Política

Morre o ex-ministro Fernando Lyra

Colunista de CartaCapital sofria com problema grave no coração. Veja a trajetória política de um dos “autênticos do MDB”

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Morreu de falência múltipla de órgãos nesta quinta-feira 14, às 16h50, o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra. O recifense, colunista de CartaCapital, tinha 74 anos e estava internado desde 5 de janeiro no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, em estado crítico.

Ele sofria há 20 anos de uma insuficiência cardíaca congestiva grave.

Nos últimos dias, respirava com ajuda de aparelhos,  apresentava uma infecção sistêmica e insuficiência renal aguda.

Antes de se transferir para a capital paulista, ele foi internado por sete dias em Recife para tratar uma infecção urinária. O quadro se agravou devido ao seu problema no coração.

Mesmo passando por sucessivas internações, o ex-deputado federal por oito mandatos consecutivos (1971-1999) assinava desde a edição 724 de CartaCapital a coluna quinzenal Real Politik.

Voz exponencial contra a ditadura, Lyra pertenceu ao grupo dos “autênticos do MDB”, partido que fazia oposição ao Arena dos militares. “Quando conquistei meu primeiro mandato, havia uma ditadura no País que tinha a ­pretensão de parecer uma democracia e criou um partido de oposição. .

Trajetória


Fernando Soares Lyra nasceu em 1938, em Recife, Pernambuco. Antes de entrar para a vida política formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em Caruaru.

Foi deputado estadual em Pernambuco pelo MDB entre 1967 e 1971, até que chegou à Brasília, onde teve intensa e longa carreira.

Na Câmara dos Deputados, ficou por 28 anos. Foi vice-líder do MDB nos anos 70 e 80, líder do bloco PSB/PMN entre 1995 e 1996 e líder do PSB entre 1995 e 1997. Ocupou ainda os postos de primeiro-secretário (1983-1984) e segundo vice-presidente (1993-1994).

Participou de importantes comissões permanentes, como a de Constituição e Justiça, Direitos Humanos, Finanças e Tributação, Relações Exteriores e de Defesa Nacional e Trabalho, Administração e Serviço Público.

Além disso, entre 1987 e 1991, integrou a Constituinte, participando da Comissão de Sistematização, da Subcomissão do Poder Executivo e da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo. Pela atuação no Congresso, recebeu a medalha de Mérito Legislativo na Câmara dos Deputados em 1985.

Foi deputado pelo MDB (1971-1979), PMDB (1979-1991), PDT (1992-1995) e PSB (1995-1999).

Neste período, tirou três licenças da Câmara para se tratar de problemas de saúde em 1978, 1988 e 1995.

 

Tancredo Neves

Durante sua trajetória política, Lyra se aproximou de Tancredo Neves, de quem foi um dos coordenadores políticos na campanha vitoriosa do ex-governador de Minas Gerais à Presidência da República em 1985. “O maior político que conheci foi sem dúvida Tancredo Neves. Mais do que ninguém, ele soube fazer a hora na história do Brasil. Personificou a transição democrática, mas o destino não quis que fosse o seu executor”, disse a CartaCapital.

Com a morte Tancredo, o vice-presidente José Sarney assumiu o cargo. E nomeou Lyra como seu ministro da Justiça, cargo que ocupou entre março de 1985 e fevereiro de 1986.

Quatro anos depois, em 1989, o recifense tentou alçar voo próprio ao Planalto. Já no PDT, foi candidato à vice-presidente na chapa liderada por Leonel Brizola. Mas não chegou ao segundo turno das eleições, disputado entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva. Voltou, então, à Câmara.

O último cargo público ocupado por ele foi o de presidente da Fundação Joaquim Nabuco, de 2003 a 2011, ligado ao Ministério da Educação.

Neste meio tempo, em 2006, foi um importante articulador na campanha e vitória de Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes para governador de Pernambuco. O seu irmão, João Lyra Neto, foi eleito vice-governador. “No governo Eduardo Campos, Pernambuco mudou, venceu barreiras históricas, descortinou uma nova perspectiva de futuro.”

Leia os textos de Fernando Lyra:


            

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