Política

Tiririca: pior não ficou

Pelo contrário. O palhaço, que tanto asco produziu na elite esclarecida, acaba de ser indicado um dos melhores deputados do ano

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Durante a campanha de 2010, o candidato Tiririca virou símbolo do que de pior poderia existir na política brasileira. Embora o Brasil esteja acostumado a eleger tipos inacreditáveis e nefastos, o palhaço foi execrado. Havia quem defendesse a proibição de sua candidatura, em um atentado direto à democracia, que pressupõe o direito de votar e ser votado. Por causa dessa comoção (não se vê o mesmo em relação a Paulo Maluf ou José Sarney), Tiririca foi obrigado a fazer testes para aprovar não ser analfabeto.

Eleito, Tiririca não se mostrou um desastre. Ao contrário. O primeiro palhaço a chegar à Câmara pelo voto popular acaba de ser indicado como um dos 25 melhores deputados do ano no Prêmio Congresso em Foco. A indicação é feita por jornalistas que cobrem o Legislativo em Brasília. Outra etapa, o voto de internautas, vai decidir quem é o melhor deputado do País.

“Para mim, só de estar na lista é uma vitória. Não sou político, estou político. É uma diferença grande. Estou bem pra caramba”, disse o deputado ao site Congresso em Foco. “Meus eleitores não deram voto perdido.”

O deputado recebeu 1,3 milhão após uma polêmica campanha em 2010. Na ocasião, ele fazia gracinhas ao eleitor e dizia não saber para que servia um deputado. “Vote em mim que eu conto depois”, dizia. Outro slogan do candidato era: “Vote Tiririca. Pior que tá não fica”.

O “mau gosto” da campanha chegou a provocar irritação até mesmo entre os aliados. Hoje ministro da Educação, Aloizio Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo, chegou a se queixar publicamente do candidato do partido coligado. Proibiu a veiculação de sua imagem com a do palhaço com o argumento de que política era coisa séria.

Dois anos depois, Tiririca é agora um dos nove deputados que registraram presença em todas as 171 sessões destinadas a votação na Câmara, segundo o Congresso em Foco. Também tem sido assíduo nas comissões, onde a presença não é obrigatória. O deputado compareceu a 106 (88%) das 120 reuniões da Comissão de Educação e Cultura, da qual é titular.

Ele garante não estar mais de palhaçada – embora ele ainda seja procurado pelos colegas da Câmara, entre eles o ex-atacante Romário (PSB-RJ), que ao vê-lo sempre pedem para contar uma nova piada. “Estou feliz, fazendo coisas que, como artista, jamais poderia fazer para o povo. De onde ia tirar dinheiro do bolso para saúde, educação e esporte? Não tinha como. Mas, com emenda parlamentar, posso. Tenho verba anual para mandar para essas áreas.”

No começo deste mês, sempre de acordo com o Congresso em Foco, o gabinete do deputado publicou a primeira edição de um boletim de oito páginas que informa o que Tiririca faz na Câmara. O material reúne desde as propostas apresentadas por ele, as audiências de que participou e a destinação de suas emendas parlamentares. O deputado apresentou sete projetos de lei – todos voltados para o circo e a educação. Relatou cinco proposições. Mas não fez nenhum discurso em plenário. Na votação entre os jornalistas para o Prêmio Congresso em Foco, Tiririca recebeu 14 votos. Ficou entre os 15 mais votados na Câmara.

No último dia 22, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou, por unanimidade, um projeto de lei apresentado pelo deputado em 2011. A proposta, encaminhada agora à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevê a criação de um programa de amparo social às pessoas que exercem atividades circenses. O texto garante aos profissionais do circo a inclusão na Lei Orgânica de Assistência Social, permitindo que eles sejam atendidos, por exemplo, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sem ter endereço fixo. Hoje, muitos circenses não têm acesso ao atendimento em posto de saúde nem conseguem matricular suas crianças na rede pública de ensino por não ter como comprovar a residência, justifica o deputado.

“Sou o único com essa bandeira do circo. Sou um cara circense. E estou firme nessa bandeira. Pode não dar em nada, mas estou fazendo muito barulho.”

Na mesma entrevista, Tiririca disse estar “totalmente adaptado” ao trabalho parlamentar e que se sente cada vez mais livre no exercício do mandato e que aos poucos conseguiu minimizar o preconceito. “Cabe a você caminhar pelo caminho certo ou errado. Aqui, tem esses dois caminhos. A responsabilidade é maior, qualquer vacilo que eu der, a imprensa e os colegas vão cair em cima: ‘Oh, o palhaço está fazendo palhaçada’”, diz. “Eu me sinto vigiado aqui 24 horas.”

