Política

A estranha história da casa vendida por Marconi Perillo

Empresário contradiz governador de Goiás e afirma que comprou a casa onde Cachoeira foi preso com dinheiro. Perillo disse que recebeu o pagamento com cheques

Walter Santiago diz que comprou a casa de Perillo com dinheiro vivo. O governador disse que recebeu pagamentos em cheque. Foto: Antonio Cruz / ABr
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O depoimento do empresário goiano Walter Paulo de Oliveira Santiago à CPI do Cachoeira nesta terça-feira 5 deixou ainda mais delicada a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Santiago complicou Perillo ao afirmar que pagou 1,4 milhão de reais em dinheiro ao comprar um imóvel do governador em Goiânia, enquanto Perillo diz ter recebido o pagamento em três cheques. O imóvel é importante pois foi nele que o bicheiro Carlinhos Cachoeira, alvo primordial da CPI, foi preso pela Polícia Federal.

Em seu depoimento, Santiago admitiu ter um relacionamento pessoal com Perillo, que é padrinho de casamento de dois de seus 11 filhos. O empresário, entretanto, disse não ter negociado diretamente com o governador a compra da casa. Segundo Santiago, duas pessoas intermediaram a negociação: o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) e Lucio Fiuza, um auxiliar próximo de Perillo. Inicialmente, Santiago disse não se lembrar de onde veio o dinheiro para o pagamento da casa. Depois, afirmou que era oriundo de “sobras” do faturamento da Faculdade Padrão, da qual é dono. O dinheiro teria sido emprestado, em diversas parcelas, à Mestra, empresa na qual Santiago não tem participação societária, mas que administra. De acordo com Santiago, o 1,4 milhão de reais, “uma coisica de nada” segundo suas palavras, foi entregue pessoalmente a Garcez e Fiuza, em “pacotinhos” com notas de 50 e 100 reais.

Santiago não conseguiu explicar uma série de inconsistências na transação. Em primeiro lugar, ele não explicou por qual razão a Padrão emprestou o dinheiro para a Mestra. Em segundo lugar, não explicou por que a casa, localizada em Goiânia, foi registrada em Trindade, na região metropolitana da capital de Goiás. Em terceiro lugar, Santiago também não explicou por que comprou o imóvel em julho de 2011 e deixou a casa sob os cuidados de Wladimir Garcez durante sete meses, até fevereiro deste ano, quando Cachoeira foi preso no local pela Polícia Federal. Segundo Santiago, após comprar a casa, Garcez pediu um prazo de 45 dias para desocupar o imóvel, alegando que “uma amiga” precisava de um lugar para ficar. Santiago disse desconhecer a “amiga” de Garcez, mas ao que tudo indica era Andressa Mendonça, a mulher de Cachoeira. Em quarto lugar, Santiago não conseguiu explicar quem pagou as despesas do imóvel neste período, como o IPTU e o condomínio.

A versão de Santiago é conflitante com a do governador Marconi Perillo pois este sustenta que recebeu o pagamento em cheques. Na versão de Perillo, ele recebeu três cheques, um de R$ 400 mil e dois de R$ 500 mil. Os cheques, cujas cópias foram entregues por Perillo à Justiça no fim de maio, foram emitidos pela Excitant Confecções, cuja dona é uma cunhada de Cachoeira. Ao ser pago, Perillo diz não ter atentado para o fato de a origem do pagamento ser uma empresa ligada a Cachoeira.

De acordo com a Polícia Federal, Perillo foi pago com cheques emitidos por Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira. Nesta terça, Santiago negou conhecer Leonardo. “Não conheço, nunca ouvi o nome, não paguei com cheque”, disse.

PT insinua que Perillo recebeu pagamento por fora

Como vem ocorrendo desde o início, a CPI foi marcada pelo embate político entre PT e PSDB. Os deputados Carlos Sampaio e Wanderlei Macris, ambos do PSDB-SP, lideraram a defesa de Perillo. Quando Santiago estava sendo pressionado pelos parlamentares com perguntas, algumas delas repetidas diante das respostas contraditórias, eles tomaram a palavra para elogiar a postura e a disposição do empresário na CPI. Sampaio, inclusive, congratulou Santiago com um “parabéns” ao fim de seu depoimento de mais de três horas.

Enquanto isso, o PT voltava sua mira em direção a Perillo. O deputado Cândido Vaccarezza (SP) insinuou que Perillo teria recebido R$ 2,8 milhões pela casa, metade “por dentro” (em cheque) e outra metade em “por fora” (o valor em dinheiro). Durante seu depoimento, Santiago negou esta versão e afirmou que pagou R$ 1,4 milhão pelo imóvel, valor combinado com Garcez.

