Mundo
Shimon Peres conseguiu adiar o ataque ao Irã?
Ao se opor à ofensiva militar, presidente de Israel rompeu o consenso político e acuou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, defensor do ataque imediato às instalações nucleares do Irã
Do alto de seus 89 anos, o presidente de Israel, Shimon Peres, conseguiu aplicar na semana passada o que pode ser um golpe de mestre, digno de políticos experientes como ele. Em uma entrevista, Peres expôs sua contrariedade à possibilidade de Israel atacar o Irã e, com isso, aparentemente conseguiu adiar por um bom tempo a ofensiva militar contra o programa iraniano.
Peres foi direto em seu discurso. Ele disse estar convencido de que Israel não pode atacar o Irã sozinho, sem a ajuda dos Estados Unidos, e que uma ofensiva aérea seria suficiente apenas para atrasar a pesquisa iraniana, não para acabar de vez com ela. Peres afirmou ainda estar convencido de que impedir o Irã de desenvolver armas nucleares é um interesse dos Estados Unidos, o maior aliado de Israel. Com essas declarações, Peres se colocou como em posição antagônica às do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e de seu ministro da Defesa, Ehud Barak. E qual é a importância disso?
Como lembra Shai Feldman em artigo no site da revista Foreign Policy, os maiores sucessos militares de Israel, as guerras de 1948 e 1967, se deram em um ambiente de consenso na política interna do país. Ao desafiar o primeiro-ministro, Peres rompeu este consenso, colocando o governo contra a parede e provocando a indignação de Netanyahu, segundo quem Peres “esqueceu qual é o seu lugar como presidente”.
A prova do rompimento do consenso se deu nesta segunda-feira. O líder da oposição israelense, Shaul Mofaz, pediu uma audiência urgente com Netanyahu a respeito do possível ataque. Em carta, Mofaz afirmou que Netanyahu está “cruzando linhas vermelhas” e questionou qual sua intenção ao pressionar o governo de Barack Obama para liderar ou apoiar uma ofensiva em meio às eleições norte-americanas. Segundo Mofaz, um ataque antes de novembro, quando Obama disputa a reeleição, traria imediatas repercussões para os EUA e seria, na prática, uma “intervenção ilegítima” na política interna norte-americana. Acuados desta forma, Netanyahu e Barak provavelmente não conseguirão arregimentar o país todo para entrar em uma guerra sem porta de saída visível.
Peres pode ter escolhido se tornar o líder do campo anti-guerra por conta das inúmeras indicações por parte de Netanyahu e Barak de que são favoráveis ao ataque ao Irã. Caso esta intenção não seja genuína e os dois tenham passado os últimos meses blefando, ambos foram “salvos” pela declaração de Peres. Para o colunista Anshel Pfeffer, do jornal Haaretz, talvez Peres entenda que Netanyahu não quer o ataque, mas foi tão desastrado com sua retórica recente sobre o programa nuclear do Irã que se colocou numa posição da qual não pode recuar. Assim, só uma intermediação bem feita pelos Estados Unidos poderia arrefecer as tensões entre os Irã e Israel sem que Netanyahu se desgaste. De uma forma ou de outra, foi uma jogada de mestre de Shimon Peres.
Do alto de seus 89 anos, o presidente de Israel, Shimon Peres, conseguiu aplicar na semana passada o que pode ser um golpe de mestre, digno de políticos experientes como ele. Em uma entrevista, Peres expôs sua contrariedade à possibilidade de Israel atacar o Irã e, com isso, aparentemente conseguiu adiar por um bom tempo a ofensiva militar contra o programa iraniano.
Peres foi direto em seu discurso. Ele disse estar convencido de que Israel não pode atacar o Irã sozinho, sem a ajuda dos Estados Unidos, e que uma ofensiva aérea seria suficiente apenas para atrasar a pesquisa iraniana, não para acabar de vez com ela. Peres afirmou ainda estar convencido de que impedir o Irã de desenvolver armas nucleares é um interesse dos Estados Unidos, o maior aliado de Israel. Com essas declarações, Peres se colocou como em posição antagônica às do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e de seu ministro da Defesa, Ehud Barak. E qual é a importância disso?
Como lembra Shai Feldman em artigo no site da revista Foreign Policy, os maiores sucessos militares de Israel, as guerras de 1948 e 1967, se deram em um ambiente de consenso na política interna do país. Ao desafiar o primeiro-ministro, Peres rompeu este consenso, colocando o governo contra a parede e provocando a indignação de Netanyahu, segundo quem Peres “esqueceu qual é o seu lugar como presidente”.
A prova do rompimento do consenso se deu nesta segunda-feira. O líder da oposição israelense, Shaul Mofaz, pediu uma audiência urgente com Netanyahu a respeito do possível ataque. Em carta, Mofaz afirmou que Netanyahu está “cruzando linhas vermelhas” e questionou qual sua intenção ao pressionar o governo de Barack Obama para liderar ou apoiar uma ofensiva em meio às eleições norte-americanas. Segundo Mofaz, um ataque antes de novembro, quando Obama disputa a reeleição, traria imediatas repercussões para os EUA e seria, na prática, uma “intervenção ilegítima” na política interna norte-americana. Acuados desta forma, Netanyahu e Barak provavelmente não conseguirão arregimentar o país todo para entrar em uma guerra sem porta de saída visível.
Peres pode ter escolhido se tornar o líder do campo anti-guerra por conta das inúmeras indicações por parte de Netanyahu e Barak de que são favoráveis ao ataque ao Irã. Caso esta intenção não seja genuína e os dois tenham passado os últimos meses blefando, ambos foram “salvos” pela declaração de Peres. Para o colunista Anshel Pfeffer, do jornal Haaretz, talvez Peres entenda que Netanyahu não quer o ataque, mas foi tão desastrado com sua retórica recente sobre o programa nuclear do Irã que se colocou numa posição da qual não pode recuar. Assim, só uma intermediação bem feita pelos Estados Unidos poderia arrefecer as tensões entre os Irã e Israel sem que Netanyahu se desgaste. De uma forma ou de outra, foi uma jogada de mestre de Shimon Peres.
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