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Jornalista francês levanta suspeitas sobre atividades da blogueira

Para Salim Lamrani, cubana fraudou número de seguidores no Twitter, além de mentir sobre seu acesso à internet

Foto: Ariel Arias/Latin Content/Getty Images
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O jornalista francês Salim Lamrani, palestrante na Universidade de Sorbonne (França) e especialista em relações entre Cuba e EUA, levantou suspeitas sobre a ascensão meteórica da blogueira Yoani Sánchez como a “voz” da dissidência ao regime socialista de Cuba.

Em um artigo para o jornal online mexicano La Jornada, ele acusa a ativista política de fraudar sua influência no Twitter, se alinhar à diplomacia norte-americana na ilha caribenha e tirar proveito de sua exposição internacional, que lhe rendeu milhares de dólares em premiações.

 

Em 2007, Sánchez criou o blog Generación Y, no qual faz forte oposição ao regime dos Castro. O blog a transformou em uma “celebridade” internacional. Segundo Lamrani, a cubana já teria recebido cerca de 575 mil reais em premiações internacionais, mais de mil vezes o valor do salário mínimo anual na ilha, de cerca de 18 dólares por mês. Ou seja, dinheiro suficiente para desfrutar de vantagens econômicas bem acima da média da população no país.

A reportagem de CartaCapital conseguiu averiguar pelo menos 184 mil reais destas premiações por meio dos sites oficiais das condecorações.

A blogueira teria relações estreitas, diz o jornalista francês, com a diplomacia norte-americana em Cuba a ponto de um eventual vazamento de documentos oficiais pelo Wikileaks sobre encontros entres as partes ter despertado preocupação na representação dos EUA na ilha. Mas qual seria o motivo para o temor?

Alguns apontam que ela receberia suporte dos EUA para tentar desestabilizar a imagem do regime cubano internacionalmente, o que, apesar de suas ligações com a diplomacia norte-americana, nunca foi comprovado.

Em setembro de 2011, a veracidade da entrevista de Sánchez com o presidente dos EUA, Barack Obama, publicada em 2009 em seu blog, foi desmentida por documentos publicados pelo Wikileaks.

As respostas para as perguntas da cubana enviadas por e-mail haviam sido, na verdade, escritas por um funcionário da representação diplomática estadunidense.

Os documentos também mostram que ela não enviou um questionário semelhante ao presidente de Cuba, Raúl Castro, por não esperar uma resposta do mandatário. À época da publicação da entrevista, a blogueira disse ter questionado Castro, mas não obteve um parecer.

O artigo de Lamrani, contesta ainda a popularidade do Twitter de Yoani Sánchez, que possuía 214 mil seguidores em fevereiro. Apenas 32 deles vivem em Cuba.

Utilizando o site www.followerwonk.com, que permite analisar o perfil de qualquer membro da rede social, o jornalista descobriu que cerca de 50 mil dos seguidores da cubana são, na verdade, contas fantasma ou inativas.

Destas, 27 mil sequer possuem foto e 2,9 mil seguem somente Sánchez. Esse, diga-se, é um indicativo de fraude para conseguir mais seguidores, utilizado por políticos durante eleições.

A blogueira segue 80 mil pessoas no Twitter e define no seu perfil que realiza seus posts de Havana por meio de sms. Uma afirmativa viável para os tweets, mas praticamente impossível para seguir esse mesmo número de pessoas sem acesso diário à internet, ou por meio de uma conexão semanal em um hotel, como Sánchez alega.

Segundo o jornalista, a análise da conta da blogueira na rede social evidencia a necessidade do uso de uma conexão constante com a web. Desde junho de 2010, ela passou a seguir mais de 200 pessoas por dia com pico de 700.

Além disso, há um outro fator apresentado por Lamrani: o custo da atividade política de Sánchez pelo Twitter. Ela posta 9,3 mensagens por dia, ou cerca de 400 por mês, equivalente a dois anos de salários mínimos em Cuba em gastos.

Reportagem publicada no portal iG em 2010 informa que a blogueira usa um celular “quase sem nenhum aplicativo” com um número no Reino Unido para tweetar.

