Mundo
‘Circuncisão proibida no país do Holocausto’
Para tribunal de Colônia, procedimento viola direito à integridade física. Ignorância ou preconceito?
Permitir ou não a circuncisão de menores. Eis o debate. De todos os países do mundo, o pior deles para correr livre essa inusitada e ridícula altercação é a Alemanha.
Isso porque, como alegam organizações judaicas, muçulmanas e laicas, ‘a Alemanha é o país do Holocausto’. E a remoção do prepúcio aos 8 dias de vida é um ritual fundamental para o judaísmo. Significa nada menos do que a Aliança entre Deus e o povo judeu.
Tudo começou quando um menino muçulmano de 4 anos sofreu uma hemorragia após uma circuncisão. O médico foi julgado e absolvido porque o ritual não é proibido. Milhares de circuncisões são realizadas anualmente na Alemanha – e sem nenhum problema pós-operatório.
No entanto, os juízes presentes no tribunal de Colônia, onde se deu a contenda, decidiram que a circuncisão é um procedimento médico ilegal. O motivo? Pode provocar danos físicos. Mais: viola o direito à integridade física devido a tradições religiosas.
A decisão do tribunal de Colônia, diga-se, é vigente somente na região da cidade. Mas, a Associação Médica da Alemanha recomendou médicos do país a não fazer circuncisões. Pelo menos enquanto durar o debate.
O governo da chanceler Angela Merkel encontra-se numa saia justa.
Para o presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, Pinchas Goldschmidt, a decisão do tribunal de Colônia foi o “pior ataque à vida judaica desde o Holocausto”. O rabino emenda: “A questão é existencial para a comunidade judaica na Alemanha”.
Goldschmidt está coberto de razão.
Mas não são somente os judeus os prejudicados.
A circuncisão, embora tenha tradições religiosas, é uma prática milenar. Em suma, trata-se de um tema a ser incluído na esfera de direitos humanos.
A prática remonta ao Oriente Médio. Os hebreus a herdaram dos egípcios faraônicos. Abraão teria sido, aos 80 anos, o primeiro a fazer uma circuncisão. Deus então lhe disse que esta seria a Aliança entre Ele e o povo judeu. Mas não se sabe se Abraão de fato foi adiante.
A intervenção cirúrgica, afinal, é dolorosa. A hipersensibilidade da glândula requer vários dias de repouso. E é por isso que recomenda-se a circuncisão para bebês.
Na Roma antiga, os centuriões pediam para os suspeitos levantar suas túnicas. Se não fosse constatado prepúcio, a vítima pagava um fiscus judaicus, que ia não para o Templo de Jerusalém, como prometido, mas direto para as caixas do Estado.
No Alcorão não existe menção sobre circuncisão. Trata-se, porém, de uma prática pré-islâmica provavelmente por motivos de higiene.
Higiene, aliás, é o que leva os católicos e gente de todos os credos a realizar o procedimento. Homens sem prepúcio não somente têm menos infecções e câncer do pênis, como também são mais imunes ao vírus da AIDS, segundo a Organização Mundial da Saúde.
A ausência do prepúcio, ademais, prolonga os encontros sexuais e torna o homem menos apto a ter ejaculação precoce.
No entanto, os juízes de Colônia não parecem ter entendido que estão a misturar vários fatores ao proibir a circuncisão.
Ignorância ou preconceito religioso?
Ler mais:
Permitir ou não a circuncisão de menores. Eis o debate. De todos os países do mundo, o pior deles para correr livre essa inusitada e ridícula altercação é a Alemanha.
Isso porque, como alegam organizações judaicas, muçulmanas e laicas, ‘a Alemanha é o país do Holocausto’. E a remoção do prepúcio aos 8 dias de vida é um ritual fundamental para o judaísmo. Significa nada menos do que a Aliança entre Deus e o povo judeu.
Tudo começou quando um menino muçulmano de 4 anos sofreu uma hemorragia após uma circuncisão. O médico foi julgado e absolvido porque o ritual não é proibido. Milhares de circuncisões são realizadas anualmente na Alemanha – e sem nenhum problema pós-operatório.
No entanto, os juízes presentes no tribunal de Colônia, onde se deu a contenda, decidiram que a circuncisão é um procedimento médico ilegal. O motivo? Pode provocar danos físicos. Mais: viola o direito à integridade física devido a tradições religiosas.
A decisão do tribunal de Colônia, diga-se, é vigente somente na região da cidade. Mas, a Associação Médica da Alemanha recomendou médicos do país a não fazer circuncisões. Pelo menos enquanto durar o debate.
O governo da chanceler Angela Merkel encontra-se numa saia justa.
Para o presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, Pinchas Goldschmidt, a decisão do tribunal de Colônia foi o “pior ataque à vida judaica desde o Holocausto”. O rabino emenda: “A questão é existencial para a comunidade judaica na Alemanha”.
Goldschmidt está coberto de razão.
Mas não são somente os judeus os prejudicados.
A circuncisão, embora tenha tradições religiosas, é uma prática milenar. Em suma, trata-se de um tema a ser incluído na esfera de direitos humanos.
A prática remonta ao Oriente Médio. Os hebreus a herdaram dos egípcios faraônicos. Abraão teria sido, aos 80 anos, o primeiro a fazer uma circuncisão. Deus então lhe disse que esta seria a Aliança entre Ele e o povo judeu. Mas não se sabe se Abraão de fato foi adiante.
A intervenção cirúrgica, afinal, é dolorosa. A hipersensibilidade da glândula requer vários dias de repouso. E é por isso que recomenda-se a circuncisão para bebês.
Na Roma antiga, os centuriões pediam para os suspeitos levantar suas túnicas. Se não fosse constatado prepúcio, a vítima pagava um fiscus judaicus, que ia não para o Templo de Jerusalém, como prometido, mas direto para as caixas do Estado.
No Alcorão não existe menção sobre circuncisão. Trata-se, porém, de uma prática pré-islâmica provavelmente por motivos de higiene.
Higiene, aliás, é o que leva os católicos e gente de todos os credos a realizar o procedimento. Homens sem prepúcio não somente têm menos infecções e câncer do pênis, como também são mais imunes ao vírus da AIDS, segundo a Organização Mundial da Saúde.
A ausência do prepúcio, ademais, prolonga os encontros sexuais e torna o homem menos apto a ter ejaculação precoce.
No entanto, os juízes de Colônia não parecem ter entendido que estão a misturar vários fatores ao proibir a circuncisão.
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