Mundo

O papa e Fidel, um espetáculo a parte

Líder católico se encontra em Havana com Raúl Castro e “seus familiares” e, do alto de seu trono de monarca absoluto, fala em ajudar país na transição para democracia

Papa também orou pela população do Haiti, que ainda sofre com as consequências do terremoto de dois anos atrás. Foto: Osservatore Romano/AFP
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Nesta quarta, em Havana e no ‘Palacio de la Revolucion’, o papa Ratzinger encontrará Raúl Castro e os “seus familiares”, diz o comunicado oficial de imprensa distribuído aos jornalistas.

Como já consignei neste espaço, estará presente Fidel Castro, que foi aluno de colégio jesuíta e que revisita questões teológicas como revelou, tempos atrás em entrevista, o seu amigo frei Beto.

Castro tem grande admiração por Cristo, o maior de todos os revolucionários. Lógico, por ter sido Cristo um revolucionário perfeito. O seu único ato de violência, sem lesões ou torturas, representou um desabafo contra a hipocrisia e ficou conhecido como ‘ira santa’. A formação de Castro não pesou na Constituição cubana que coloca o Estado como comunista e ateu.

Em 1998, o papa Wojtyla, na viagem a Cuba, foi recebido por Fidel, num encontro entre chefes de Estados, ou seja, de Cuba e do Vaticano.

O encontro, há 14 anos, surpreendeu e, passado o tempo, pode-se concluir que  resultou numa abertura mais profícua em direção à liberdade religiosa na Ilha.

Fidel conhecia o anticomunismo presente no ‘DNA’ de Wojtyla e do seu papel fundamental na derrubada do Muro de Berlim. Mas, num jogo político, o líder cubano tinha também um invejável currículo, este de resistência ao imperialismo norte-americano.

Nesse jogo, contaram até os detalhes e Fidel mostrou-se esmerado. Por exemplo: Wojtyla, — e o mesmo ocorreu com Ratzinger—, começou a visita por Santiago. Conta a história que a “Revolução Cubana” começou ali, com o ataque em 26 de julho de 1953 ao quartel Moncada. Essa ação não teve êxito imediato e foi executada por um grupo de rebeldes comandado por Fidel Castro.

Serviu, no entanto, para o corrupto ditador cubano Fulgêncio Batista, mantido pelos EUA e pela Cosa Nostra siculo-americana, começar a fazer as malas, acertar com Franco o exílio dourado na Espanha e se apropriar de fortunas pertencentes ao povo.

Ratzinger, especialista em homéricas trapalhadas no seu pontificado reacionário, poderá, a qualquer momento, pisar na bola e deixar o cardeal de Havana, Jaime Ortega, sem sustentação.

Ontem, em Santago, o papa Ratzinger conseguiu fazer, para a alegria dos diplomatas de batina, a lição de casa. Saudou, além dos fiéis, todos os habitantes “desta bela ilha”. E saudou, também, “todos os cubanos onde quer que se encontrassem”. Com isso, alertam os vaticanistas que acompanham Ratzinger na viagem, o papa deu um recado, pois englobou os exilados, os presos políticos e as dissidentes Damas de Branco, que anunciaram 150 prisões às vésperas da chegada do pontífice.

Ratzinger deixará Cuba amanhã na parte da tarde, depois de uma celebração na ‘Plaza de la Revolución” e já destacou que muitas questões merecerem avanço nas relações bilaterais.

Pano rápido. Ratzinger falou em ajudar nessa fase de passagem, “sem traumas”, para a democracia. Do alto do seu trono de monarca absoluto e já com experiência de quem reprimiu os adeptos da Teologia da Libertação, Ratzinger, efetivamente, terá muito a ajudar.

Nesta quarta, em Havana e no ‘Palacio de la Revolucion’, o papa Ratzinger encontrará Raúl Castro e os “seus familiares”, diz o comunicado oficial de imprensa distribuído aos jornalistas.

Como já consignei neste espaço, estará presente Fidel Castro, que foi aluno de colégio jesuíta e que revisita questões teológicas como revelou, tempos atrás em entrevista, o seu amigo frei Beto.

Castro tem grande admiração por Cristo, o maior de todos os revolucionários. Lógico, por ter sido Cristo um revolucionário perfeito. O seu único ato de violência, sem lesões ou torturas, representou um desabafo contra a hipocrisia e ficou conhecido como ‘ira santa’. A formação de Castro não pesou na Constituição cubana que coloca o Estado como comunista e ateu.

Em 1998, o papa Wojtyla, na viagem a Cuba, foi recebido por Fidel, num encontro entre chefes de Estados, ou seja, de Cuba e do Vaticano.

O encontro, há 14 anos, surpreendeu e, passado o tempo, pode-se concluir que  resultou numa abertura mais profícua em direção à liberdade religiosa na Ilha.

Fidel conhecia o anticomunismo presente no ‘DNA’ de Wojtyla e do seu papel fundamental na derrubada do Muro de Berlim. Mas, num jogo político, o líder cubano tinha também um invejável currículo, este de resistência ao imperialismo norte-americano.

Nesse jogo, contaram até os detalhes e Fidel mostrou-se esmerado. Por exemplo: Wojtyla, — e o mesmo ocorreu com Ratzinger—, começou a visita por Santiago. Conta a história que a “Revolução Cubana” começou ali, com o ataque em 26 de julho de 1953 ao quartel Moncada. Essa ação não teve êxito imediato e foi executada por um grupo de rebeldes comandado por Fidel Castro.

Serviu, no entanto, para o corrupto ditador cubano Fulgêncio Batista, mantido pelos EUA e pela Cosa Nostra siculo-americana, começar a fazer as malas, acertar com Franco o exílio dourado na Espanha e se apropriar de fortunas pertencentes ao povo.

Ratzinger, especialista em homéricas trapalhadas no seu pontificado reacionário, poderá, a qualquer momento, pisar na bola e deixar o cardeal de Havana, Jaime Ortega, sem sustentação.

Ontem, em Santago, o papa Ratzinger conseguiu fazer, para a alegria dos diplomatas de batina, a lição de casa. Saudou, além dos fiéis, todos os habitantes “desta bela ilha”. E saudou, também, “todos os cubanos onde quer que se encontrassem”. Com isso, alertam os vaticanistas que acompanham Ratzinger na viagem, o papa deu um recado, pois englobou os exilados, os presos políticos e as dissidentes Damas de Branco, que anunciaram 150 prisões às vésperas da chegada do pontífice.

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