Saúde

Morremos cedo demais

Por que todos os humanos não conseguem chegar aos 100 anos com saúde? O relatório da OMS explica as principais razões

Custo. Cada centavo gasto em saúde eleva a expectativa de vida. Foto: IstockPhotos
Apoie Siga-nos no

O relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado nesta semana, explica porque não chegamos todos aos 100 anos com saúde. Hoje, 89% da população humana têm acesso à água de qualidade e 60% das casas têm esgoto.

O acesso a medicamentos ainda é um sério problema, apenas 42% do setor de saúde publica e 62% da saúde privada dispõem de genéricos básicos. Apenas 36% da população têm acesso a medicamentos para tratamento de doenças crônicas. A falta de remédios no setor público obriga o cidadão a comprar as drogas na rede privada, sendo que o preço dos genéricos na média mundial custa 610% mais caro na farmácia do que o preço que os governos pagam se comprarem direto da fábrica.

Nos últimos dez anos, a mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu 35%, de 9,6 milhões para 7,6 milhões ao ano. Um dos motivos da dramática redução é a cobertura vacinal. Só com sarampo, por exemplo, a cobertura subiu de 70% para 85% nas crianças com menos de um ano, e isso significou uma redução de 74% na mortalidade pela doen-ça, o que significou 20% de toda a redução na mortalidade infantil.

Metade das mortes em crianças menores de cinco anos ocorre na África. Desnutrição é a causa de 35% das mortes no mundo, enquanto que outros 20% das crianças morrem por pneumonia ou diarreia. Apesar de nos últimos vinte anos termos uma redução de 50% nos casos de malária, ao menos metade da população mundial está em risco de ter a doença, que matou, em 2010, 655 mil dos 216 milhões de pacientes que tinham a doença, sendo que 86% das mortes eram crianças.

Quanto aos adultos os problemas são frequentemente ligados à hipertensão e à obesidade. Pressão alta é causa de 51% das mortes por acidente vascular cerebral e 45% das mortes por infarto. A obesidade mata 2,8 milhões de pessoas ao ano. Além disso, a obesidade e o sobrepeso colaboram com o aparecimento de diabetes, alguns tipos de câncer e também acidente vascular cerebral e doença coronariana.

Nos últimos 30 anos, o número de obesos subiu de 5% para 10% nos homens e de 8% para 14% nas mulheres. O problema de peso é mais localizado nas Américas, onde 62% da população têm sobrepeso e 26% são obesos. No sudeste da Ásia, estão os mais esbeltos, apenas 14% têm sobrepeso e 3% são obesos. O número de obesos quase que triplicou nas Américas e na Europa Ocidental, e em nenhum lugar do mundo houve redução desse índice. Quanto aos hipertensos, houve aumento porcentual nos africanos e no sudeste asiático, nos outros cantos do mundo houve redução da taxa, principalmente na Europa Ocidental e nas Américas.

A mortalidade materna também sofreu uma dramática redução nos últimos 20 anos, as 290 mil mortes anuais representam uma queda de 50%. Mesmo assim isso representa uma morte materna a cada dois minutos. Um terço dessas mortes ocorrem na Índia e na Nigéria.

Os países onde a mortalidade materna é mais alta estão na região ao sul do deserto do Saara, e ocorrem principalmente por complicações da Aids durante a gravidez. O acesso ao pré-natal pode reduzir a mortalidade materna em 30%, mas apenas 55% das grávidas no mundo recebem atenção minimamente adequada no pré-natal.

Cada centavo gasto em saúde melhora a qualidade de vida. A variação do quanto se gasta per capita em cada país varia entre 11 dólares na Eritreia e 8.262 dólares em Luxemburgo. Na média, os países pobres gastam 25 dólares, enquanto que os ricos gastam 200 vezes mais. Se os países pobres gastarem o dobro e focarem no tratamento da Aids, tuberculose, malária e saúde materno-infantil, a expectativa de vida de seus habitantes pode aumentar de 15 a 20%. O Japão ainda é o país com maior expectativa de vida do mundo, 86 anos.

O relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado nesta semana, explica porque não chegamos todos aos 100 anos com saúde. Hoje, 89% da população humana têm acesso à água de qualidade e 60% das casas têm esgoto.

O acesso a medicamentos ainda é um sério problema, apenas 42% do setor de saúde publica e 62% da saúde privada dispõem de genéricos básicos. Apenas 36% da população têm acesso a medicamentos para tratamento de doenças crônicas. A falta de remédios no setor público obriga o cidadão a comprar as drogas na rede privada, sendo que o preço dos genéricos na média mundial custa 610% mais caro na farmácia do que o preço que os governos pagam se comprarem direto da fábrica.

Nos últimos dez anos, a mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu 35%, de 9,6 milhões para 7,6 milhões ao ano. Um dos motivos da dramática redução é a cobertura vacinal. Só com sarampo, por exemplo, a cobertura subiu de 70% para 85% nas crianças com menos de um ano, e isso significou uma redução de 74% na mortalidade pela doen-ça, o que significou 20% de toda a redução na mortalidade infantil.

Metade das mortes em crianças menores de cinco anos ocorre na África. Desnutrição é a causa de 35% das mortes no mundo, enquanto que outros 20% das crianças morrem por pneumonia ou diarreia. Apesar de nos últimos vinte anos termos uma redução de 50% nos casos de malária, ao menos metade da população mundial está em risco de ter a doença, que matou, em 2010, 655 mil dos 216 milhões de pacientes que tinham a doença, sendo que 86% das mortes eram crianças.

Quanto aos adultos os problemas são frequentemente ligados à hipertensão e à obesidade. Pressão alta é causa de 51% das mortes por acidente vascular cerebral e 45% das mortes por infarto. A obesidade mata 2,8 milhões de pessoas ao ano. Além disso, a obesidade e o sobrepeso colaboram com o aparecimento de diabetes, alguns tipos de câncer e também acidente vascular cerebral e doença coronariana.

Nos últimos 30 anos, o número de obesos subiu de 5% para 10% nos homens e de 8% para 14% nas mulheres. O problema de peso é mais localizado nas Américas, onde 62% da população têm sobrepeso e 26% são obesos. No sudeste da Ásia, estão os mais esbeltos, apenas 14% têm sobrepeso e 3% são obesos. O número de obesos quase que triplicou nas Américas e na Europa Ocidental, e em nenhum lugar do mundo houve redução desse índice. Quanto aos hipertensos, houve aumento porcentual nos africanos e no sudeste asiático, nos outros cantos do mundo houve redução da taxa, principalmente na Europa Ocidental e nas Américas.

A mortalidade materna também sofreu uma dramática redução nos últimos 20 anos, as 290 mil mortes anuais representam uma queda de 50%. Mesmo assim isso representa uma morte materna a cada dois minutos. Um terço dessas mortes ocorrem na Índia e na Nigéria.

Os países onde a mortalidade materna é mais alta estão na região ao sul do deserto do Saara, e ocorrem principalmente por complicações da Aids durante a gravidez. O acesso ao pré-natal pode reduzir a mortalidade materna em 30%, mas apenas 55% das grávidas no mundo recebem atenção minimamente adequada no pré-natal.

Cada centavo gasto em saúde melhora a qualidade de vida. A variação do quanto se gasta per capita em cada país varia entre 11 dólares na Eritreia e 8.262 dólares em Luxemburgo. Na média, os países pobres gastam 25 dólares, enquanto que os ricos gastam 200 vezes mais. Se os países pobres gastarem o dobro e focarem no tratamento da Aids, tuberculose, malária e saúde materno-infantil, a expectativa de vida de seus habitantes pode aumentar de 15 a 20%. O Japão ainda é o país com maior expectativa de vida do mundo, 86 anos.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo