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Para pressionar Israel, Palestina busca reconhecimento na ONU

Liderança palestina, hoje reconhecida como “entidade”, quer se transformar em “Estado observador não-membro” das Nações Unidas

Riyad Mansour, embaixador palestino da ONU, dá entrevista coletiva na quarta-feira 27, em Nova York. A missão diplomática palestina tenta conseguir apoio de diversos países europeus na votação. Foto: John Moore/Getty Images/AFP
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A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) apresenta nesta quinta-feira 29, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, um pedido para que a Palestina seja reconhecida como “Estado observador não-membro” da ONU. A expectativa da liderança palestina é usar o novo status, que deve receber aprovação maciça da comunidade internacional, para forçar o governo de Israel a retomar as negociações de paz. Há dúvidas, no entanto, a respeito da eficácia da ação.

Esta é a segunda iniciativa diplomática de grande monta dos palestinos em dois anos. Em 2011, a OLP cogitou pedir à ONU o reconhecimento da Palestina como membro pleno (hoje desfrutado por 193 países), mas desistiu diante da firme oposição dos Estados Unidos – o governo de Washington, o maior aliado de Israel, prometia bloquear a ação no Conselho de Segurança. Assim, a alternativa da OLP é tentar evoluir seu status atual, de “entidade observadora”, para “Estado observador não-membro”, um avanço que não exige aprovação do Conselho de Segurança.

O reconhecimento pode ter efeitos simbólicos e práticos. Hoje, os palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e os refugiados não têm um Estado próprio. Se a “entidade” se tornar um “Estado não-membro”, ao menos no papel o país chamado Palestina passará a existir. Isso servirá para reforçar a chamada “solução de dois Estados”, por meio da qual dois países diferentes, um para os judeus e outro para os palestinos, devem existir.

Na prática, o novo status palestino permitirá que a OLP busque admissão em outras organizações internacionais, como o Tribunal Penal Internacional. Um avanço deste tipo preocupa muito o governo de Israel, que teme ver alguns de líderes políticos acusados e transformados em réus nesta corte. Uma indicação de que a OLP tem esta intenção foi dada por Tawfiq Tirawi, investigador da Autoridade Palestina responsável pela análise da exumação do corpo de Yasser Arafat, ex-líder da OLP morto em 2004. Caso sejam encontradas evidências de assassinato, disse Tirawi, os palestinos vão aos tribunais internacionais contra o governo israelense.

Com todos esses avanços simbólicos e práticos, os palestinos imaginam que serão capazes de fazer Israel voltar à mesa de negociações. Não é certo, no entanto, que este seja o resultado da votação na ONU.

O governo de Israel é atualmente dominado por políticos de direita e extrema-direita. Em maior ou menor medida, eles se opõem ao Estado palestino e, diante da nova iniciativa, devem bloquear de forma ainda mais intensa qualquer passo em direção a uma negociação. Segundo o jornal Israel Hayom, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, planejavam um resposta feroz aos palestinos, mas decidiram reagir com moderação. O governo de Israel conta, no campo diplomático, com o apoio dos Estados Unidos, que já anunciaram voto contrário ao pedido palestino. Para os EUA, a Palestina só pode ser criada por meio de diálogos com Israel. Ocorre que o governo norte-americano nada faz para que esses diálogos sejam retomados.

Do lado palestino, a intenção é deixar claro o isolamento de Israel na comunidade internacional. Seria uma forma de denunciar a ocupação ilegal na Cisjordânia e a situação de apartheid com a qual os palestinos convivem. Países importantes, como França, Espanha, Brasil, China e Índia devem votar a favor do pedido palestino, ampliando a “condenação” internacional a Israel.

Se a ação diplomática não conseguir pressionar Israel, o Fatah, partido secular que controla a OLP, pode ter motivos para comemorar. O Fatah foi escanteado nas últimas semanas pelo radical Hamas e por seu confronto militar com Israel. Assim, para o Fatah, a iniciativa diplomática é uma ferramenta para tentar retomar o protagonismo na questão palestina. O que não se sabe é se o desfecho de todo o imbróglio servirá para obter o que deveria ser o desejo de toda a comunidade internacional: melhorar a situação da população palestino.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) apresenta nesta quinta-feira 29, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, um pedido para que a Palestina seja reconhecida como “Estado observador não-membro” da ONU. A expectativa da liderança palestina é usar o novo status, que deve receber aprovação maciça da comunidade internacional, para forçar o governo de Israel a retomar as negociações de paz. Há dúvidas, no entanto, a respeito da eficácia da ação.

Esta é a segunda iniciativa diplomática de grande monta dos palestinos em dois anos. Em 2011, a OLP cogitou pedir à ONU o reconhecimento da Palestina como membro pleno (hoje desfrutado por 193 países), mas desistiu diante da firme oposição dos Estados Unidos – o governo de Washington, o maior aliado de Israel, prometia bloquear a ação no Conselho de Segurança. Assim, a alternativa da OLP é tentar evoluir seu status atual, de “entidade observadora”, para “Estado observador não-membro”, um avanço que não exige aprovação do Conselho de Segurança.

O reconhecimento pode ter efeitos simbólicos e práticos. Hoje, os palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e os refugiados não têm um Estado próprio. Se a “entidade” se tornar um “Estado não-membro”, ao menos no papel o país chamado Palestina passará a existir. Isso servirá para reforçar a chamada “solução de dois Estados”, por meio da qual dois países diferentes, um para os judeus e outro para os palestinos, devem existir.

Na prática, o novo status palestino permitirá que a OLP busque admissão em outras organizações internacionais, como o Tribunal Penal Internacional. Um avanço deste tipo preocupa muito o governo de Israel, que teme ver alguns de líderes políticos acusados e transformados em réus nesta corte. Uma indicação de que a OLP tem esta intenção foi dada por Tawfiq Tirawi, investigador da Autoridade Palestina responsável pela análise da exumação do corpo de Yasser Arafat, ex-líder da OLP morto em 2004. Caso sejam encontradas evidências de assassinato, disse Tirawi, os palestinos vão aos tribunais internacionais contra o governo israelense.

Com todos esses avanços simbólicos e práticos, os palestinos imaginam que serão capazes de fazer Israel voltar à mesa de negociações. Não é certo, no entanto, que este seja o resultado da votação na ONU.

O governo de Israel é atualmente dominado por políticos de direita e extrema-direita. Em maior ou menor medida, eles se opõem ao Estado palestino e, diante da nova iniciativa, devem bloquear de forma ainda mais intensa qualquer passo em direção a uma negociação. Segundo o jornal Israel Hayom, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, planejavam um resposta feroz aos palestinos, mas decidiram reagir com moderação. O governo de Israel conta, no campo diplomático, com o apoio dos Estados Unidos, que já anunciaram voto contrário ao pedido palestino. Para os EUA, a Palestina só pode ser criada por meio de diálogos com Israel. Ocorre que o governo norte-americano nada faz para que esses diálogos sejam retomados.

Do lado palestino, a intenção é deixar claro o isolamento de Israel na comunidade internacional. Seria uma forma de denunciar a ocupação ilegal na Cisjordânia e a situação de apartheid com a qual os palestinos convivem. Países importantes, como França, Espanha, Brasil, China e Índia devem votar a favor do pedido palestino, ampliando a “condenação” internacional a Israel.

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