilizada aumenta muito a credibilidade da campanha.”

Sobre o alto índice de justificativa para a desconfiança contra policiais na hora da entrega da arma, Ribeira afirma que há relação com o desconhecimento sobre a inutilização do equipamento. “Também há de se considerar a relação dos moradores com a corporação, as pessoas podem achar que a policia pode desviar as armas”, diz. “Mas isso não foi questionado.”

Uma consulta participativa de opinião do Instituto Sou da Paz mostrou que apenas 5% dos moradores dos distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, confiam na polícia e se sentem seguros com a presença dos oficiais. A pesquisa, realizada entre março e junho de 2011, entrevistou 300 pessoas para identificar a percepção e conhecimento da população local sobre armas de fogo.

Os locais, pertencentes à Subprefeitura de M´Boi Mirim, foram escolhidos por terem apresentado melhoria nas taxas de homicídios na última década, apesar de ainda estarem acima da média da cidade, de 11,49 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo dados de 2010 da ONG Rede Nossa São Paulo.

O Jardim Ângela registrou no mesmo período acima, 18,62 homicídios para cada 100 mil habitantes e o Jardim São Luis, 11,95.

O levantamento ocorreu apenas nos bairros de Jardim São Luís e Valo Velho e foi conduzido por um grupo de adolescentes qualificado pelo instituto para realizar a pesquisa, que em grande parte abordou justamente pessoas entre 13 e 18 anos (46% da amostra), um dos públicos mais afetados pela violência no Brasil.

Segundo a coordenadora da área de controle de armas do Sou da Paz, Alice Ribeiro, a pesquisa não tem o rigor de uma consulta de opinião formal e não pode ser considerada representativa. Mesmo assim, o resultado reflete a visão dos jovens da região em relação ao papel da polícia. “Isso vem da própria relação da corporação com a comunidade e também do entendimento desta faixa etária sobre o trabalho dos oficiais e sua maneira de se portar.”

A perspectiva dos moradores sobre a violência na região nos últimos três anos também mostrou dados extremos: 27% dos entrevistados acham que a violência está maior e 22%, muito maior – contra 24% que acreditam em uma melhora. Neste cenário, a nota atribuída pelos moradores para a segurança na região foi de 5,1, em uma escala de 10 pontos.

O estudo mostrou que quanto mais velho o morador (55 anos ou mais), maior é a sua percepção de que a situação está melhor ou muito melhor (42%). Entre os mais jovens (13 a 18 anos) o inverso ocorre: apenas 25% acham que houve melhora e 50% acham que a situação está pior ou muito pior.

Ribeiro explica que a análise dos mais velhos está diretamente relacionada ao fato de terem na memória que a região já foi considerada uma das mais perigosas do mundo. “Colhemos depoimentos de pessoas dizendo que hoje está melhor porque não há mais diversos corpos espalhados pelas ruas e pessoas morrendo todos os dias.”

Segundo a coordenadora, os jovens não têm esse histórico de violência claro ou nem sequer sabem dele. “Outra hipótese é analisar a noção de segurança para verificar se os indicadores realmente pioraram ou se há uma sensação de insegurança na região, por exemplo, relacionada ao roubo de posses.”

Quando perguntados, apenas 16% dos moradores afirmaram se sentir seguros fora de casa e 18%, no bairro.

Armas de fogo

A maior parte dos entrevistados (74%) afirmou já ter visto uma arma de fogo e 40% disseram conhecer alguém que possua uma. Segundo o instituto, essa percepção pode estar relacionada com a forte presença de policiais na região.

O estudo indicou também que 77% dos entrevistados acham que ter uma arma coloca outras pessoas em risco, contra os 14% que acreditam em uma maior segurança proporcionada pelo equipamento.

Os entrevistados apontaram que não abrem mão de suas armas para se protegerem (59%), por medo de serem presos ao fazê-lo (51%), por não saber o destino da arma (46%) e também por não confiarem na polícia (36%). “Esse resultado é um indicativo do não cumprimento ou não divulgação de um ponto da lei que pede para a arma ser danificada no momento da entrega na frente da pessoa”, diz. “Saber que a arma foi inutilizada aumenta muito a credibilidade da campanha.”

Sobre o alto índice de justificativa para a desconfiança contra policiais na hora da entrega da arma, Ribeira afirma que há relação com o desconhecimento sobre a inutilização do equipamento. “Também há de se considerar a relação dos moradores com a corporação, as pessoas podem achar que a policia pode desviar as armas”, diz. “Mas isso não foi questionado.”

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