Política

Conselho editorial da Revista de História da Biblioteca Nacional renuncia

Três meses após demissão de jornalistas por análise de A Privataria Tucana, grupo alega interferência externa no trabalho da publicação por parte do presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, Jean-Louis de Lacerda Soares

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Cerca de três meses após a demissão de um repórter e um editor supostamente por motivação política, o Conselho Editorial da Revista de História da Biblioteca Nacional anunciou renuncia coletiva nesta segunda-feira 21. O grupo de historiadores, que tem nomes como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Laura de Melo e Souza, professora titular da USP, e Lília Moritz Schwarcz, também professora da USP, alegou interferência na publicação por parte de Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), administradora dos recursos da revista.

Em carta, o grupo diz que a Sabin teria a tarefa de apenas administrar os recursos da revista e produzi-la, mas Soares “arrogou-se o direito de demitir e contratar o editor e de vetar nomes para o Conselho”. Eles já haviam ameaçado tomar essa atitude quando Luciano Figueiredo, ex-editor da revista, foi demitido em março. À época, a revista havia publicado em seu site uma resenha do livro A Privataria Tucana (Leia mais ), na qual o jornalista Celso de Castro Barbosa sugere que o ex-governador José Serra,  atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, esteja “morto” politicamente e que seria a figura com a “imagem mais chamuscada” pelas denúncias do livro. (Leia o texto aqui).

O PSDB protestou contra a revista, Figueiredo e Barbosa foram demitidos e a resenha retirada do ar. A revista nega, porém, interferência nas demissões. À epoca, Jean-Louis Lacerda Soares disse a CartaCapital, em nota, que a Sabin “não interfere no conteúdo editorial da revista” e que as demissões não tiveram relação com as reclamações dos partido.

O integrantes do conselho acusam a Sabin de ter virado “proprietária e controladora” da revista e dizem não aceitar “esta subordinação que lhe tira a autonomia necessária para dirigir uma revista séria e de qualidade.” A carta foi entregue ao presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Dr. Galeno Amorim.

Leia abaixo a íntegra da carta:

“Aos leitores, amigos e financiadores da Revista de História da Biblioteca Nacional,

Há algum tempo, o Conselho Editorial da RHBN está em conflito com a presidência da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin). A Revista foi ideada pela Biblioteca, cujo presidente, à época de sua criação, nomeou o Conselho e o editor. À Sabin coube sempre a tarefa de administrar os recursos da Revista e de produzi-la. No entanto, seu presidente arrogou-se o direito de demitir e contratar o editor e de vetar nomes para o Conselho.

De administradora, a Sabin tornou-se a proprietária e controladora da Revista. O Conselho não aceita esta subordinação que lhe tira a autonomia necessária para dirigir uma Revista séria e de qualidade. Os esforços do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Dr. Galeno Amorim, no sentido de encontrar uma solução, resguardando ao mesmo tempo o papel da BN na escolha dos conselheiros e a prerrogativa do Conselho de escolher o editor, chocaram-se sistematicamente com a intransigência do presidente da Sabin.

Diante do impasse, e recusando abrir mão de sua independência, os membros do Conselho, abaixo assinados, decidiram por unanimidade entregar ao Dr. Galeno Amorim seu pedido de demissão.

É com pesar que nos vemos forçados a abandonar um projeto de que muito nos orgulhamos. Por sete anos, sem remuneração, em reuniões mensais com uma redação dedicada, levamos a mais de cem mil leitores a melhor revista de divulgação de História, dirigida por historiadores, jamais feita no Brasil e que nada fica a dever a suas congêneres no exterior.

Agradecemos o apoio recebido da presidência da Biblioteca Nacional, de leitores, amigos e financiadores, sobretudo do MEC, do Minc, da Petrobrás e do BNDES.

Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras


Caio César Boschi, professor titular da PUC-BH


João José Reis, professor titular da UFBA


José Murilo de Carvalho, professor emérito da UFRJ, membro da Academia Brasileira de Letras


Laura de Melo e Souza, professora titular da USP


Lília Moritz Schwarcz, professora titular da USP


Luciano Figueiredo, professor associado da UFF


Marieta de Moraes Ferreira, professora titular da Fundação Getulio Vargas


Ricardo Benzaquen, professor assistente da PUC-RJ


Ronaldo Vainfas, professor titular da UFF”

Cerca de três meses após a demissão de um repórter e um editor supostamente por motivação política, o Conselho Editorial da Revista de História da Biblioteca Nacional anunciou renuncia coletiva nesta segunda-feira 21. O grupo de historiadores, que tem nomes como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Laura de Melo e Souza, professora titular da USP, e Lília Moritz Schwarcz, também professora da USP, alegou interferência na publicação por parte de Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), administradora dos recursos da revista.

Em carta, o grupo diz que a Sabin teria a tarefa de apenas administrar os recursos da revista e produzi-la, mas Soares “arrogou-se o direito de demitir e contratar o editor e de vetar nomes para o Conselho”. Eles já haviam ameaçado tomar essa atitude quando Luciano Figueiredo, ex-editor da revista, foi demitido em março. À época, a revista havia publicado em seu site uma resenha do livro A Privataria Tucana (Leia mais ), na qual o jornalista Celso de Castro Barbosa sugere que o ex-governador José Serra,  atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, esteja “morto” politicamente e que seria a figura com a “imagem mais chamuscada” pelas denúncias do livro. (Leia o texto aqui).

O PSDB protestou contra a revista, Figueiredo e Barbosa foram demitidos e a resenha retirada do ar. A revista nega, porém, interferência nas demissões. À epoca, Jean-Louis Lacerda Soares disse a CartaCapital, em nota, que a Sabin “não interfere no conteúdo editorial da revista” e que as demissões não tiveram relação com as reclamações dos partido.

O integrantes do conselho acusam a Sabin de ter virado “proprietária e controladora” da revista e dizem não aceitar “esta subordinação que lhe tira a autonomia necessária para dirigir uma revista séria e de qualidade.” A carta foi entregue ao presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Dr. Galeno Amorim.

Leia abaixo a íntegra da carta:

“Aos leitores, amigos e financiadores da Revista de História da Biblioteca Nacional,

Há algum tempo, o Conselho Editorial da RHBN está em conflito com a presidência da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin). A Revista foi ideada pela Biblioteca, cujo presidente, à época de sua criação, nomeou o Conselho e o editor. À Sabin coube sempre a tarefa de administrar os recursos da Revista e de produzi-la. No entanto, seu presidente arrogou-se o direito de demitir e contratar o editor e de vetar nomes para o Conselho.

De administradora, a Sabin tornou-se a proprietária e controladora da Revista. O Conselho não aceita esta subordinação que lhe tira a autonomia necessária para dirigir uma Revista séria e de qualidade. Os esforços do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Dr. Galeno Amorim, no sentido de encontrar uma solução, resguardando ao mesmo tempo o papel da BN na escolha dos conselheiros e a prerrogativa do Conselho de escolher o editor, chocaram-se sistematicamente com a intransigência do presidente da Sabin.

Diante do impasse, e recusando abrir mão de sua independência, os membros do Conselho, abaixo assinados, decidiram por unanimidade entregar ao Dr. Galeno Amorim seu pedido de demissão.

É com pesar que nos vemos forçados a abandonar um projeto de que muito nos orgulhamos. Por sete anos, sem remuneração, em reuniões mensais com uma redação dedicada, levamos a mais de cem mil leitores a melhor revista de divulgação de História, dirigida por historiadores, jamais feita no Brasil e que nada fica a dever a suas congêneres no exterior.

Agradecemos o apoio recebido da presidência da Biblioteca Nacional, de leitores, amigos e financiadores, sobretudo do MEC, do Minc, da Petrobrás e do BNDES.

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Ronaldo Vainfas, professor titular da UFF”

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