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Cobertura de levantes mina credibilidade da Al Jazira

Pressão da monarquia do Catar e postura diante da Primavera Árabe causam onda de insatisfação e demissões na rede de televisão

Rede de televisão é criticada por cobrir os aocntecimentos da Primavera árabe de forma parcial.Foto: Símbolo da emissora
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A Primavera Árabe que derrubou ditadores de quatro países do Oriente Médio pode estar minando também a credibilidade da principal referência do jornalismo na região.

Em protesto contra a cobertura considerada parcial de manifestações populares na Síria, a Al Jazira recebeu, nas últimas semanas, diversos pedidos de demissão de jornalistas. Entre os insatisfeitos está Hassan Shaaban, diretor do escritório da companhia em Beirute, Líbano.

Segundo noticiou o jornal libanês Al-Akhbar, Shaaban estaria inconformado com a política parcial e provocativa que a Al Jazira tem adotado em suas informações sobre a Síria e o Bahrein, principalmente.

Pelos mesmos motivos, o produtor da correspondência da Al Jazira em Beirute, Mousa Ahmad, e o corresponsável Ali Hashem já haviam se demitido.

Ghassan bin Jeddo, diretor que antecedeu Shaaban no escritório da Al Jazira em Beirute, ao renunciar ao cargo argumentou que o canal catariano se converteu em um centro de operações de provocação e mobilização contra a Síria e outros países árabes e que ele não estava disposto a fazer “falsos testemunhos”.

Troca de cadeiras

Em setembro do ano passado, o jornalista palestino Wadah Khanfar, que comandou a emissora pelos últimos oito anos, deixou a direção da Al Jazira para dar lugar a Ahmed bin Jassum al-Thani, membro da família real do Catar.

De acordo com Arlene Elizabeth Clemesha, professora de História Árabe do departamento de Letras Orientais da USP, essa troca de liderança está relacionada com as preocupações da monarquia catariana em relação às mudanças políticas que a Primavera árabe trouxe.

“Com a Primavera Árabe, a neutralidade da Al Jazira foi ameaçada. A monarquia catariana quis influenciar, por meio do canal, o incerto futuro político da região”, afirma Clemesha. “O Catar tem um projeto político muito forte e quer possuir uma liderança política regional”, completa.

Segundo a professora, a Al Jazira sempre foi um contraponto confiável às agências de notícia ocidentais, porém os levantes árabes trouxeram uma complexidade ao posicionamento ‘árabe’ da rede. “Enquanto a Al Jazira se posicionava como uma ‘voz árabe’, ela tinha todo apoio da monarquia do Catar. Mas depois da Primavera Árabe, a ‘voz árabe’ passou a ser várias vozes, o que desagradou a monarquia do Catar e incentivou a intervenção”, explica Clemesha.

Atualmente, a Al Jazira investe na criação de outros canais de televisão, em diferentes idiomas, e na expansão de seus escritórios no mundo árabe.

A Primavera Árabe que derrubou ditadores de quatro países do Oriente Médio pode estar minando também a credibilidade da principal referência do jornalismo na região.

Em protesto contra a cobertura considerada parcial de manifestações populares na Síria, a Al Jazira recebeu, nas últimas semanas, diversos pedidos de demissão de jornalistas. Entre os insatisfeitos está Hassan Shaaban, diretor do escritório da companhia em Beirute, Líbano.

Segundo noticiou o jornal libanês Al-Akhbar, Shaaban estaria inconformado com a política parcial e provocativa que a Al Jazira tem adotado em suas informações sobre a Síria e o Bahrein, principalmente.

Pelos mesmos motivos, o produtor da correspondência da Al Jazira em Beirute, Mousa Ahmad, e o corresponsável Ali Hashem já haviam se demitido.

Ghassan bin Jeddo, diretor que antecedeu Shaaban no escritório da Al Jazira em Beirute, ao renunciar ao cargo argumentou que o canal catariano se converteu em um centro de operações de provocação e mobilização contra a Síria e outros países árabes e que ele não estava disposto a fazer “falsos testemunhos”.

Troca de cadeiras

Em setembro do ano passado, o jornalista palestino Wadah Khanfar, que comandou a emissora pelos últimos oito anos, deixou a direção da Al Jazira para dar lugar a Ahmed bin Jassum al-Thani, membro da família real do Catar.

De acordo com Arlene Elizabeth Clemesha, professora de História Árabe do departamento de Letras Orientais da USP, essa troca de liderança está relacionada com as preocupações da monarquia catariana em relação às mudanças políticas que a Primavera árabe trouxe.

“Com a Primavera Árabe, a neutralidade da Al Jazira foi ameaçada. A monarquia catariana quis influenciar, por meio do canal, o incerto futuro político da região”, afirma Clemesha. “O Catar tem um projeto político muito forte e quer possuir uma liderança política regional”, completa.

Segundo a professora, a Al Jazira sempre foi um contraponto confiável às agências de notícia ocidentais, porém os levantes árabes trouxeram uma complexidade ao posicionamento ‘árabe’ da rede. “Enquanto a Al Jazira se posicionava como uma ‘voz árabe’, ela tinha todo apoio da monarquia do Catar. Mas depois da Primavera Árabe, a ‘voz árabe’ passou a ser várias vozes, o que desagradou a monarquia do Catar e incentivou a intervenção”, explica Clemesha.

Atualmente, a Al Jazira investe na criação de outros canais de televisão, em diferentes idiomas, e na expansão de seus escritórios no mundo árabe.

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