Saúde

A percepção dos médicos

Um estudo mostrou que os médicos tomam decisões erradas por não entenderem o que leem nas pesquisas. Por Riad Younes

Um estudo mostrou que os médicos tomam decisões erradas por não entenderem o que leem nas pesquisas
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Como os médicos tomam suas decisões em cada situação e com cada paciente? Diversas são as variáveis levadas em consideração. Não há dúvida que a experiência prévia do profissional fornece uma bagagem mais ou menos extensa de informações acumuladas ao longo de anos de exercício da profissão. Existe a possibilidade de ter encontrado, tratado e observado casos semelhantes. Para muitos médicos, sua prática rotineira diária tenta se guiar por recomendações de sociedades especializadas. As famosas diretrizes gerais, que abrangem a maioria das situações clínicas. O paciente seria cuidado dentro de uma zona de conforto e de segurança relativamente ampla.

Obviamente, as peculiaridades de cada indivíduo podem não ser sempre determinantes. Outra variável na decisão seria o conhecimento técnico e científico, atualizado, que pode sugerir caminhos mais “adequados” no manejo do doente naquela situação singular. O médico apoia-se, então, em relatos e pesquisas que acumularam informações relevantes, pesquisados e analisados detalhadamente.

Os estudos científicos conseguem fornecer a um médico, independentemente de sua idade ou de anos de formado, a chance de tomar decisões baseadas na extensa experiência de centros, grupos ou hospitais. Isso constitui as decisões baseadas em evidências científicas. Em trabalhos de pesquisa sólidos e informativos. É a conhecida “medicina baseada em evidências”. Esperam-se do médico atualização, leitura e interpretação dos mais importantes estudos publicados em revistas científicas, para depois tomar a decisão quanto à sua aplicabilidade em cada paciente.

Um problema surgiu quando autoridades de saúde e professores observaram uma dificuldade grande de médicos interpretarem de forma correta o que estão lendo. Consequentemente, suas decisões podem ser completamente equivocadas. Parece improvável, mas muitos dos médicos, em seus consultórios ao redor do mundo, não têm formação científica suficiente para tirar conclusões apropriadas a partir da leitura de trabalhos científicos.

Poucos dias atrás, por exemplo, foi publicada uma pesquisa realizada em Berlim, na Alemanha, onde a equipe do dr. O. Wegwarth, todos trabalhando no Instituto Max Planck para o desenvolvimento humano, avaliaram 297 clínicos gerais na sua prática rotineira. Tentaram determinar como esses clínicos interpretariam resultados de uma pesquisa sobre a detecção precoce de câncer. Enviaram um questionário individual para cada médico, com resultados de dois estudos sobre rastreamento e detecção precoce. Apresentaram dois cenários, onde um o teste em questão aumentaria a sobrevida do grupo de voluntários, com maior número de pacientes detectados com doença precoce, e o outro diminuiria a mortalidade por câncer, com aumento na incidência dos tumores.

O que espantou os cientistas foi a percepção geralmente errada dos clínicos, que se entusiasmaram mais em indicar exames de detecção precoce baseados em evidências irrelevantes. Em outras palavras, apesar de olharem as evidências, não enxergaram sua interpretação correta. Em decorrência, solicitaram exames que não têm comprovação nenhuma de eficácia. Pior: mais de 69% dos médicos tomaram decisões inadequadas, fundamentalmente por incapacidade de interpretar o que estão lendo.

Poucos médicos (23%) reconheceram corretamente as evidências disponíveis, e submeteram seus pacientes a exames adequados. Consequências imediatas deste estudo, publicado na revista Annals of Internal Medicine, incluem desconforto com exames desnecessários, e aumento de custo da saúde sem impacto significativo. E estamos falando somente de detecção precoce. Imagine as situações médicas que envolvem tratamentos ou procedimentos agressivos e complexos. Um erro de percepção e de interpretação das evidências científicas pode ser catastrófico.

Como os médicos tomam suas decisões em cada situação e com cada paciente? Diversas são as variáveis levadas em consideração. Não há dúvida que a experiência prévia do profissional fornece uma bagagem mais ou menos extensa de informações acumuladas ao longo de anos de exercício da profissão. Existe a possibilidade de ter encontrado, tratado e observado casos semelhantes. Para muitos médicos, sua prática rotineira diária tenta se guiar por recomendações de sociedades especializadas. As famosas diretrizes gerais, que abrangem a maioria das situações clínicas. O paciente seria cuidado dentro de uma zona de conforto e de segurança relativamente ampla.

Obviamente, as peculiaridades de cada indivíduo podem não ser sempre determinantes. Outra variável na decisão seria o conhecimento técnico e científico, atualizado, que pode sugerir caminhos mais “adequados” no manejo do doente naquela situação singular. O médico apoia-se, então, em relatos e pesquisas que acumularam informações relevantes, pesquisados e analisados detalhadamente.

Os estudos científicos conseguem fornecer a um médico, independentemente de sua idade ou de anos de formado, a chance de tomar decisões baseadas na extensa experiência de centros, grupos ou hospitais. Isso constitui as decisões baseadas em evidências científicas. Em trabalhos de pesquisa sólidos e informativos. É a conhecida “medicina baseada em evidências”. Esperam-se do médico atualização, leitura e interpretação dos mais importantes estudos publicados em revistas científicas, para depois tomar a decisão quanto à sua aplicabilidade em cada paciente.

Um problema surgiu quando autoridades de saúde e professores observaram uma dificuldade grande de médicos interpretarem de forma correta o que estão lendo. Consequentemente, suas decisões podem ser completamente equivocadas. Parece improvável, mas muitos dos médicos, em seus consultórios ao redor do mundo, não têm formação científica suficiente para tirar conclusões apropriadas a partir da leitura de trabalhos científicos.

Poucos dias atrás, por exemplo, foi publicada uma pesquisa realizada em Berlim, na Alemanha, onde a equipe do dr. O. Wegwarth, todos trabalhando no Instituto Max Planck para o desenvolvimento humano, avaliaram 297 clínicos gerais na sua prática rotineira. Tentaram determinar como esses clínicos interpretariam resultados de uma pesquisa sobre a detecção precoce de câncer. Enviaram um questionário individual para cada médico, com resultados de dois estudos sobre rastreamento e detecção precoce. Apresentaram dois cenários, onde um o teste em questão aumentaria a sobrevida do grupo de voluntários, com maior número de pacientes detectados com doença precoce, e o outro diminuiria a mortalidade por câncer, com aumento na incidência dos tumores.

O que espantou os cientistas foi a percepção geralmente errada dos clínicos, que se entusiasmaram mais em indicar exames de detecção precoce baseados em evidências irrelevantes. Em outras palavras, apesar de olharem as evidências, não enxergaram sua interpretação correta. Em decorrência, solicitaram exames que não têm comprovação nenhuma de eficácia. Pior: mais de 69% dos médicos tomaram decisões inadequadas, fundamentalmente por incapacidade de interpretar o que estão lendo.

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