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Parlamento afegão quer julgamento público e talibã promete vigança

Parlamento pede que governo americano julgue o soldado que matou 16 civis no domingo 11 em um processo público ante o povo afegão

Soldados americanos observam a entrada da base militar de Alkozai após o ataque de soldado contra civis. Foto: ©AFP / Jangir
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CABUL (AFP) – O Parlamento afegão pediu nesta segunda-feira 12 que os culpados americanos do massacre de 16 civis no domingo 11 , no sul do país, tenham um julgamento público no Afeganistão, enquanto os talibãs prometeram vingança pelas mortes.

“Pedimos firmemente que o governo americano castigue os culpados e os julgue em um processo público ante o povo afegão”, afirma um comunicado do Parlamento de Cabul.

No domingo, um soldado americano da força internacional da Otan saiu de sua base na província de Kandahar, fortemente armado, e matou os moradores de duas casas próximas, incluindo nove crianças e três mulheres. Depois ele queimou os corpos.

Os talibãs prometeram nesta segunda-feira 13 vingar o massacre. “Os talibãs vingarão cada um dos mártires assassinados de forma selvagem pelos invasores”, afirma um texto publicado em um site dos insurgentes islamitas. “A maioria das vítimas são crianças inocentes, mulheres e idosos, massacrados pelos bárbaros americanos, que roubaram sem misericórdia suas preciosas vidas e mancharam suas mãos com sangue”, prossegue o texto dos talibãs.

O presidente americano Barack Obama chamou o massacre de “trágico e lamentável”, além de ter prometido uma “investigação exaustiva”.

“O episódio é trágico e chocante, e não representa o caráter excepcional de nossos militares nem o respeito dos Estados Unidos ao povo do Afeganistão”, disse o presidente Barack Obama em comunicado.

O massacre aguçou o debate sobre a retirada de suas tropas do Afeganistão em 2014, depois de uma década de guerra e em meio a tensões crescentes entre Cabul e Washington. Nos Estados Unidos, uma pesquisa divulgada no domingo mostra que 60% dos americanos acreditam que a guerra no Afeganistão não valeu a pena e 54% desejam uma retirada imediata.

De acordo com a pesquisa da rede ABC News e do jornal Washington Post, 35% dos entrevistados consideram que o conflito de mais de uma década valeu a pena.

O presidente Obama fixou 2014 como prazo para a retirada da força de 130 mil homens da Otan liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão, enquanto Washington treina as forças de segurança afegãs para assumir a liderança e busca negociar com os talibãs.

Relações estremecidas


Durante um telefonema ao presidente afegão Hamid Karzai, Obama “estendeu as condolências ao povo do Afeganistão’, deixando claro o compromisso de seu governo de “estabelecer os fatos o mais rapidamente possível e responsabilizar” os envolvidos.

Mais cedo, Karzai havia condenado o incidente, classificado por ele de “imperdoável”.

“Quando há afegãos que morrem deliberadamente pelas mãos das forças americanas, trata-se de um ato de assassinato, terrorista e imperdoável”, expressou Karzai em uma declaração.

O general John Allen, à frente das forças da Otan, afirmou que esta tragédia não debilitaria o espírito de cooperação com as forças afegãs.

Mas o masacre, ocorrido em Kandahar, feudo talibã do sul do Afeganistão, já despertou numerosos questionamentos sobre a viabilidade da missão dos Estados Unidos no Afeganistão.

“Há algo profundamente errôneo na maneira pela qual percebemos toda a região e acho que vai piorar”, estimou Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara de Representantes e um dos quatro pré-candidatos republicanos às eleições de novembro.

“É altamente provável que um número considerável de jovens americanos tenha perdido a vida ou tenha sido ferido como parte de uma missão que se revelará impossível de ser cumprida”, acrescentou, em declarações ao canal Fox.

Os soldados americanos e outros países membros da Otan darão por concluída a missão no Afeganistão no final de 2014. Washington tenta treinar as forças de segurança afegãs para que possam se revezar na segurança do país.

Mas as relações entre Washington e seus parceiros afegãos estão num ponto crítico.

Já foram registrados dois confrontos sanguinários em seguida à queima acidental de livros do Alcorão por soldados americanos, com vários assassinatos e a um vídeo mostrando Marines urinando sobre corpos de afegãos – sinais estes da degradação das relações.

Em Cabul, o presidente Karzai disse que “quando há afegãos que morrem deliberadamente pelas mãos das forças americanas, trata-se de um ato de assassinato, terrorista e imperdoável”.

O influente senador democrata americano Charles Schumer considerou, no canal ABC, que Karzai é “a maior fraqueza do Afeganistão, porque parece que ninguém confia nele”.

Estas tensões pesam sobre a missão militar e complicam os esforços dos Estados Unidos de negociar uma associação estratégica duradoura e viável com o Afeganistão, assim que suas tropas tenham se retirado.

O senador republicano Lindsey Graham, por sua vez, explicou domingo ao canal ABC que mesmo com a saída dos americanos do Afeganistão, Washington deveria manter suas bases aéreas e unidades de forças especiais, para assegurar-se de que o Talibã não se reforce e que a Otan continue envolvida com a segurança do país depois de 2014″.

CABUL (AFP) – O Parlamento afegão pediu nesta segunda-feira 12 que os culpados americanos do massacre de 16 civis no domingo 11 , no sul do país, tenham um julgamento público no Afeganistão, enquanto os talibãs prometeram vingança pelas mortes.

“Pedimos firmemente que o governo americano castigue os culpados e os julgue em um processo público ante o povo afegão”, afirma um comunicado do Parlamento de Cabul.

No domingo, um soldado americano da força internacional da Otan saiu de sua base na província de Kandahar, fortemente armado, e matou os moradores de duas casas próximas, incluindo nove crianças e três mulheres. Depois ele queimou os corpos.

Os talibãs prometeram nesta segunda-feira 13 vingar o massacre. “Os talibãs vingarão cada um dos mártires assassinados de forma selvagem pelos invasores”, afirma um texto publicado em um site dos insurgentes islamitas. “A maioria das vítimas são crianças inocentes, mulheres e idosos, massacrados pelos bárbaros americanos, que roubaram sem misericórdia suas preciosas vidas e mancharam suas mãos com sangue”, prossegue o texto dos talibãs.

O presidente americano Barack Obama chamou o massacre de “trágico e lamentável”, além de ter prometido uma “investigação exaustiva”.

“O episódio é trágico e chocante, e não representa o caráter excepcional de nossos militares nem o respeito dos Estados Unidos ao povo do Afeganistão”, disse o presidente Barack Obama em comunicado.

O massacre aguçou o debate sobre a retirada de suas tropas do Afeganistão em 2014, depois de uma década de guerra e em meio a tensões crescentes entre Cabul e Washington. Nos Estados Unidos, uma pesquisa divulgada no domingo mostra que 60% dos americanos acreditam que a guerra no Afeganistão não valeu a pena e 54% desejam uma retirada imediata.

De acordo com a pesquisa da rede ABC News e do jornal Washington Post, 35% dos entrevistados consideram que o conflito de mais de uma década valeu a pena.

O presidente Obama fixou 2014 como prazo para a retirada da força de 130 mil homens da Otan liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão, enquanto Washington treina as forças de segurança afegãs para assumir a liderança e busca negociar com os talibãs.

Relações estremecidas


Durante um telefonema ao presidente afegão Hamid Karzai, Obama “estendeu as condolências ao povo do Afeganistão’, deixando claro o compromisso de seu governo de “estabelecer os fatos o mais rapidamente possível e responsabilizar” os envolvidos.

Mais cedo, Karzai havia condenado o incidente, classificado por ele de “imperdoável”.

“Quando há afegãos que morrem deliberadamente pelas mãos das forças americanas, trata-se de um ato de assassinato, terrorista e imperdoável”, expressou Karzai em uma declaração.

O general John Allen, à frente das forças da Otan, afirmou que esta tragédia não debilitaria o espírito de cooperação com as forças afegãs.

Mas o masacre, ocorrido em Kandahar, feudo talibã do sul do Afeganistão, já despertou numerosos questionamentos sobre a viabilidade da missão dos Estados Unidos no Afeganistão.

“Há algo profundamente errôneo na maneira pela qual percebemos toda a região e acho que vai piorar”, estimou Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara de Representantes e um dos quatro pré-candidatos republicanos às eleições de novembro.

“É altamente provável que um número considerável de jovens americanos tenha perdido a vida ou tenha sido ferido como parte de uma missão que se revelará impossível de ser cumprida”, acrescentou, em declarações ao canal Fox.

Os soldados americanos e outros países membros da Otan darão por concluída a missão no Afeganistão no final de 2014. Washington tenta treinar as forças de segurança afegãs para que possam se revezar na segurança do país.

Mas as relações entre Washington e seus parceiros afegãos estão num ponto crítico.

Já foram registrados dois confrontos sanguinários em seguida à queima acidental de livros do Alcorão por soldados americanos, com vários assassinatos e a um vídeo mostrando Marines urinando sobre corpos de afegãos – sinais estes da degradação das relações.

Em Cabul, o presidente Karzai disse que “quando há afegãos que morrem deliberadamente pelas mãos das forças americanas, trata-se de um ato de assassinato, terrorista e imperdoável”.

O influente senador democrata americano Charles Schumer considerou, no canal ABC, que Karzai é “a maior fraqueza do Afeganistão, porque parece que ninguém confia nele”.

Estas tensões pesam sobre a missão militar e complicam os esforços dos Estados Unidos de negociar uma associação estratégica duradoura e viável com o Afeganistão, assim que suas tropas tenham se retirado.

O senador republicano Lindsey Graham, por sua vez, explicou domingo ao canal ABC que mesmo com a saída dos americanos do Afeganistão, Washington deveria manter suas bases aéreas e unidades de forças especiais, para assegurar-se de que o Talibã não se reforce e que a Otan continue envolvida com a segurança do país depois de 2014″.

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