Política

Doria recebe minguadas doações de empresários

Tucano se apresenta como especialista em relacionamento empresarial, mas Marta e Haddad arrecadam bem mais com donos de empresas

Apoie Siga-nos no

Candidato à prefeitura de São Paulo e um dos principais organizadores do high society brasileiro, o que lhe rendeu uma fortuna declarada em 180 milhões reais, João Dória (PSDB) é o único entre os cinco principais postulantes ao comando da principal cidade do País a se apresentar como empresário. O histórico de cicerone da elite em eventos como o Fórum de Comandatuba – convescote organizado no litoral baiano pela sua empresa, a Lide -, até agora não se converteu, porém, em doações de campanha.

A proibição de doações por empresas está levando seus proprietários a optar por colaborar com as campanhas como pessoas físicas. A possibilidade, contudo, não tem favorecido o candidato do PSDB. O tucano recebeu menos doações de empresários que Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT), que juntos somam 1,375 milhão de reais em repasses do empresariado, conforme a última atualização do sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Doria recebeu apenas 50 mil reais do empresário Hélio Seibel, sócio da Companhia Ligna de Investimentos – gigante com participação, em 2015, de cerca de 1,3 bilhão de reais em empresas dos setores do varejo, indústria, geração de energia, imobiliário, agrícola e financeiro.

O candidato do PSDB é até o momento seu maior doador. Doria repassou para sua própria campanha 834 mil reais. O partido doou mais 1,5 milhão para a candidatura, que até agora soma 2,4 milhões em receita.

Marta Suplicy desponta na preferência do empresariado, após costura feita pelo marido da candidata, Márcio Toledo, ex-presidente do Jockey Club – outro ponto de encontro da elite paulistana. Entre empresários de grande porte, com doações acima de 100 mil reais, Marta amealhou 875 mil reais. O dono do Sem Parar, Ivan Corrêa de Toledo Filho, doou 500 mil.

O proprietário do grupo imobiliário Multiplan, José Isaac Peres, repassou mais 200 mil reais. Outros 75 mil foram repassados por Uburatan Helou, fundador da transportadora Braspress. Mais 100 mil foram doados por Alexandre Grendene, da indústria de calçados que carrega seu sobrenome.

Empresas educacionais preferem Haddad
O candidato à reeleição Fernando Haddad aparece em segundo lugar no ranking de doações empresariais, com um total de 500 mil reais. Os donos de empresas de educação foram os que mais colaboraram com o petista.

O acionista da Kroton Educacional, Walfrido dos Mares Guia, repassou 300 mil à campanha de Haddad. Ex-ministro do Turismo de Lula, Mares Guia foi acusado de participar do Mensalão Tucano, mas teve processo arquivado.

Sócia da Anhanguera Educacional, Ângela Regina de Paula Freitas doou 100 mil reais à candidatura petista. Já Fábio Elias Cury, dono da Cury Construtora e Incorporadora, repassou outros 100 mil.

Ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma Rousseff, Haddad criou programas como o Prouni, que subsidia bolsas a estudantes de baixa renda em instituições privadas de ensino superior.

O prefeito afirma não haver conflito de interesses. “Durante sete anos (como ministro), sua atuação foi marcada, sobretudo, pelo rigor na regulação das escolas universitárias privadas, com a criação de indicadores de qualidade e descredenciamento de vários cursos e universidades. Neste sentido, não há nenhum conflito”, afirma a sua assessoria, por meio de nota.

Esquecidos pelo empresariado
Celso Russomanno (PRB), o líder nas pesquisas, e a candidata Luiza Erundina (PSOL) não receberam doações de empresários até o momento.

O PRB é o principal doador de Russomanno, repassou 2,4 milhões de reais. O único doador pessoa física do candidato é o presidente municipal do PRB, Aildo Rodrigues Ferreira. Ele doou 4 mil reais.

Ex-chefe de gabinete da Secretaria de Esportes do estado de São Paulo, Ferreira foi demitido do cargo em fevereiro deste ano pelo governador Geraldo Alckmin, após ser acusado de pedir doações partidárias a correligionários ocupantes de cargos comissionados no governo tucano.

Em nota, Russomanno afirma que o valor doado por Ferreira é para cobrir despesas com automóvel. “A doação é legal porque está dentro do limite de 10% do rendimento bruto do doador em 2015. O valor é doado é inexpressivo dentro do que já foi arrecadado pela campanha. A doação provém de pessoa física conforme a lei determina”, afirma.

Sobre a saída de Ferreira da Secretaria de Esporte, Russomano diz que o correligionário pediu exoneração. A nota afirma não haver problemas em pedir doações para servidores em cargos comissionados. “Conforme estatuto do partido, os servidores públicos que ocupam cargos indicados pelo PRB contribuem para as causas do partido”.

CartaCapital procurou Marta Suplicy e João Dória para comentar, mas não recebeu manifestação até o fechamento desta reportagem.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar