Mundo

‘Compromisso com Israel é sacrossanto’

Às vésperas das eleições, presidente dos EUA evidencia contradições ao reforçar apoio ao aliado no Oriente Médio pensando no lobby e votos judaícos

Obama afirmou que os candidatos da primárias republicanas tratarão de ganhar apoio atacando sua política externa Foto: ©AFP / Jewel Samad
Apoie Siga-nos no

Finalmente, e às vésperas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Barack Obama assumiu de forma clara a natureza da aliança com Israel e seu posicionamento sobre as questões a envolver o país no Oriente Médio. Nesta sexta-feira 2, o presidente norte-americano destacou a necessidade de ajudar o aliado a manter sua “superioridade militar”, principalmente em um momento de tensão com o Irã.

“Um dos nossos objetivos a longo prazo nesta região é assegurar que o compromisso sacrossanto que temos com a segurança de Israel não se traduza apenas em proporcionar a capacidade militar necessária, mas sim em permitir que tenha a superioridade militar necessária em uma região muito perigosa.”

 

Detalhe: a afirmação ocorreu durante uma reunião em Nova York para arrecadar fundos a sua campanha de reeleição. Há quem especule que as doações para Obama em 2012 devem atingir a marca histórica de 1 bilhão de dólares, ante os (não menos impressionantes) 750 milhões conseguidos há quase quatro anos.

A declaração também ocorre pouco antes da visita do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, à Casa Branca na segunda-feira 5. Os dois devem debater a situação no Irã e Obama deixou claro hoje que pode realizar uma ação militar a fim de prevenir que o país persa adquira armas nucleares. “Creio que o governo israelense reconhece que, como o presidente dos EUA, eu não blefo”, disse em entrevista à revista americana The Atlantic.

Há poucos dias, o diário israelense Haaretz afirmou que Netanyahu iria pedir a Obama que ameaçasse publicamente o Irã com um ataque militar caso o país não freie seu programa nuclear. Coincidência?

Obama ressaltou, porém, que vai debater com Netanyahu as consequências de um ataque preventivo israelense às instalações nucleares do Irã, visto pelos norte-americamos apenas como um atraso para o desenvolvimento de armas nucleares.

O fato é que nenhum presidente, e principalmente candidatos à Casa Branca, podem enfrentar o lobby judaíco no país. Que o diga Newt Gingrich, apoiado pelo bilionário dos cassinos de Las Vegas Sheldon Adelson.

Dono de uma fortuna de 22 bilhões de dólares, Adelson doou 17 milhões para o pré-candidato republicano nos últimos anos, entre eles, 10 milhões apenas para financiar as pretensões de Gingrich, defensor ferrenho dos interesses de Israel, à presidência dos EUA.

Obama tem mostrado um posicionamento contraditório em relação a Israel e seus interesses no Oriente Médio. Na Assembleia Geral da ONU de 2010, o presidente dos EUA defendeu ser possível permitir a entrada da Palestina na organização em um ano.

Em maio de 2011, voltou a defender a criação do estado palestino com as fronteiras de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) e pediu concessões a ambos os lados. Netanyahu refutou a proposta e ainda completou que não dividiria Jerusalém com os palestinos em um eventual acordo de paz.

Dias depois, Obama falou ao Aipac, o mais poderoso lobby pró-Israel dos EUA, e manteve sua posição, mas colocou as fronteiras de 1967 apenas como base para uma negociação.

Na Assembleia Geral da ONU de 2011, quando a Palestina defendeu a criação de um Estado próprio em um discurso histórico de Mahmoud Abbas – causa apoiada por Dilma Rousseff na fala de abertura da conferência -, Obama recuou e assumiu o lado de Israel.

“Naquela época, eu acreditava – e acredito hoje – que o povo palestino merece um Estado próprio. Mas eu também disse que a verdadeira paz só pode ser posta em prática pelos próprios israelenses e palestinos. Um ano depois, apesar dos enormes esforços dos Estados Unidos e de outros países, as duas partes não dirimiram suas divergências”, disse.

“O compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel é inabalável, e nossa amizade com Israel é profunda e duradoura. Portanto acreditamos que toda paz destinada a perdurar deve reconhecer as preocupações com a segurança real com as quais Israel se defronta a cada dia. Sejamos honestos: Israel está cercado por vizinhos que frequentemente travaram guerras contra ele.”

A Palestina protocolou o pedido para ser aceita como membro da ONU, mas os EUA vetaram a resolução no Conselho de Segurança. Por outro lado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aceitou, por unanimidade, a Palestina como membro de pleno direito.

Nas ruas de Ramallah, a capital política da Cisjordânia, palestinos acusaram Obama de trair a causa do território independente carregando cartazes com os dizeres: “Vergonha dos que se dizem democratas”.

Como todos seus antecessores, Obama não pretende resistir ao lobby judeu pois precisa do seu apoio financeiro e eleitoral: ele obteve 80% dos votos dos judeus norte-americanos em 2008.

Até o momento, o presidente dos EUA já soma 250 milhões de dólares para sua campanha de reeleição. Ele canta em eventos e até vai a dois jantares no mesmo lugar para conseguir fundos, mas o 1 bilhão ainda está distante.

Com informações da AFP.

Leia mais em AFP Movel.

Finalmente, e às vésperas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Barack Obama assumiu de forma clara a natureza da aliança com Israel e seu posicionamento sobre as questões a envolver o país no Oriente Médio. Nesta sexta-feira 2, o presidente norte-americano destacou a necessidade de ajudar o aliado a manter sua “superioridade militar”, principalmente em um momento de tensão com o Irã.

“Um dos nossos objetivos a longo prazo nesta região é assegurar que o compromisso sacrossanto que temos com a segurança de Israel não se traduza apenas em proporcionar a capacidade militar necessária, mas sim em permitir que tenha a superioridade militar necessária em uma região muito perigosa.”

 

Detalhe: a afirmação ocorreu durante uma reunião em Nova York para arrecadar fundos a sua campanha de reeleição. Há quem especule que as doações para Obama em 2012 devem atingir a marca histórica de 1 bilhão de dólares, ante os (não menos impressionantes) 750 milhões conseguidos há quase quatro anos.

A declaração também ocorre pouco antes da visita do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, à Casa Branca na segunda-feira 5. Os dois devem debater a situação no Irã e Obama deixou claro hoje que pode realizar uma ação militar a fim de prevenir que o país persa adquira armas nucleares. “Creio que o governo israelense reconhece que, como o presidente dos EUA, eu não blefo”, disse em entrevista à revista americana The Atlantic.

Há poucos dias, o diário israelense Haaretz afirmou que Netanyahu iria pedir a Obama que ameaçasse publicamente o Irã com um ataque militar caso o país não freie seu programa nuclear. Coincidência?

Obama ressaltou, porém, que vai debater com Netanyahu as consequências de um ataque preventivo israelense às instalações nucleares do Irã, visto pelos norte-americamos apenas como um atraso para o desenvolvimento de armas nucleares.

O fato é que nenhum presidente, e principalmente candidatos à Casa Branca, podem enfrentar o lobby judaíco no país. Que o diga Newt Gingrich, apoiado pelo bilionário dos cassinos de Las Vegas Sheldon Adelson.

Dono de uma fortuna de 22 bilhões de dólares, Adelson doou 17 milhões para o pré-candidato republicano nos últimos anos, entre eles, 10 milhões apenas para financiar as pretensões de Gingrich, defensor ferrenho dos interesses de Israel, à presidência dos EUA.

Obama tem mostrado um posicionamento contraditório em relação a Israel e seus interesses no Oriente Médio. Na Assembleia Geral da ONU de 2010, o presidente dos EUA defendeu ser possível permitir a entrada da Palestina na organização em um ano.

Em maio de 2011, voltou a defender a criação do estado palestino com as fronteiras de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) e pediu concessões a ambos os lados. Netanyahu refutou a proposta e ainda completou que não dividiria Jerusalém com os palestinos em um eventual acordo de paz.

Dias depois, Obama falou ao Aipac, o mais poderoso lobby pró-Israel dos EUA, e manteve sua posição, mas colocou as fronteiras de 1967 apenas como base para uma negociação.

Na Assembleia Geral da ONU de 2011, quando a Palestina defendeu a criação de um Estado próprio em um discurso histórico de Mahmoud Abbas – causa apoiada por Dilma Rousseff na fala de abertura da conferência -, Obama recuou e assumiu o lado de Israel.

“Naquela época, eu acreditava – e acredito hoje – que o povo palestino merece um Estado próprio. Mas eu também disse que a verdadeira paz só pode ser posta em prática pelos próprios israelenses e palestinos. Um ano depois, apesar dos enormes esforços dos Estados Unidos e de outros países, as duas partes não dirimiram suas divergências”, disse.

“O compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel é inabalável, e nossa amizade com Israel é profunda e duradoura. Portanto acreditamos que toda paz destinada a perdurar deve reconhecer as preocupações com a segurança real com as quais Israel se defronta a cada dia. Sejamos honestos: Israel está cercado por vizinhos que frequentemente travaram guerras contra ele.”

A Palestina protocolou o pedido para ser aceita como membro da ONU, mas os EUA vetaram a resolução no Conselho de Segurança. Por outro lado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aceitou, por unanimidade, a Palestina como membro de pleno direito.

Nas ruas de Ramallah, a capital política da Cisjordânia, palestinos acusaram Obama de trair a causa do território independente carregando cartazes com os dizeres: “Vergonha dos que se dizem democratas”.

Como todos seus antecessores, Obama não pretende resistir ao lobby judeu pois precisa do seu apoio financeiro e eleitoral: ele obteve 80% dos votos dos judeus norte-americanos em 2008.

Até o momento, o presidente dos EUA já soma 250 milhões de dólares para sua campanha de reeleição. Ele canta em eventos e até vai a dois jantares no mesmo lugar para conseguir fundos, mas o 1 bilhão ainda está distante.

Com informações da AFP.

Leia mais em AFP Movel.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo