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Uma oportunidade para Morsi se livrar da crise no Egito

Órgão máximo do Judiciário anuncia apoio ao referendo constitucional do dia 15, contrariando entidade de juízes que aderiram aos protestos contra Morsi

No Cairo, capital do Egito, uma mulher lê cópia do jornal Al-Tahrir, com a manchete "Não à ditadura". Outros três jornais privados publicaram a mesma chamada nesta segunda-feira em protesto contra o projeto de Constituição. Foto: Gianluigi Guercia / AFP
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O presidente do Egito, Mohamed Morsi, recebeu nesta segunda-feira 3 uma notícia que, se confirmada, pode ajudá-lo a se livrar da crise política provocada pelo decreto de 22 de novembro, pelo qual Morsi se concedeu superpoderes. O Conselho Judiciário Supremo (CJS) anunciou que vai supervisionar o referendo constitucional convocado para 15 de dezembro e considerado fundamental para Morsi conseguir estabilizar o país sob seu comando.

O apoio da CJS pode ser fundamental para Morsi, pois ele vinha encontrando dificuldades para tirar o referendo do papel. Desde a divulgação do decreto, pelo qual tornou “finais” e “irrevogáveis” todas as declarações constitucionais presidenciais, Morsi vem sendo duramente pressionado. Setores liberais, esquerdistas e seculares da oposição se juntaram na Frente de Salvação Nacional para denunciar Morsi como um novo ditador e rejeitar seu polêmico decreto. Inúmeros protestos foram registrados no Egito, tendo como alvo a figura de Morsi e também a Irmandade Muçulmana, grupo religioso no qual o presidente egípcio fez carreira e que dá suporte político e social a ele.

Diante da pressão, Morsi e o Partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade Muçulmana) aceleraram os trabalhos da Assembleia Constituinte. Na semana passada, os constituintes finalizaram o projeto e enviaram ao presidente. De imediato, Morsi aprovou o texto e convocou o referendo. A intenção do presidente do Egito é clara: uma vez aprovada a Constituição, boa parte do decreto dos superpoderes ficaria esvaziada, tornando desnecessário um recuo e o ônus político que esse ato implicaria.

A nova estratégia também enfrenta duras críticas. A oposição afirma que o projeto de Constituição não traz algumas garantias e direitos fundamentais para minorias religiosas e outros grupos, como as mulheres e a imprensa. Segundo os opositores, isso ocorreu pois a Assembleia Constituinte tem, em sua composição, uma maioria de integrantes islamitas. O Partido Liberdade e Justiça afirma que os liberais e seculares abriram mão de sua influência na constituinte ao abandonar a assembleia (reclamando da dominação dos islamistas). Ao colocar em votação uma Constituição sem consenso, Morsi provocou mais indignação.

No domingo 2, a Alta Corte Constitucional do Egito anunciou greve por tempo indeterminado e o Clube dos Juízes, entidade não oficial que congrega a maioria dos magistrados egípcios, se negou a monitorar o referendo constitucional. Sem supervisão judicial, o referendo não poderia ser realizado e, caso a votação saísse do papel, poderia ser questionada na Justiça. Com a decisão desta segunda-feira 3 por parte do Conselho Judiciário Supremo, órgão judicial máximo do Egito, os planos de Morsi voltam a estar de pé. O CJS mostrou firmeza na decisão e afirmou que mesmo se alguns juízes se negarem a monitorar as eleições, outros funcionários públicos, como os integrantes do Ministério Público, serão convocados a ajudar.

Ao trancos e barrancos, Morsi pode conseguir superar a crise criada por seu decreto. Se tiver sucesso com o referendo, seu próximo passo é tentar marcar as eleições parlamentares. Com uma Constituição em vigor e um Parlamento em funcionamento, ainda que sob uma chuva de críticas, sua legitimidade como presidente eleito não poderá ser questionada. Quando isso ocorrer, é provável que a oposição egípcia precise estar ainda mais atenta para fiscalizar o governo.

O presidente do Egito, Mohamed Morsi, recebeu nesta segunda-feira 3 uma notícia que, se confirmada, pode ajudá-lo a se livrar da crise política provocada pelo decreto de 22 de novembro, pelo qual Morsi se concedeu superpoderes. O Conselho Judiciário Supremo (CJS) anunciou que vai supervisionar o referendo constitucional convocado para 15 de dezembro e considerado fundamental para Morsi conseguir estabilizar o país sob seu comando.

O apoio da CJS pode ser fundamental para Morsi, pois ele vinha encontrando dificuldades para tirar o referendo do papel. Desde a divulgação do decreto, pelo qual tornou “finais” e “irrevogáveis” todas as declarações constitucionais presidenciais, Morsi vem sendo duramente pressionado. Setores liberais, esquerdistas e seculares da oposição se juntaram na Frente de Salvação Nacional para denunciar Morsi como um novo ditador e rejeitar seu polêmico decreto. Inúmeros protestos foram registrados no Egito, tendo como alvo a figura de Morsi e também a Irmandade Muçulmana, grupo religioso no qual o presidente egípcio fez carreira e que dá suporte político e social a ele.

Diante da pressão, Morsi e o Partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade Muçulmana) aceleraram os trabalhos da Assembleia Constituinte. Na semana passada, os constituintes finalizaram o projeto e enviaram ao presidente. De imediato, Morsi aprovou o texto e convocou o referendo. A intenção do presidente do Egito é clara: uma vez aprovada a Constituição, boa parte do decreto dos superpoderes ficaria esvaziada, tornando desnecessário um recuo e o ônus político que esse ato implicaria.

A nova estratégia também enfrenta duras críticas. A oposição afirma que o projeto de Constituição não traz algumas garantias e direitos fundamentais para minorias religiosas e outros grupos, como as mulheres e a imprensa. Segundo os opositores, isso ocorreu pois a Assembleia Constituinte tem, em sua composição, uma maioria de integrantes islamitas. O Partido Liberdade e Justiça afirma que os liberais e seculares abriram mão de sua influência na constituinte ao abandonar a assembleia (reclamando da dominação dos islamistas). Ao colocar em votação uma Constituição sem consenso, Morsi provocou mais indignação.

No domingo 2, a Alta Corte Constitucional do Egito anunciou greve por tempo indeterminado e o Clube dos Juízes, entidade não oficial que congrega a maioria dos magistrados egípcios, se negou a monitorar o referendo constitucional. Sem supervisão judicial, o referendo não poderia ser realizado e, caso a votação saísse do papel, poderia ser questionada na Justiça. Com a decisão desta segunda-feira 3 por parte do Conselho Judiciário Supremo, órgão judicial máximo do Egito, os planos de Morsi voltam a estar de pé. O CJS mostrou firmeza na decisão e afirmou que mesmo se alguns juízes se negarem a monitorar as eleições, outros funcionários públicos, como os integrantes do Ministério Público, serão convocados a ajudar.

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