Sociedade
Cimi critica inverdades sobre índios Guarani-Kaiowá
Para o conselho indigenista, o grupo não pretende realizar um suícidio coletivo, mas lutar por suas terras tradicionais


A situação da tribo Guarani-Kaiwoá, residente na Terra Indígena Pyelito Kue, no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, mobilizou a opinião pública depois que uma carta divulgada no início do mês começou a ser compartilhada nas redes sociais na última semana. Nela, os Kaiwoá afirmam que ficou “evidente que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional” e pedem para “decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos”.
Era uma referência à luta, que já dura oito anos, dos Guarani-Kaiowá contra as investidas de latifundiários do agronegócio, quase sem apoio dos governos federal ou estadual. A carta logo tomou proporção e passou a ser interpretada como um anúncio de “suicídio coletivo” por parte da tribo. Na quinta-feira 23 o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), publicou uma nota em seu site retratando o uso do termo. Para a entidade – uma das principais promotoras dos direitos indígenas no estado – os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva no contexto da luta pela terra. Quer dizer, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirar os índios de suas terras tradicionais, eles estão dispostos a morrer todos nela, sem jamais abandoná-las.
“É preciso desencorajar a reprodução de tais mentiras, como o que já se espalha por aí com fotos de índios enforcados e etc. Não precisamos expor de forma irresponsável um tema que muito impacta a vida dos Guarani Kaiowá”, diz a nota.
Leia mais sobre o conflito:
O Cimi também esclarece que o suicídio entre os Guarani-Kaiowá já ocorre há tempos e é mais comum entre os jovens. De acordo com o órgão, entre 2000 e 2011 foram 555 suicídios motivados principalmente por situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas – nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada.
“O Cimi acredita que tais números é que precisam de tamanha repercussão, não informações inverídicas que nada contribuem com a árdua e dolorosa luta desse povo resistente e abnegado pela Terra Sem Males”, diz a nota.
A situação da tribo Guarani-Kaiwoá, residente na Terra Indígena Pyelito Kue, no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, mobilizou a opinião pública depois que uma carta divulgada no início do mês começou a ser compartilhada nas redes sociais na última semana. Nela, os Kaiwoá afirmam que ficou “evidente que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional” e pedem para “decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos”.
Era uma referência à luta, que já dura oito anos, dos Guarani-Kaiowá contra as investidas de latifundiários do agronegócio, quase sem apoio dos governos federal ou estadual. A carta logo tomou proporção e passou a ser interpretada como um anúncio de “suicídio coletivo” por parte da tribo. Na quinta-feira 23 o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), publicou uma nota em seu site retratando o uso do termo. Para a entidade – uma das principais promotoras dos direitos indígenas no estado – os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva no contexto da luta pela terra. Quer dizer, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirar os índios de suas terras tradicionais, eles estão dispostos a morrer todos nela, sem jamais abandoná-las.
“É preciso desencorajar a reprodução de tais mentiras, como o que já se espalha por aí com fotos de índios enforcados e etc. Não precisamos expor de forma irresponsável um tema que muito impacta a vida dos Guarani Kaiowá”, diz a nota.
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