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Presidente sírio propõe diálogo nacional para encerrar conflito

Bashar al-Assad fez seu primeiro discurso público em sete meses

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O presidente sírio, Bashar al-Assad, pediu neste domingo 6 um diálogo nacional para colocar fim ao conflito que atinge o país há 21 meses, proposta rejeitada imediatamente pela oposição, e acrescentou que não discutirá com aqueles que pegaram em armas contra o regime, durante um discurso transmitido pela rede de TV oficial.

Em seu primeiro discurso público em sete meses, o presidente sírio afirmou que o conflito, que, segundo a ONU, deixou mais de 60.000 mortos, não é travado “entre o poder e a oposição, mas entre a pátria e seus inimigos, o povo e seus assassinos”, acrescentando que alguns deles querem a divisão da Síria.

Assad, cujo mandato termina em 2014, afirmou que os países ocidentais “fecharam todas as portas para o diálogo”, e rejeitou a ideia de deixar o poder, dizendo que qualquer transição deve ser realizada “de acordo com os termos da Constituição”, em referência a eleições.

Neste sábado, o jornal libanês pró-sírio Al-Akhbar afirmou que Assad apresentaria um plano de saída do conflito no qual estipula que não pode ser candidato nas eleições de 2014.

Ao mesmo tempo em que pediu um diálogo nacional, Assad lamentou ainda não ter encontrado um parceiro para achar uma solução política para o conflito, fazendo alusão à oposição, que se nega a iniciar negociações com o presidente.

No entanto, Assad informou que o diálogo teria início apenas sob certas condições.

“Os países envolvidos devem se comprometer a não seguir financiando as armas, e os homens armados devem deter qualquer operação terrorista. Então, nossas forças cessarão imediatamente as operações militares, mantendo o direito de responder”, explicou.

Logo após o discurso, a oposição síria rejeitou a proposta de diálogo nacional do presidente, recusando qualquer iniciativa que signifique manter o regime no poder.

“Dissemos, durante a formação da Coalizão, que queremos uma solução política, mas o objetivo dos sírios é retirá-lo (do país), e já perderam, para isto, mais de 60.000 mártires (…) não fizeram todos estes sacrifícios para permitir que um regime tirânico permaneça no poder”, declarou à AFP o porta-voz da oposição, Walid al-Bunni.

Em reação ao discurso do presidente sírio, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse, em mensagem divulgada em sua conta no Twitter, que “as promessas de reforma” de Bashar al-Assad “não enganam ninguém”, acrescentando que o discurso “vai além da hipocrisia”.

O presidente sírio fez estas declarações tendo como cenário a Casa da Cultura e das Artes, no centro de Damasco, onde chegou sob os aplausos de centenas de pessoas, que gritavam “Por nossa alma e por nosso sangue, nos sacrificaremos por ti!”.

Atrás do presidente, que falou por quase uma hora, havia uma enorme bandeira síria, composta por diversos rostos. Quando Assad se despediu do público, dezenas de pessoas estenderam as mãos, tentando tocá-lo.

Desde a explosão, em março de 2011, de uma revolta popular contra o poder que se transformou em guerra civil, o regime de Damasco equipara os rebeldes e opositores a terroristas armados e financiados pelo exterior, e denuncia uma conspiração contra a Síria.

“O mais importante não é o que vai dizer, mas o que vai acontecer na prática em terra”, declarou em Damasco, horas antes do discurso, Nuha, dona de casa de 40 anos que disse não ter conseguido dormir devido ao barulho dos combates e bombardeios.

O presidente sírio falou pela última vez em público no dia 3 de junho, quando se dirigiu ao Parlamento em Damasco. Em novembro, deu uma entrevista a uma rede de televisão russa na qual rejeitou a ideia de exílio, afirmando que viveria e morreria na Síria.

O discurso do presidente ocorre no momento em que as negociações diplomáticas parecem ter se intensificado nas últimas semanas.

Em dezembro, durante sua visita à Síria, o enviado internacional Lakhdar Brahimi havia mencionado um plano, “baseado na declaração de Genebra”, que previa um cessar-fogo, a formação de um governo e a organização de eleições presidenciais ou parlamentares.

Além disso, ocorreram vários encontros entre a Rússia, aliada do regime de Damasco, e os Estados Unidos, que pedem a renúncia de Assad.

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