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Protesto de mineiros ressuscita M-15 e se transforma no símbolo das reações contra o governo espanhol

Capacete de um mineiro, com mensagens de apoio. Foto: Álvaro de la Rúa
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Por Beatriz Borges, de Madri

 

Eles vieram andando desde Astúrias e León, estados do norte da Espanha, a 460 quilômetros da capital, Madri. A manifestação organizada por 150 mineiros se transformou, desde a terça-feira 10, num dos mais simbólicos protestos contra as medidas anti-crise anunciadas pelo governo de Mariano Rajoy. Era uma reação contra cortes drásticos de até 63% dos investimentos da indústria carbonífera, cuja produção é financiada pelo governo.

Os cortes nos incentivos ao setor colocam em risco o emprego de cerca de 7.000 famílias.

Ao chegar à capital, os mineiros em marcha foram recebidos com aplausos e palavras de incentivo. Por onde passava, a marcha negra (em alusão ao carvão) recebia mensagens de força e luzes acesas.

Alguns levavam o uniforme e camisas com as mensagens: “Querem acabar com tudo”, “Não ao fechamento das minas de carvão”.

A comitiva evocou a padroeira dos mineiros, Santa Bárbara, durante todo o longo caminho. Depois de 20 dias a pé, eles chegaram à Cidade Universitária, onde ficaram alojados, e depois partiram para a Porta do Sol, praça no centro de Madri que, no ano passo, se tornou o epicentro dos protestos na Espanha. Sindicatos e entidades como a Comissão dos Trabalhadores e a União dos Trabalhadores estavam presentes.

“Meu avô era mineiro, meu pai também. Eu e meu irmão estamos aqui para lutar pela sobrevivência dessa atividade. Esperamos que o governo dê uma resposta e volte atrás na decisão de tirar o nosso subsídio”, explicava Giovanni Blanco, de 24 anos, apoiado em suas muletas depois de sofrer um acidente durante o trajeto desde Astúrias.

Depois do primeiro encontro na cidade, os mineiros chegaram até o Ministério da Indústria, seu objetivo final. O caminho foi pacífico até aproximar-se ao estádio Santiago Bernabéu, onde houve confronto com a polícia. Oito pessoas foram presas e mais de 70 ficaram feridas. Apesar do barulho, os mineiros ainda não receberam resposta das autoridades.

A marcha acontece num momento em que o governo enfrenta uma onda de insatisfação devido aos cortes em investimentos públicos e aumento de impostos para se ajustar às exigências da União Europeia. Na quarta-feira 11, o anúncio de que o imposto básico, o IVA, subiria de 18% a 21%, congestionou as redes sociais de comentários. Os funcionários públicos também estão mobilizados: não terão sequer direito ao 13º salário deste ano – isso os que não forem demitidos. A ideia é que os órgãos públicos economizem cerca de 3,5 bilhões de euros.

O aumento dos impostos já afeta as contas de luz, gás, alimentos, produtos e serviços. O sistema de aposentadoria também foi alterado: agora é necessário contribuir com a previdência durante 37 anos, dois a mais que na regra anterior. Nas palavras do presidente Mariano Rajoy, “desde o começo da crise econômica, em 2007, deixaram de existir quase três milhões de empregos no setor privado; o setor público, nesse período, criou 289 mil postos de trabalho”. Em dois anos e meio, o presidente assegura que poderá economizar 65 milhões de euros. Os sindicatos já anunciaram uma manifestação geral para a semana de 21 de julho.

Por Beatriz Borges, de Madri

 

Eles vieram andando desde Astúrias e León, estados do norte da Espanha, a 460 quilômetros da capital, Madri. A manifestação organizada por 150 mineiros se transformou, desde a terça-feira 10, num dos mais simbólicos protestos contra as medidas anti-crise anunciadas pelo governo de Mariano Rajoy. Era uma reação contra cortes drásticos de até 63% dos investimentos da indústria carbonífera, cuja produção é financiada pelo governo.

Os cortes nos incentivos ao setor colocam em risco o emprego de cerca de 7.000 famílias.

Ao chegar à capital, os mineiros em marcha foram recebidos com aplausos e palavras de incentivo. Por onde passava, a marcha negra (em alusão ao carvão) recebia mensagens de força e luzes acesas.

Alguns levavam o uniforme e camisas com as mensagens: “Querem acabar com tudo”, “Não ao fechamento das minas de carvão”.

A comitiva evocou a padroeira dos mineiros, Santa Bárbara, durante todo o longo caminho. Depois de 20 dias a pé, eles chegaram à Cidade Universitária, onde ficaram alojados, e depois partiram para a Porta do Sol, praça no centro de Madri que, no ano passo, se tornou o epicentro dos protestos na Espanha. Sindicatos e entidades como a Comissão dos Trabalhadores e a União dos Trabalhadores estavam presentes.

“Meu avô era mineiro, meu pai também. Eu e meu irmão estamos aqui para lutar pela sobrevivência dessa atividade. Esperamos que o governo dê uma resposta e volte atrás na decisão de tirar o nosso subsídio”, explicava Giovanni Blanco, de 24 anos, apoiado em suas muletas depois de sofrer um acidente durante o trajeto desde Astúrias.

Depois do primeiro encontro na cidade, os mineiros chegaram até o Ministério da Indústria, seu objetivo final. O caminho foi pacífico até aproximar-se ao estádio Santiago Bernabéu, onde houve confronto com a polícia. Oito pessoas foram presas e mais de 70 ficaram feridas. Apesar do barulho, os mineiros ainda não receberam resposta das autoridades.

A marcha acontece num momento em que o governo enfrenta uma onda de insatisfação devido aos cortes em investimentos públicos e aumento de impostos para se ajustar às exigências da União Europeia. Na quarta-feira 11, o anúncio de que o imposto básico, o IVA, subiria de 18% a 21%, congestionou as redes sociais de comentários. Os funcionários públicos também estão mobilizados: não terão sequer direito ao 13º salário deste ano – isso os que não forem demitidos. A ideia é que os órgãos públicos economizem cerca de 3,5 bilhões de euros.

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