Economia

Um bom investimento

O Brasil precisa aproveitar a disponibilidade de trabalhadores qualificados no mundo em crise e atrair cérebros estrangeiros que estimulem nosso desenvolvimento

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O Brasil não tem sabido aproveitar as oportunidades que surgiram na Europa e nos Estados Unidos para a atração da mão de obra tornada disponível após a eclosão da crise financeira há quatro anos. Desde o início, a rapidez com que se destruíram os postos de trabalho tornou visível que existia uma disponibilidade de mão de obra de nível técnico superior, formada em anos de estudos nos países de origem.

Bilhões de dólares e euros foram investidos para preparar em Portugal, na Espanha, na Itália e nos demais países da Eurozona engenheiros, médicos, biólogos, químicos, físicos e matemáticos, que passaram a ter dificuldade de colocação no mercado de trabalho em seus países de origem, por anos seguidos. Muitos deles provavelmente aceitariam oportunidades no exterior, desde que convenientemente estimulados e sob a proteção de leis adequadas.

Os brasileiros não estão geralmente atentos ao fato de que a construção de nosso País contou com a participação decisiva dos imigrantes, atraídos nos séculos XIX e XX por alguns fatos notórios: uma sociedade que não discrimina estrangeiros, que convive com todas as etnias e oferece oportunidades diversificadas em todas as escalas sociais. Esses conceitos persistem e se difundiram lá fora ao longo das últimas décadas, o que nos facilitaria estimular novas formas de imigração nessa quadra de crises que o mundo vive.

Uma boa parte dessa mão de obra, inclusive em ramos especialíssimos, nos permitiria eliminar muitas tensões que se formaram no mercado de trabalho, devido à carência de profissionais. Nós temos as condições de sucesso para aumentar a atração de profissionais de todos os ramos importantes de conhecimento, pela qualidade de vida que podemos oferecer, pela disponibilidade de matérias-primas e pelo enorme mercado que continua se expandindo, enquanto o resto do mundo se mantém estagnado, com a economia patinando.

Informações que a mídia atribui à Casa Civil da Presidência da República dizem que o governo prepara projeto de uma nova legislação sobre a imigração a ser encaminhado ao Congresso Nacional em 2013. Estamos com um bom atraso na discussão do tema, cuja importância não pode ser esquecida, à luz dos deslocamentos geográficos e da evolução dos níveis demográficos em escala mundial. Precisamos de uma legislação mais adequada ao nosso tempo e às novas circunstâncias que envolvem antigos (EUA) e novos (China e mundo asiático) protagonistas das mudanças na geografia econômica e nos movimentos migratórios neste século XXI.

Sou grande entusiasta de uma legislação que permita orientar as correntes migratórias e dê segurança aos imigrantes diante da oposição de sindicatos (ou pretensos sindicatos disfarçados em ONGs), que preferem o País parado a enfrentar uma concorrência que só pode ser benéfica para o desenvolvimento econômico, social e político do Brasil.

É preciso combater a ideia nos meios sindicais de que o monopólio do emprego protege a renda do trabalhador, quando na verdade serve apenas para que seus ­líderes ­tenham mais renda. A imigração, regulada em acordo com os novos tempos, é um fator extremamente positivo, que já ajudou e poderá ajudar ainda mais a desenvolver o país que acolhe e dá trabalho aos imigrantes.

Ousaria dizer que, se investirmos numa boa lei para facilitar a entrada de profissionais estrangeiros – de toda a natureza – sob o estímulo e a garantia de uma boa legislação, poderemos ter, no espaço de apenas uma geração, o dobro do crescimento que buscamos para a economia brasileira. Esse é o objetivo principal, mas não podemos ignorar, na sua discussão, os prováveis efeitos das mudanças programadas para a legislação norte-americana, com as quais o presidente Obama se comprometeu no final de sua campanha para a reeleição. Da mesma forma será preciso pensar nas salvaguardas em relação às iniciativas chinesas de promover a emigração orientada de seus estudantes, em princípio com o saudável objetivo de ampliar o intercâmbio nas áreas de educação e ciências, mas sujeito a mudanças que devem ser monitoradas.

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Bilhões de dólares e euros foram investidos para preparar em Portugal, na Espanha, na Itália e nos demais países da Eurozona engenheiros, médicos, biólogos, químicos, físicos e matemáticos, que passaram a ter dificuldade de colocação no mercado de trabalho em seus países de origem, por anos seguidos. Muitos deles provavelmente aceitariam oportunidades no exterior, desde que convenientemente estimulados e sob a proteção de leis adequadas.

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