Mundo

Viva Hollande, adeus Sarko

O voto no socialista revela a esperança de que a austeridade não é a única solução para tirar a UE da crise

O voto em François Hollande revela a esperança de que a austeridade não é a única solução para tirar a UE da crise. Foto: Patrick Kovarik/AFP
Apoie Siga-nos no

O voto em François Hollande revela a esperança de que a austeridade não é a única solução para tirar a União Europeia (UE) da crise. Disciplina financeira, como diz o presidente eleito, é necessária, mas é preciso também fomentar o crescimento. Com Hollande venceu a justiça, a igualdade, o humanismo – o individualismo perdeu. Hollande, de 57 anos, é o primeiro socialista a vencer um pleito presidencial desde François Mitterrand, em 1981.

O mundo está de olho na França porque aquele país é o berço da integração europeia. Ao vencer com quase 52% dos votos, ante os 48% para o incumbente Nicolas Sarkozy, os franceses deixaram claro que não querem outros países a ditar seu futuro. No caso, o país a impor regras rigorosas é a Alemanha. Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, firmaram um pacto fiscal a pregar somente o rigor fiscal para tirar a UE da crise.

Hollande quer inovar, achar uma saída para as medidas draconianas impostas pela Alemanha. O caminho pela frente, é óbvio, está repleto de obstáculos. No quinquênio de Sarko a dívida pública subiu para 600 bilhões de euros, a França teve a nota de credito rebaixada em 1 grau, o déficit público atingiu 70 bilhões de euros e o nível de desemprego chegou a 10,1%.

O presidente eleito, da ala moderada do Partido Socialista Francês (PSF), fez promessas em sintonia com a ideologia de sua legenda: cortes de 30% nos salários do presidente e ministros; aumento de 25% nos benefícios para crianças nas escolas; congelamento de preços de gasolina durante três meses; redução da idade de aposentadoria para funcionários de certos setores; aumento do salário mínimo a partir de 1 de julho; aqueles a amealhar salário anual acima de 1 milhão de euros pagarão impostos na faixa dos 75%.

Em termos de política exterior, Hollande anunciará ao presidente norte-americano Barack Obama na reunião de vértice da Otan, em maio, que as tropas francesas serão retiradas do Afeganistão no final de 2012, um ano antes do previsto.

Antes disso, contudo, Hollande fará uma visita a Merkel, em Berlim. No primeiro encontro que terá com a chanceler alemã tentará renegociar o pacto fiscal da Zona do Euro com o objetivo de “privilegiar crescimento e empregos”. O mais provável é que Hollande terá de fazer concessões, e o pacto fiscal continuará em vigor, mesmo porque os mercados financeiros não estão nada calmos com a vitória de Hollande e as legislativas na Grécia, onde legendas pró-austeridade fracassaram no domingo 6 (mesmo dia do segundo turno na França), e um governo ainda não foi formado.

De qualquer modo, o confronto entre Hollande e Merkel é aplaudido por uma série de cidadãos e líderes políticos europeus, inclusive por Mario Draghi, presidente do Banco  Central Europeu – e este, não há dúvida, foi um dos motivos de sua vitória.

Também será importante a escolha de seu premier em 15 de maio, e, ao que tudo indica a nomeada será Martine Aubry, primeira-secretária do PSF e prefeita de Lille, o que deixará satisfeita a ala mais à esquerda da legenda.

Quanto às legislativas, em junho, os socialistas estão na dianteira. Em grande parte isso se deve à direita dividida entre a legenda conservadora União por um Movimento Popular (UMP), de Sarko, e a Frente Nacional de Marine Le Pen, que obteve 18% dos votos no primeiro turno, um recorde para a agremiação de extrema-direita. Dividir as direitas foi uma estratégia que Mitterrand sempre usou.

O voto em François Hollande revela a esperança de que a austeridade não é a única solução para tirar a União Europeia (UE) da crise. Disciplina financeira, como diz o presidente eleito, é necessária, mas é preciso também fomentar o crescimento. Com Hollande venceu a justiça, a igualdade, o humanismo – o individualismo perdeu. Hollande, de 57 anos, é o primeiro socialista a vencer um pleito presidencial desde François Mitterrand, em 1981.

O mundo está de olho na França porque aquele país é o berço da integração europeia. Ao vencer com quase 52% dos votos, ante os 48% para o incumbente Nicolas Sarkozy, os franceses deixaram claro que não querem outros países a ditar seu futuro. No caso, o país a impor regras rigorosas é a Alemanha. Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, firmaram um pacto fiscal a pregar somente o rigor fiscal para tirar a UE da crise.

Hollande quer inovar, achar uma saída para as medidas draconianas impostas pela Alemanha. O caminho pela frente, é óbvio, está repleto de obstáculos. No quinquênio de Sarko a dívida pública subiu para 600 bilhões de euros, a França teve a nota de credito rebaixada em 1 grau, o déficit público atingiu 70 bilhões de euros e o nível de desemprego chegou a 10,1%.

O presidente eleito, da ala moderada do Partido Socialista Francês (PSF), fez promessas em sintonia com a ideologia de sua legenda: cortes de 30% nos salários do presidente e ministros; aumento de 25% nos benefícios para crianças nas escolas; congelamento de preços de gasolina durante três meses; redução da idade de aposentadoria para funcionários de certos setores; aumento do salário mínimo a partir de 1 de julho; aqueles a amealhar salário anual acima de 1 milhão de euros pagarão impostos na faixa dos 75%.

Em termos de política exterior, Hollande anunciará ao presidente norte-americano Barack Obama na reunião de vértice da Otan, em maio, que as tropas francesas serão retiradas do Afeganistão no final de 2012, um ano antes do previsto.

Antes disso, contudo, Hollande fará uma visita a Merkel, em Berlim. No primeiro encontro que terá com a chanceler alemã tentará renegociar o pacto fiscal da Zona do Euro com o objetivo de “privilegiar crescimento e empregos”. O mais provável é que Hollande terá de fazer concessões, e o pacto fiscal continuará em vigor, mesmo porque os mercados financeiros não estão nada calmos com a vitória de Hollande e as legislativas na Grécia, onde legendas pró-austeridade fracassaram no domingo 6 (mesmo dia do segundo turno na França), e um governo ainda não foi formado.

De qualquer modo, o confronto entre Hollande e Merkel é aplaudido por uma série de cidadãos e líderes políticos europeus, inclusive por Mario Draghi, presidente do Banco  Central Europeu – e este, não há dúvida, foi um dos motivos de sua vitória.

Também será importante a escolha de seu premier em 15 de maio, e, ao que tudo indica a nomeada será Martine Aubry, primeira-secretária do PSF e prefeita de Lille, o que deixará satisfeita a ala mais à esquerda da legenda.

Quanto às legislativas, em junho, os socialistas estão na dianteira. Em grande parte isso se deve à direita dividida entre a legenda conservadora União por um Movimento Popular (UMP), de Sarko, e a Frente Nacional de Marine Le Pen, que obteve 18% dos votos no primeiro turno, um recorde para a agremiação de extrema-direita. Dividir as direitas foi uma estratégia que Mitterrand sempre usou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo