Política

Lula na Lapa

Ato pela democracia reuniu Lula, artistas e intelectuais no Rio: “Vocês nunca me viram reclamar e dizer que o mandato de alguém é ilegal”

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O ato em defesa da democracia, realizado na noite de segunda-feira 11, reuniu milhares de pessoas ao pé do histórico aqueduto erguido ainda na colônia, chamado “Arcos da Lapa”, no centro do Rio de Janeiro.

Dezenas de milhares de pessoas. Velhos e jovens, homens e mulheres, esperançosos e angustiados.

A busca da quantidade, porém, é um cálculo inútil. Dali partia a força da esperança e ela se multiplicava na palavra de ordem puxada pela multidão com todas as forças permitidas pelo pulmão: “Não vai ter golpe”.

Este grito respondeu, por exemplo, à “oração” do teólogo Leonardo Boff, criada na ocasião. Ele falou e fechou o ato realizado no conhecido Circo Voador e usou a ironia: “É bom que eu fale por último, para sepultar o rito do impeachment”.

A multidão pela democracia se reunia mais uma vez. Talvez a última nesta etapa.

Naquele espaço, chamado também de Fundição Progresso, destinado especialmente à música popular, inteiramente lotado, manifestavam-se no mínimo 5 mil pessoas. Lá fora havia mais. À espera de ouvir o ex-presidente Lula.

Artistas e intelectuais. Misturavam-se todos. Chico Buarque, Beth Carvalho, Letícia Sabatella, Nelson Sargento, Jards Macalé e Luiz Carlos Barreto. Escaldado político, este veterano condutor do cinema brasileiro prenunciava: “Eles não vão desistir. Eles não gostam do Brasil. O golpe não é só agora. É também para 2018”.

Mesmo rouco o ex-presidente Lula teria que falar. E falaria.

Antes dele outros se apresentaram. Foi o caso do músico Tico Santa Cruz. Enfeitou a defesa da democracia com uma denúncia cuja sonoridade é pouco ouvida no meio musical: “É preciso democratizar a mídia no Brasil, hoje dominada por quatro famílias”.

E ainda surgiu um funkeiro, batizado artisticamente de “Renegado”. Surpreendeu com várias observações incômodas para os golpistas. Uma delas fez referência aos incômodos provocados pelos programas sociais de Lula: “Preto na universidade incomoda”. E atacou o ambiente político machista: “Mulher no poder incomoda”.

Mesmo rouco o ex-presidente Lula teria que discursar. A vez dele chegou. Ia falar do palco montado numa das ruas da Lapa boêmia. Lula só tomou água para tentar sustentar a voz ao longo dos 35 minutos de conversa.

Lula repetiu a história de suas muitas derrotas em eleições e “nunca reclamou”.

E lembrou: “Vocês nunca me viram reclamar e dizer que o mandato de alguém é ilegal. Os adversários do governo só se interessam em democracia quando estão governando”.

Antes de encerrar o discurso, Lula transmitiu uma má notícia. Ruim, mas nem tanto.

 “A comissão acabou de derrotar a gente. Mas isso não quer dizer nada. A comissão foi montada por Eduardo Cunha. É o time dele, então. Temos que ver com clareza domingo, no plenário”.

Na Câmara dos Deputados, em Brasília, mais ou menos à mesma hora, na sala de reunião da comissão do impeachment, 65 parlamentares decidiriam se tudo seria o fim do “golpe” ou se o ritmo do “golpe” seria acelerado.

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