Política

Vai que é sua, Aécio!

Quando anunciar oficialmente que disputará a prefeitura paulistana em 2012, José Serra sinalizará a desistência de voltar à corrida presidencial em 2014

Inevitável. Sobra para ele, caso Serra decida encerrar sua carreira de candidato na disputa municipal de São Paulo. Foto: José Cruz/ABR
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O retorno do ex-governador paulista José Serra à disputa político eleitoral, mais uma vez como candidato a prefeito de São Paulo, se confirmada nos próximos dias, vai apontar o rumo político que tomará.

Serra, político frio, com a temperatura exata de um frade de pedra, criou um falso enigma para angustiar o próprio ninho tucano: seria ou não candidato à prefeitura de São Paulo?

Acuado e sem saída, após ser derrotado pela segunda vez, em 2010, na tentativa de chegar à Presidência da República, não encerraria sem luta uma vida política de mais de 50 anos, iniciada na militância estudantil nos anos 1960.

Ele nunca se renderia à derrota pacificamente. Por isso, será compreensível se voltar à luta. Mas o retorno à cena política terá um preço.

Ao anunciar oficialmente que disputará a prefeitura paulistana em 2012, sinalizará a desistência de voltar à corrida presidencial em 2014. É como se dissesse com um gosto amargo na boca: “Vai que é sua, Aécio!”. Por que terá oferecido o privilégio ao adversário?

Ele não tinha saída senão a de prolongar sua vida política para ver o cenário mais à frente. Abandonou a disputa interna, no PSDB, para se manter no jogo externamente. Ou seja, abriu mão do papel principal para tentar tornar-se um ator coadjuvante, embora importante, na disputa eleitoral de 2014. Isso, no entanto, se vencer a corrida para a prefeitura de São Paulo.

Confirmada a candidatura, é muito provável que Serra consiga ir ao segundo turno para enfrentar Fernando Haddad (PT) ou Gabriel Chalita (PMDB).

A presença dele na disputa vai mexer, no entanto, com as peças já distribuídas no tabuleiro das coligações eleitorais e fortalecerá o prefeito Gilberto Kassab como o eixo importante das alianças partidárias.

Kassab é um afilhado político de Serra. Saiu do ostracismo, como vereador, para compor, como vice-prefeito, a aliança vitoriosa com Serra nas eleições municipais de 2005. Isso indica que não se deve desprezar Kassab como aliado político. Lula percebeu isso e armou uma aliança com ele. O ex-presidente petista conta com Kassab para enfraquecer o PSDB em São Paulo, a grande fortaleza tucana.

Como Kassab se comportará?

Pesquisas qualitativas realizadas pelo Ibope e por outros institutos, em São Paulo, registram uma reação negativa expressiva do eleitorado paulista tanto a Kassab quanto a Serra. Motivo: os dois estariam com a cabeça e o coração mais focados em Brasília do que em São Paulo.

Serra, no entanto, é um dos raros políticos com identidade política reconhecida. Encarna o antipetismo. Tem, por isso, no Brasil e em São Paulo um contingente de votos que garante a ele cerca 30% do total em qualquer eleição. Os resultados das duas disputas presidenciais de que participou deixam isso claro.

Reduzindo a termos, o projeto político de José Serra ficou restrito ao seguinte: se vencer as eleições para a prefeitura paulistana, ganha uma sobrevida. Se perder, ainda vai encerrar sua carreira política, no máximo, como deputado federal.

O retorno do ex-governador paulista José Serra à disputa político eleitoral, mais uma vez como candidato a prefeito de São Paulo, se confirmada nos próximos dias, vai apontar o rumo político que tomará.

Serra, político frio, com a temperatura exata de um frade de pedra, criou um falso enigma para angustiar o próprio ninho tucano: seria ou não candidato à prefeitura de São Paulo?

Acuado e sem saída, após ser derrotado pela segunda vez, em 2010, na tentativa de chegar à Presidência da República, não encerraria sem luta uma vida política de mais de 50 anos, iniciada na militância estudantil nos anos 1960.

Ele nunca se renderia à derrota pacificamente. Por isso, será compreensível se voltar à luta. Mas o retorno à cena política terá um preço.

Ao anunciar oficialmente que disputará a prefeitura paulistana em 2012, sinalizará a desistência de voltar à corrida presidencial em 2014. É como se dissesse com um gosto amargo na boca: “Vai que é sua, Aécio!”. Por que terá oferecido o privilégio ao adversário?

Ele não tinha saída senão a de prolongar sua vida política para ver o cenário mais à frente. Abandonou a disputa interna, no PSDB, para se manter no jogo externamente. Ou seja, abriu mão do papel principal para tentar tornar-se um ator coadjuvante, embora importante, na disputa eleitoral de 2014. Isso, no entanto, se vencer a corrida para a prefeitura de São Paulo.

Confirmada a candidatura, é muito provável que Serra consiga ir ao segundo turno para enfrentar Fernando Haddad (PT) ou Gabriel Chalita (PMDB).

A presença dele na disputa vai mexer, no entanto, com as peças já distribuídas no tabuleiro das coligações eleitorais e fortalecerá o prefeito Gilberto Kassab como o eixo importante das alianças partidárias.

Kassab é um afilhado político de Serra. Saiu do ostracismo, como vereador, para compor, como vice-prefeito, a aliança vitoriosa com Serra nas eleições municipais de 2005. Isso indica que não se deve desprezar Kassab como aliado político. Lula percebeu isso e armou uma aliança com ele. O ex-presidente petista conta com Kassab para enfraquecer o PSDB em São Paulo, a grande fortaleza tucana.

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