Política

Quem foi, e por quais razões, ao ato contra o impeachment

Participantes do protesto de sexta-feira 18 em São Paulo explicam os motivos de terem ido às ruas

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Na tarde de sexta-feira 18, manifestações em defesa da democracia, do governo Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o impeachment levaram milhares de pessoas às ruas do País.

Em São Paulo, cerca de 380 mil manifestantes caminharam em protesto pela Avenida Paulista, segundo os organizadores, e 95 mil de acordo com o Datafolha. Em todos os estados e no Distrito Federal houve manifestações semelhantes.

CartaCapital esteve na Avenida Paulista e conversou com os manifestantes:

Augusto Vieira da Silva, 18 anos, vive em Osasco (SP) e é estudante de Economia na Faculdade das Américas – “Vim mais pela defesa da democracia, porque atos como esse que ocorreu no domingo, tomados pela extrema-direita, tendem mais para um caráter fascista. Querem tirar Dilma a qualquer custo, não com bases legais, mas sim por uma birra política. Além disso, defendo programas para alunos como o FIES e o ProUni, que a direita quer retirar de nós. Eles estão manifestando ao lado de racistas, homofóbicos e eu não compactuo com esse tipo de coisa”.

Viviane Angélica Silva, estudante de Doutorado em Psicologia na USP – “Estou aqui hoje por uma história de luta nas ruas, nós não descobrimos a rua agora, sabemos do valor dela e, mais do que nunca, precisamos estar aqui hoje pra tentar contrariar o absurdo dos fatos que estão rolando. Temos muita crítica a Dilma, mas o que nos traz aqui, muito mais do que a defesa do governo, é a defesa da democracia.”

Reginaldo dos Santos, 23 anos, de Iporanga e estudante em São Paulo, e Mateus Vitório do Santos, 13 anos, nascido em Registro e também estudante na capital – “Estou aqui porque acho que a Dilma está fazendo um bom trabalho, muitas pessoas culpam ela por algo que nem é provado, por isso apoiamos ela nessa caminhada contra um golpe”, ressalta Mateus. “Viemos em defesa da Dilma aqui pois ela e Lula abriram universidades e oportunidades para nós jovens, por isso defendemos essa causa. Pedir impeachment só muda o foco de outros alvos da Lava Jato que não são investigados”, conclui Reginaldo.

Eunice Campos, professora aposentada – “Vim porque desde 1964 eu sei o que é um golpe. Defendo a diversidade, um país que tenha liberdade para dizer que todos possam manifestar a sua opinião, toda diversidade dos negros, homossexuais, grupo LGBT, todos. E que a direita também possa se manifestar. Nós estamos tentando firmar e confirmar a democracia. Eu pensei que eu já podia descansar, mas não, preciso conscientizar os jovens do que aconteceu.”

Ariel de Castro Alves, advogado e Coordenador Estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos “Vemos hoje uma direita raivosa e fascista, que está se utilizando de setores do judiciário para tentar um golpe de estado. Entendo que a democracia participativa, a sociedade civil, sempre foram mais respeitadas no governo do PT, por isso um golpe de estado será um grande retrocesso. Golpe já em curso e dirigido por setores reacionários do poder judiciário, que ainda contam com o apoio da grande imprensa e de políticos oportunistas. Hoje vemos que não estamos derrotados, que a reação tem voz e nós temos condições de vencer os golpistas.

Roberta Estrela Dalva, 38, atriz e MC – ” Vim porque muita gente morreu para que nós pudessemos usar de nossa liberdade de expressão. Sobretudo, vim por uma questão anti-golpe. Não há como eu, artista, viver em um país sem liberdade de expressão, sendo que o que está em curso não é mais PT e PSDB, é um golpe de uma elite que não quer perder seus privilégios O governo Dilma não é isolado, ele vem dentro de um espectro que trouxe muita melhoria para o povo, para a juventude negra, que hoje estuda, aliás temos 22 universidades feitas pelo governo atual. É injusto você querer colocar em uma figura, seja na Dilma ou no Lula, algo que é histórico, tivemos capitanias hereditarias e essas pessoas que se julgam donas do Brasil querem derrubar o poder. Por isso defendo a liberdade, a democracia e o cumprimento do mandato de quem é eleito.” 

 

 

Luiza Mialich, 23, estudante de obstetrícia na USP – “Estou aqui porque sei o que representa o impeachment, sei o que representa a linha sucessória, o que representa a inconstitucionalidade disso tudo. Nós estudantes somos todos contra isso, vemos que os políticos da suposta linha sucessória representam um retrocesso de direitos, principalmente para nosso curso que reivindica direitos da mulher, como o aborto. Em relação ao governo Dilma, o defendemos porque foi eleito democraticamente.”

O editor Filipe Lindonça, 66, e o advogado Vicente Roig, 65, seguiram a mesma linha de raciocíneo. “Hoje,  defender a constituiçãoo implica em também defender o mandato da presidenta Dilma. O golpe está nas ruas e não podemos aceitar isso. Tenho milhões de criticas ao governo Dilma, ela deu uma guinada inesperada à direita e isso resultou em um enorme desgaste do seu mandato,” explica Lindonça. “Acima de tudo, o estado de direito dos cidadãos deve ser mantido, se o povo quiser eleger um outro tipo de representante nas próximas eleições, que eleja. Agora, o mandato deve ser cumprido,” completou Roig. 

José Aldo de Oliveira, 40, da Paraíba, é especialista em eletrotécnica – “Não podemos perder o direito que, com tanto esforço, conquistamos há anos atrás, e ainda através de um golpe. O governo precisa ser criticado por que erros todos os governos cometem, mas com certeza muito mais acertos que outras gestões passados.”

Carlito Contini, 38, artista visual – “Estou aqui pois o impeachment é insconstitucional, não há justificativa. Se isso ocorrer, abrem-se precedentes para outros presidentes serem derrubados com facilidade. É uma história que se repete. O governo dilma, no seu segundo mandato, foi imobilizado pelo Congresso mais reacionário desde a ditadura e por isso não conseguiu passar novos projetos.”

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