Política

Ministério da Cultura investiga ação de dirigente preso

Indicado por Cristiane Brasil, ‘Canelinha’ foi representante do MinC no Rio e em São Paulo e está preso na Polícia Federal

Ministério da Cultura investiga ação de dirigente preso
Ministério da Cultura investiga ação de dirigente preso
MinC informou que está abrindo procedimento administrativo para investigar ação de Canelinha
Apoie Siga-nos no

Foi preso na terceira fase da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, no último final de semana, o advogado Júlio de Souza Bernardes, conhecido como Canelinha. A prisão foi autorizada pelo STF dentro da operação que investiga um esquema de fraudes e corrupção no Ministério do Trabalho relacionado à concessão de registro sindical. 

Bernardes atuou recentemente como representante regional do Ministério da Cultura (MinC) no Rio e Espírito Santo, nomeado em setembro do ano passado pelo atual ministro, Sérgio Sá Leitão.

Ex-secretário nos municípios de Sapucaia e vereador em Paraíba do Sul, ambos no Rio, Canelinha foi vice-presidente do Instituto de Pesos e Medidas e subsecretário da Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida do Rio de Janeiro.

Atuava como chefe de gabinete da secretaria executiva do ministro do Trabalho, Helton Yomura, afastado do cargo pelo STF. Canelinha foi indicado ao MinC pela deputada Cristiane Brasil (PTB), segundo a parlamentar declarou à Polícia Federal.

Apesar da ação da Polícia Federal, o ministério da Cultura anunciou hoje que ampliará o espaço do sucessor de Canelinha no cargo. Mateus Quintal de Souza Ribeiro foi confirmado no comando, além dos escritórios do Rio e Espírito Santo, de Minas e São Paulo. Ribeiro também foi indicado pela deputada Cristiane Brasil, segundo ela afirmou à polícia.

Leia também:
No MinC de Temer, a cultura do compadrio
Registro Espúrio: Ministro do trabalho é afastado pelo STF

O Ministério da Cultura informou que está abrindo procedimento administrativo para investigar eventual ação de Canelinha no setor e negou que tenha se prestado ao aparelhamento político da pasta.

Hoje, o MinC anunciou a contratação de quatro novos secretários: Marcos Tavolari, que atendia no Rio, comandará a nova Secretaria de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual; Magali Moura chefiará a Secretaria de Diversidade Cultural; o advogado Douglas Capela assume a Secretaria de Economia Criativa e outro advogado, Frederico Maia Mascarenhas, será o novo Secretário do Audiovisual.

CartaCapital inquiriu o MinC sobre a situação:

CC: Qual é a extensão dessas nomeações políticas na estrutura atual do MinC e quantos dirigentes da pasta são apadrinhados de parlamentares da base aliada? Qual é o prejuízo para o republicanismo quando uma instituição pública, mantida pelo erário, é utilizada como moeda de influência política?  

MinC: O Ministério da Cultura manifesta apoio incondicional à operação Registro Espúrio e repudia todo e qualquer ato de corrupção, fraude e mau uso do dinheiro público. Está à disposição das autoridades para contribuir com esta e qualquer outra investigação, caso necessário.

Não há, até o presente momento, indício de irregularidades cometidas por Júlio Bernardes durante o período em que trabalhou no MinC. De qualquer modo, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, determinou a instalação de processo administrativo para que haja uma apuração minuciosa.

Não há “nomeações políticas” nem “dirigentes da pasta apadrinhados de parlamentares da base aliada” no Ministério da Cultura. As expressões acima são de responsabilidade da revista e não se adequam a nenhum dos profissionais que formam a equipe de dirigentes do MinC nesta gestão. Trata-se de uma gestão e de uma equipe com perfil técnico. Para formar a equipe, o ministro pediu sugestões a várias pessoas, incluindo parlamentares. E nomeou os que julgou mais preparados e adequados às funções.  

CC: Recebemos informações de que a mudança recente na Secretaria do Audiovisual e na estrutura do setor se presta ao albergamento político de indicados da base aliada. Isso está correto?

MinC: As “informações” recebidas pela revista são (mais uma vez) falsas. A mudança de titular na Secretaria de Audiovisual se deve à necessidade de buscar mais eficiência e mais eficácia na gestão, tendo em vista o plano de ação estabelecido. É possível fazer muito em seis meses; e há diversas metas a serem atingidas. O novo secretário tem perfil técnico, vasta experiência em direito administrativo público e amplo conhecimento do setor audiovisual, tendo trabalhado na área (gestão pública relacionada ao audiovisual) nos últimos dez anos.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo