Saúde

Exposição a poeira fez os bombeiros do 11 de setembro desenvolverem câncer mais cedo

Trabalho no WTC, local dos atentados, teria aumentado casos de mieloma múltiplo entre jovens, alerta ONG

Foto: U.S. Navy/Jim Watson/Flickr
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Do Rio de Janeiro*

Nos mais de dez anos após os atentados de 11 de setembro em Nova York, nos Estados Unidos, um número expressivo bombeiros que trabalharam nos destroços do World Trade Center desenvolveram mieloma múltiplo, um tipo de câncer sanguíneo. A doença não tem cura e é mais comum em pessoas acima de 60 anos, mas atingiu bombeiros na faixa dos 45 anos, alertou a Fundação Internacional do Mieloma, em um evento no Rio de Janeiro, na última semana.

No Brasil, a enfermidade representa 1% das doenças malignas e 10% das onco-hematológicas, atrás apenas dos casos de linfoma. Apesar disso, o mieloma é subdiagnosticado. Em geral, os casos são identificados em estágios avançados no País, prejudicando o tratamento e a sobrevida do paciente, que varia de três a quatro anos.

Os cientistas agora acreditam que a doença também esteja relacionada a causas externas, como a exposição à poeira tóxica e substâncias químicas. “O aumento da incidência da doença tem vários fatores, mas está bem evidente que exposições ambientais podem contribuir. E elas vão desde pesticidas e herbicidas a coisas como produtos de madeira, substâncias que achamos na produção de móveis e construção”, explica Paul Richardson, professor da conceituada Universidade de Harvard e diretor clínico de um dos centros de referência mundial da doença, a CartaCapital.

      

Segundo ele, essa relação tem ficado mais evidente conforme grupos populacionais antes não afetados pela doença têm registrado aumento de casos. “Isso sugere que o ambiente realmente importa. Por exemplo, em Taiwan, na população chinesa local o mieloma era muito raro. Mas nos últimos 25 anos, os casos tiveram alta elevada entre agricultores (expostos a pesticidas) e profissionais da saúde, sugerindo que há influência de radiação e exposição a infecções.”

Não é a primeira vez que se tenta relacionar casos de câncer aos efeitos da poeira e destroços do WTC. Centenas de bombeiros e outras pessoas que trabalharam no Marco Zero morreram da doença anos após o atentado terrorista. Os médicos são, no entanto, relutantes a estabelecer uma relação direta, pois a maioria dos tipos de câncer leva cerca de uma década para se desenvolver.

Em 2009, um estudo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine sugeriu uma ligação entre o mieloma múltiplo em pessoas mais jovens que as geralmente afetadas pela doença e a exposição ao pó tóxico do WTC. No final de 2011, um estudo publicado pelo jornal britânico The Lancet indicou que os bombeiros expostos ao ambiente do Marco Zero tiveram uma probabilidade 19% maior de desenvolver qualquer tipo da doença que os profissionais não expostos.

*O repórter viajou a convite da Fundação Internacional do Mieloma.

Do Rio de Janeiro*

Nos mais de dez anos após os atentados de 11 de setembro em Nova York, nos Estados Unidos, um número expressivo bombeiros que trabalharam nos destroços do World Trade Center desenvolveram mieloma múltiplo, um tipo de câncer sanguíneo. A doença não tem cura e é mais comum em pessoas acima de 60 anos, mas atingiu bombeiros na faixa dos 45 anos, alertou a Fundação Internacional do Mieloma, em um evento no Rio de Janeiro, na última semana.

No Brasil, a enfermidade representa 1% das doenças malignas e 10% das onco-hematológicas, atrás apenas dos casos de linfoma. Apesar disso, o mieloma é subdiagnosticado. Em geral, os casos são identificados em estágios avançados no País, prejudicando o tratamento e a sobrevida do paciente, que varia de três a quatro anos.

Os cientistas agora acreditam que a doença também esteja relacionada a causas externas, como a exposição à poeira tóxica e substâncias químicas. “O aumento da incidência da doença tem vários fatores, mas está bem evidente que exposições ambientais podem contribuir. E elas vão desde pesticidas e herbicidas a coisas como produtos de madeira, substâncias que achamos na produção de móveis e construção”, explica Paul Richardson, professor da conceituada Universidade de Harvard e diretor clínico de um dos centros de referência mundial da doença, a CartaCapital.

      

Segundo ele, essa relação tem ficado mais evidente conforme grupos populacionais antes não afetados pela doença têm registrado aumento de casos. “Isso sugere que o ambiente realmente importa. Por exemplo, em Taiwan, na população chinesa local o mieloma era muito raro. Mas nos últimos 25 anos, os casos tiveram alta elevada entre agricultores (expostos a pesticidas) e profissionais da saúde, sugerindo que há influência de radiação e exposição a infecções.”

Não é a primeira vez que se tenta relacionar casos de câncer aos efeitos da poeira e destroços do WTC. Centenas de bombeiros e outras pessoas que trabalharam no Marco Zero morreram da doença anos após o atentado terrorista. Os médicos são, no entanto, relutantes a estabelecer uma relação direta, pois a maioria dos tipos de câncer leva cerca de uma década para se desenvolver.

Em 2009, um estudo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine sugeriu uma ligação entre o mieloma múltiplo em pessoas mais jovens que as geralmente afetadas pela doença e a exposição ao pó tóxico do WTC. No final de 2011, um estudo publicado pelo jornal britânico The Lancet indicou que os bombeiros expostos ao ambiente do Marco Zero tiveram uma probabilidade 19% maior de desenvolver qualquer tipo da doença que os profissionais não expostos.

*O repórter viajou a convite da Fundação Internacional do Mieloma.

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