Política

Depoimento de Valério provoca “fé cega” e “pé atrás”

Enquanto a oposição tenta atingir o ex-presidente, procuradores manifestam cautela e encontram incongruências na versão

O operador Marcos Valério resolve falar. Foto: Agência Brasil
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Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 40 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisa no julgamento do “mensalão”, o publicitário mineiro Marcos Valério prestou, em setembro, um depoimento à Procuradoria Geral da República no qual tentou envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema. O teor só veio à tona na terça-feira 11. Segundo o Estado de S.Paulo, em três horas e meia, ele apontou o ex-presidente como beneficiário de recursos desviados para o pagamento de contas pessoais e disse ter sido o próprio Lula quem deu o “ok” para os que os empréstimos, julgados como fraudulentos, irrigassem o esquema.

Valério acusou o ex-presidente de articular, junto com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, um empréstimo da Portugal Telecom ao PTB. Disse também que, sob o governo Lula, as agências de publicidade contratadas pelo Banco do Brasil eram obrigadas a pagar “pedágio” de 2% para irrigar o caixa do PT. Por fim, relatou ameaças contra ele feitas em 2005 por Paulo Okamotto, hoje diretor do Instituto Lula: “Ou você se comporta ou morre”.

As declarações provocaram dois tipos de reações. De um lado, foram a deixa para manter o ex-presidente, já supracitado por causa da suspeitas sobre a ex-assessora Rosemary Noronha – presa e investigada pela Polícia Federal – ao centro no noticiário. Atiçada, a oposição se mobilizou para pedir investigações e tentar, dois anos após o fim do mandato, arrastá-lo ao epicentro do escândalo que se imaginava julgado e encerrado.

De outro lado, as “revelações”, feitas sete anos após as primeiras notícias sobre o “mensalão”, provocaram desconfiança. As próprias procuradoras que tomaram o depoimento, Claudia Sampaio e Raquel Branquinho, ficaram ressabiadas. Isso porque, em outras ocasiões, Valério já havia tentado promover uma possível delação premiada sem apresentar provas do que dizia.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, demonstrou cautela diante das afirmações do empresário. Até mesmo o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do “mensalão”, ironizou Valério. Disse que “a credibilidade do carequinha já transitou em julgado, é zero”.

Lula classificou as declarações como “mentirosas”. A presidenta Dilma Rousseff as classificou como “lamentáveis”. Ministros e parlamentares petistas saíram em defesa do ex-presidente, apontando atos falhos na versão do publicitário, entre eles o de ter deixado o gabinete da Casa Civil ao lado de José Dirceu para “subir” à sala de Lula, no Palácio do Planalto, para receber o “ok” para as fraudes. A sala citada fica no andar de baixo.

Em 2005, durante a CPI dos Correios, Valério chegou a dizer que jamais havia se encontrado com o então presidente. Em qual ocasião, portanto, resolveu mentir?

À Folha de S.Paulo Valério afirmou que, desta vez, apresentou documentos para provar o que diz. Entre eles o registro do pagamento de 98 mil reais, feito pela SMPB, a uma empresa de Freud Godoy, ex-auxiliar de Lula. Foi esse o dinheiro, segundo Valério, usado para pagar contas pessoais do ex-presidente. Que tipo de contas pessoais? Não se sabe.

A história sobre o depósito não é nova. Havia sido levantada ainda em 2005. Godoy disse ter recebido o dinheiro como pagamento para serviço de segurança para a campanha de Lula. Faltou explicar por que recebeu o dinheiro via Marcos Valério, e não diretamente do contratante.

De toda forma, o ex-segurança de Lula, assim como a ex-secretária da Presidência em São Paulo, se transformaram no suposto “elo” para a oposição tentar, finalmente, envolver o ex-presidente no que insistem em classificar como “o maior escândalo de corrupção da história do País”. Parece ter saído cara a declaração de João Santana, marqueteiro das duas últimas campanhas do PT à Presidência, de que Lula seria o nome certo para disputar o governo de São Paulo em 2014.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 40 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisa no julgamento do “mensalão”, o publicitário mineiro Marcos Valério prestou, em setembro, um depoimento à Procuradoria Geral da República no qual tentou envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema. O teor só veio à tona na terça-feira 11. Segundo o Estado de S.Paulo, em três horas e meia, ele apontou o ex-presidente como beneficiário de recursos desviados para o pagamento de contas pessoais e disse ter sido o próprio Lula quem deu o “ok” para os que os empréstimos, julgados como fraudulentos, irrigassem o esquema.

Valério acusou o ex-presidente de articular, junto com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, um empréstimo da Portugal Telecom ao PTB. Disse também que, sob o governo Lula, as agências de publicidade contratadas pelo Banco do Brasil eram obrigadas a pagar “pedágio” de 2% para irrigar o caixa do PT. Por fim, relatou ameaças contra ele feitas em 2005 por Paulo Okamotto, hoje diretor do Instituto Lula: “Ou você se comporta ou morre”.

As declarações provocaram dois tipos de reações. De um lado, foram a deixa para manter o ex-presidente, já supracitado por causa da suspeitas sobre a ex-assessora Rosemary Noronha – presa e investigada pela Polícia Federal – ao centro no noticiário. Atiçada, a oposição se mobilizou para pedir investigações e tentar, dois anos após o fim do mandato, arrastá-lo ao epicentro do escândalo que se imaginava julgado e encerrado.

De outro lado, as “revelações”, feitas sete anos após as primeiras notícias sobre o “mensalão”, provocaram desconfiança. As próprias procuradoras que tomaram o depoimento, Claudia Sampaio e Raquel Branquinho, ficaram ressabiadas. Isso porque, em outras ocasiões, Valério já havia tentado promover uma possível delação premiada sem apresentar provas do que dizia.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, demonstrou cautela diante das afirmações do empresário. Até mesmo o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do “mensalão”, ironizou Valério. Disse que “a credibilidade do carequinha já transitou em julgado, é zero”.

Lula classificou as declarações como “mentirosas”. A presidenta Dilma Rousseff as classificou como “lamentáveis”. Ministros e parlamentares petistas saíram em defesa do ex-presidente, apontando atos falhos na versão do publicitário, entre eles o de ter deixado o gabinete da Casa Civil ao lado de José Dirceu para “subir” à sala de Lula, no Palácio do Planalto, para receber o “ok” para as fraudes. A sala citada fica no andar de baixo.

Em 2005, durante a CPI dos Correios, Valério chegou a dizer que jamais havia se encontrado com o então presidente. Em qual ocasião, portanto, resolveu mentir?

À Folha de S.Paulo Valério afirmou que, desta vez, apresentou documentos para provar o que diz. Entre eles o registro do pagamento de 98 mil reais, feito pela SMPB, a uma empresa de Freud Godoy, ex-auxiliar de Lula. Foi esse o dinheiro, segundo Valério, usado para pagar contas pessoais do ex-presidente. Que tipo de contas pessoais? Não se sabe.

A história sobre o depósito não é nova. Havia sido levantada ainda em 2005. Godoy disse ter recebido o dinheiro como pagamento para serviço de segurança para a campanha de Lula. Faltou explicar por que recebeu o dinheiro via Marcos Valério, e não diretamente do contratante.

De toda forma, o ex-segurança de Lula, assim como a ex-secretária da Presidência em São Paulo, se transformaram no suposto “elo” para a oposição tentar, finalmente, envolver o ex-presidente no que insistem em classificar como “o maior escândalo de corrupção da história do País”. Parece ter saído cara a declaração de João Santana, marqueteiro das duas últimas campanhas do PT à Presidência, de que Lula seria o nome certo para disputar o governo de São Paulo em 2014.

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