O depoimento do empresário goiano Walter Paulo de Oliveira Santiago à CPI do Cachoeira nesta terça-feira 5 deixou ainda mais delicada a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Santiago complicou Perillo ao afirmar que pagou 1,4 milhão de reais em dinheiro ao comprar um imóvel do governador em Goiânia, enquanto Perillo diz ter recebido o pagamento em três cheques. O imóvel é importante pois foi nele que o bicheiro Carlinhos Cachoeira, alvo primordial da CPI, foi preso pela Polícia Federal.

Em seu depoimento, Santiago admitiu ter um relacionamento pessoal com Perillo, que é padrinho de casamento de dois de seus 11 filhos. O empresário, entretanto, disse não ter negociado diretamente com o governador a compra da casa. Segundo Santiago, duas pessoas intermediaram a negociação: o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) e Lucio Fiuza, um auxiliar próximo de Perillo. Inicialmente, Santiago disse não se lembrar de onde veio o dinheiro para o pagamento da casa. Depois, afirmou que era oriundo de “sobras” do faturamento da Faculdade Padrão, da qual é dono. O dinheiro teria sido emprestado, em diversas parcelas, à Mestra, empresa na qual Santiago não tem participação societária, mas que administra. De acordo com Santiago, o 1,4 milhão de reais, “uma coisica de nada” segundo suas palavras, foi entregue pessoalmente a Garcez e Fiuza, em “pacotinhos” com notas de 50 e 100 reais.

Santiago não conseguiu explicar uma série de inconsistências na transação. Em primeiro lugar, ele não explicou por qual razão a Padrão emprestou o dinheiro para a Mestra. Em segundo lugar, não explicou por que a casa, localizada em Goiânia, foi registrada em Trindade, na região metropolitana da capital de Goiás. Em terceiro lugar, Santiago também não explicou por que comprou o imóvel em julho de 2011 e deixou a casa sob os cuidados de Wladimir Garcez durante sete meses, até fevereiro deste ano, quando Cachoeira foi preso no local pela Polícia Federal. Segundo Santiago, após comprar a casa, Garcez pediu um prazo de 45 dias para desocupar o imóvel, alegando que “uma amiga” precisava de um lugar para ficar. Santiago disse desconhecer a “amiga” de Garcez, mas ao que tudo indica era Andressa Mendonça, a mulher de Cachoeira. Em quarto lugar, Santiago não conseguiu explicar quem pagou as despesas do imóvel neste período, como o IPTU e o condomínio.

A versão de Santiago é conflitante com a do governador Marconi Perillo pois este sustenta que recebeu o pagamento em cheques. Na versão de Perillo, ele recebeu três cheques, um de R$ 400 mil e dois de R$ 500 mil. Os cheques, cujas cópias foram entregues por Perillo à Justiça no fim de maio, foram emitidos pela Excitant Confecções, cuja dona é uma cunhada de Cachoeira. Ao ser pago, Perillo diz não ter atentado para o fato de a origem do pagamento ser uma empresa ligada a Cachoeira.

De acordo com a Polícia Federal, Perillo foi pago com cheques emitidos por Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira. Nesta terça, Santiago negou conhecer Leonardo. “Não conheço, nunca ouvi o nome, não paguei com cheque”, disse.

PT insinua que Perillo recebeu pagamento por fora

Como vem ocorrendo desde o início, a CPI foi marcada pelo embate político entre PT e PSDB. Os deputados Carlos Sampaio e Wanderlei Macris, ambos do PSDB-SP, lideraram a defesa de Perillo. Quando Santiago estava sendo pressionado pelos parlamentares com perguntas, algumas delas repetidas diante das respostas contraditórias, eles tomaram a palavra para elogiar a postura e a disposição do empresário na CPI. Sampaio, inclusive, congratulou Santiago com um “parabéns” ao fim de seu depoimento de mais de três horas.

Enquanto isso, o PT voltava sua mira em direção a Perillo. O deputado Cândido Vaccarezza (SP) insinuou que Perillo teria recebido R$ 2,8 milhões pela casa, metade “por dentro” (em cheque) e outra metade em “por fora” (o valor em dinheiro). Durante seu depoimento, Santiago negou esta versão e afirmou que pagou R$ 1,4 milhão pelo imóvel, valor combinado com Garcez.

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