Economia

Qual é o futuro do desenvolvimento do Brasil?

Encontro em Campinas debate estratégias de médio e longo prazo e o papel da indústria no PIB nacional

Contêiners são preparados para exportação no Porto de Paranaguá (PR). A situação da indústria é o foco do fórum em Campinas. Foto: Divulgação
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As incertezas internacionais, a recente piora da situação externa brasileira, a perda de competitividade dos produtos manufaturados fabricados no País, aparentemente sem volta possível, a precária situação regional e a crise sem solução na Zona do Euro dominaram o primeiro dia do seminário Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento Brasileiro, que continua nesta terça-feira e na quarta-feira no Instituto de Economia da Unicamp, com transmissão ao vivo pela internet.

O evento é organizado pela Rede Desenvolvimentista, núcleo de debates e pesquisas criado por pesquisadores e professores ligados principalmente ao IE-Unicamp, Universidade Federal do Rio de Janeiro, outras universidades federais e FGV-SP, com apoio do Centro de Estudos Estratégicos (CGEE), Oscip conveniada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

A ideia do grupo é discutir estratégias de médio e longo prazo de desenvolvimento nacional, com ênfase na centralidade da indústria e na diversificação da matriz econômica no sentido de uma maior participação dos setores intensivos em conhecimento. Remam, portanto, contra a maré de uma conjuntura extremamente favorável ao agronegócio e às exportações de commodities de baixo valor agregado, como o minério de ferro, apesar da proximidade ideológica com a atual equipe econômica.

“É preciso reconhecer que nos últimos anos estamos cada vez mais dependentes do preço das commodities”, afirmou André Biancarelli, atual coordenador da rede e professor do IE-Unicamp, na mesa que avaliou com a situação externa da economia brasileira. “O mais provável é que nos próximos anos o setor externo não seja nem alavanca do crescimento, já que não está no horizonte uma opção de crescimento do tipo export led (focada nas exportações, como as asiáticas), mas tampouco funcionará como um bloqueio, como já ocorreu em outros momentos da história da economia brasileira. Ou seja, não está no horizonte uma crise cambial clássica”, afirmou Biancarelli. Daniela Prates, também do IE-Unicamp, foi mais pessimista: chamou a atenção para os efeitos perniciosos e de longo prazo decorrentes da valorização cambial e a consequente piora da balança comercial, com o déficit crescente de manufaturados.

Com viés heterodoxo ligado ao pensamento de figuras como Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa, Luiz Gonzaga Belluzzo, Delfim Netto, Samuel Pinheiro Guimarães (presente ao encontro em Campinas) e Bresser-Pereira (que participará de uma mesa na quinta-feira), serão discutidos temas como o mercado de trabalho, desigualdade e políticas sociais, estratégias de desenvolvimento, fontes de financiamento e políticas econômicas capazes de enfrentar a maré internacional de instabilidade e a maré nacional da soja.

A programação completa e a transmissão online estão acessíveis no site da Rede Desenvolvimentista (http://www.reded.net.br/), que também terá em breve a íntegra dos debates.

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