Durante a campanha de 2010, o candidato Tiririca virou símbolo do que de pior poderia existir na política brasileira. Embora o Brasil esteja acostumado a eleger tipos inacreditáveis e nefastos, o palhaço foi execrado. Havia quem defendesse a proibição de sua candidatura, em um atentado direto à democracia, que pressupõe o direito de votar e ser votado. Por causa dessa comoção (não se vê o mesmo em relação a Paulo Maluf ou José Sarney), Tiririca foi obrigado a fazer testes para aprovar não ser analfabeto.

Eleito, Tiririca não se mostrou um desastre. Ao contrário. O primeiro palhaço a chegar à Câmara pelo voto popular acaba de ser indicado como um dos 25 melhores deputados do ano no Prêmio Congresso em Foco. A indicação é feita por jornalistas que cobrem o Legislativo em Brasília. Outra etapa, o voto de internautas, vai decidir quem é o melhor deputado do País.

“Para mim, só de estar na lista é uma vitória. Não sou político, estou político. É uma diferença grande. Estou bem pra caramba”, disse o deputado ao site Congresso em Foco. “Meus eleitores não deram voto perdido.”

O deputado recebeu 1,3 milhão após uma polêmica campanha em 2010. Na ocasião, ele fazia gracinhas ao eleitor e dizia não saber para que servia um deputado. “Vote em mim que eu conto depois”, dizia. Outro slogan do candidato era: “Vote Tiririca. Pior que tá não fica”.

O “mau gosto” da campanha chegou a provocar irritação até mesmo entre os aliados. Hoje ministro da Educação, Aloizio Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo, chegou a se queixar publicamente do candidato do partido coligado. Proibiu a veiculação de sua imagem com a do palhaço com o argumento de que política era coisa séria.

Dois anos depois, Tiririca é agora um dos nove deputados que registraram presença em todas as 171 sessões destinadas a votação na Câmara, segundo o Congresso em Foco. Também tem sido assíduo nas comissões, onde a presença não é obrigatória. O deputado compareceu a 106 (88%) das 120 reuniões da Comissão de Educação e Cultura, da qual é titular.

Ele garante não estar mais de palhaçada – embora ele ainda seja procurado pelos colegas da Câmara, entre eles o ex-atacante Romário (PSB-RJ), que ao vê-lo sempre pedem para contar uma nova piada. “Estou feliz, fazendo coisas que, como artista, jamais poderia fazer para o povo. De onde ia tirar dinheiro do bolso para saúde, educação e esporte? Não tinha como. Mas, com emenda parlamentar, posso. Tenho verba anual para mandar para essas áreas.”

No começo deste mês, sempre de acordo com o Congresso em Foco, o gabinete do deputado publicou a primeira edição de um boletim de oito páginas que informa o que Tiririca faz na Câmara. O material reúne desde as propostas apresentadas por ele, as audiências de que participou e a destinação de suas emendas parlamentares. O deputado apresentou sete projetos de lei – todos voltados para o circo e a educação. Relatou cinco proposições. Mas não fez nenhum discurso em plenário. Na votação entre os jornalistas para o Prêmio Congresso em Foco, Tiririca recebeu 14 votos. Ficou entre os 15 mais votados na Câmara.

No último dia 22, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou, por unanimidade, um projeto de lei apresentado pelo deputado em 2011. A proposta, encaminhada agora à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevê a criação de um programa de amparo social às pessoas que exercem atividades circenses. O texto garante aos profissionais do circo a inclusão na Lei Orgânica de Assistência Social, permitindo que eles sejam atendidos, por exemplo, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sem ter endereço fixo. Hoje, muitos circenses não têm acesso ao atendimento em posto de saúde nem conseguem matricular suas crianças na rede pública de ensino por não ter como comprovar a residência, justifica o deputado.

“Sou o único com essa bandeira do circo. Sou um cara circense. E estou firme nessa bandeira. Pode não dar em nada, mas estou fazendo muito barulho.”

Na mesma entrevista, Tiririca disse estar “totalmente adaptado” ao trabalho parlamentar e que se sente cada vez mais livre no exercício do mandato e que aos poucos conseguiu minimizar o preconceito. “Cabe a você caminhar pelo caminho certo ou errado. Aqui, tem esses dois caminhos. A responsabilidade é maior, qualquer vacilo que eu der, a imprensa e os colegas vão cair em cima: ‘Oh, o palhaço está fazendo palhaçada’”, diz. “Eu me sinto vigiado aqui 24 horas.”

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