Economia

Trump, o TPP e o Brasil

Saída dos EUA do acordo é boa para o agronegócio brasileiro

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Voltei. Não mais apenas como colunista. Assinante que sou, tornei-me sócio desta CartaCapital. Um financista da Avenida Paulista, de origem italiana, parecido com o inesquecível ator Alberto Sordi (1920-2003), questionaria:

– Ma si fanno i soldi?

Seu assessor, da mesma origem, espanto de um membro de “L’Armata Brancaleone” (1966), responderia:

– Al contrario, si paga.

Sou assim. Não perco a oportunidade do gracejo, jeitão que posso ter adquirido quando assisti ao filme I soliti ignoti, “Os eternos desconhecidos” (1958), de Mario Monicelli (1915-2010), mesmo diretor da epopeia de Vittorio Gassman (1922-2000). Naquela época, o cinema italiano produzia comédias magistrais e todos compreenderiam o scherzo acima.

Fiquei um mês fora desta tela. Não imaginem férias. Continuei em Andanças Capitais, apenas não escrevi sobre elas. Fui defender minha lavoura literária independente, o Dominó de Botequim, livro de crônicas que contou com o luxuoso auxílio dos pandeiros de alguns amigos da CartaCapital.

No período, frequentei outras telas, mas assim do alto, como sugeriu Paulinho da Viola. Constatei que o planeta, visto das montanhas nevadas da Suíça, não parece um céu no chão. Daí ser constante eu repetir o filósofo brasileiro Paulo Arantes sobre o momento do capitalismo: “pode morrer de overdose”.

Havendo interesse e paciência, o artigo “As mariposa, a lâmpida e o desânimo” foi publicado em três partes no link: 

No bem que me toca, algumas observações:

O último artigo aqui publicado, em 27/12/2016, mencionava as perspectivas para as pobreza e agronegócios brasileiros, em 2017. Reafirmo-os ainda com mais certeza. Viramos tragédia e farsa.

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Nove entre cada dez analistas econômicos sérios do planeta acreditam no aumento do protecionismo. O outro garrou paixão no pele-laranja, certo de que seu restaurante de tapas não terá mais concorrência mexicana.

A Federação de Corporações, através de avaliação da Confederação da Agropecuária do Brasil, a CNA, entrou em faniquito sorridente com a ameaça de Donald Trump fazer os EUA caírem fora do Acordo de Parceria Transpacífico (TPP). O Acordo poderia afetar as exportações brasileiras agropecuárias, mais de 13 bilhões de dólares para 12 países das Américas, Ásia e Oceania, incluídos no TPP.

Feito o Acordo continuaríamos pagando pesadas tarifas de importação para entrar nesses mercados, o que nos faria perder competitividade em arroz, carnes bovina e suína, açúcar, lácteos e tabaco.

A pergunta que não quer calar: Trump estaria fazendo isso por quê? Teme mais a intensificação do comércio desses produtos entre os demais países membros do TPP ou acha que o Brasil não é de nada?

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Firmem seus olhares nas sobrancelhas de William e Renata, no JN. Verão preocupação. Amassei barro e sei que grande parte da produção de hortaliças folhosas, por causa das chuvas, foi altamente prejudicada. Os globais apresentadores logo estarão chamando nossas saladas de vilãs e não por causa do teor de agrotóxicos. O mesmo qualificativo será dado ao café, que a Conab estima 15% de quebra na produção.

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Michel Temeroso das Urnas, ao anunciar disponibilidade de 12 bilhões de reais para o pré-custeio, diga-se de passagem, contemplados no Plano Safra 2016/17, de Dilma e Kátia, declara: “Alguém muito sábio me disse: ‘apegue-se ao agronegócio que é lá que você vai encontrar um grande amparo’”.

Uai, mais ainda? Cuidado!

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Sim, além de bananas (menos), nós temos confederações, federações, associações e a Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) que, ao completar 120 anos, premiou a Rede Globo pela campanha publicitária “Agro é tech, agro é pop, agro é tudo”.

Só esqueceram de contar que um grupo de publicitários paulistas, há quase três décadas, fez comunicação muito mais criativa e honesta para uma empresa de fertilizantes em que eu trabalhava.

Se eles permitirem, na próxima coluna, dou nome aos bois.  

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