Neste caso, utilizando como base um celular pré-pago da companhia Vodafone, essa mensagem seria considerada internacional e custaria 78 centavos de dólar. O total mensal chegaria a 312 dólares ou 18 meses de sálário mínimo em Cuba.

Dados a indicar que Sánchez não estaria sendo honesta sobre a frequência de seus acessos à internet, ou que há alguém pagando sua conta.

O jornalista francês Salim Lamrani, palestrante na Universidade de Sorbonne (França) e especialista em relações entre Cuba e EUA, levantou suspeitas sobre a ascensão meteórica da blogueira Yoani Sánchez como a “voz” da dissidência ao regime socialista de Cuba.

Em um artigo para o jornal online mexicano La Jornada, ele acusa a ativista política de fraudar sua influência no Twitter, se alinhar à diplomacia norte-americana na ilha caribenha e tirar proveito de sua exposição internacional, que lhe rendeu milhares de dólares em premiações.

 

Em 2007, Sánchez criou o blog Generación Y, no qual faz forte oposição ao regime dos Castro. O blog a transformou em uma “celebridade” internacional. Segundo Lamrani, a cubana já teria recebido cerca de 575 mil reais em premiações internacionais, mais de mil vezes o valor do salário mínimo anual na ilha, de cerca de 18 dólares por mês. Ou seja, dinheiro suficiente para desfrutar de vantagens econômicas bem acima da média da população no país.

A reportagem de CartaCapital conseguiu averiguar pelo menos 184 mil reais destas premiações por meio dos sites oficiais das condecorações.

A blogueira teria relações estreitas, diz o jornalista francês, com a diplomacia norte-americana em Cuba a ponto de um eventual vazamento de documentos oficiais pelo Wikileaks sobre encontros entres as partes ter despertado preocupação na representação dos EUA na ilha. Mas qual seria o motivo para o temor?

Alguns apontam que ela receberia suporte dos EUA para tentar desestabilizar a imagem do regime cubano internacionalmente, o que, apesar de suas ligações com a diplomacia norte-americana, nunca foi comprovado.

Em setembro de 2011, a veracidade da entrevista de Sánchez com o presidente dos EUA, Barack Obama, publicada em 2009 em seu blog, foi desmentida por documentos publicados pelo Wikileaks.

As respostas para as perguntas da cubana enviadas por e-mail haviam sido, na verdade, escritas por um funcionário da representação diplomática estadunidense.

Os documentos também mostram que ela não enviou um questionário semelhante ao presidente de Cuba, Raúl Castro, por não esperar uma resposta do mandatário. À época da publicação da entrevista, a blogueira disse ter questionado Castro, mas não obteve um parecer.

O artigo de Lamrani, contesta ainda a popularidade do Twitter de Yoani Sánchez, que possuía 214 mil seguidores em fevereiro. Apenas 32 deles vivem em Cuba.

Utilizando o site www.followerwonk.com, que permite analisar o perfil de qualquer membro da rede social, o jornalista descobriu que cerca de 50 mil dos seguidores da cubana são, na verdade, contas fantasma ou inativas.

Destas, 27 mil sequer possuem foto e 2,9 mil seguem somente Sánchez. Esse, diga-se, é um indicativo de fraude para conseguir mais seguidores, utilizado por políticos durante eleições.

A blogueira segue 80 mil pessoas no Twitter e define no seu perfil que realiza seus posts de Havana por meio de sms. Uma afirmativa viável para os tweets, mas praticamente impossível para seguir esse mesmo número de pessoas sem acesso diário à internet, ou por meio de uma conexão semanal em um hotel, como Sánchez alega.

Segundo o jornalista, a análise da conta da blogueira na rede social evidencia a necessidade do uso de uma conexão constante com a web. Desde junho de 2010, ela passou a seguir mais de 200 pessoas por dia com pico de 700.

Além disso, há um outro fator apresentado por Lamrani: o custo da atividade política de Sánchez pelo Twitter. Ela posta 9,3 mensagens por dia, ou cerca de 400 por mês, equivalente a dois anos de salários mínimos em Cuba em gastos.

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