Economia

Os nós que impedem a solução da crise global

Enquanto os bancos centrais mundiais permanecerem capturados pelo mercado, não haverá saída para a crise. Por Luis Nassif

Foto: Daniel Roland / AFP
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A decisão da União Europeia, de colocar todos os bancos comerciais sob supervisão do Banco Central Europeu é um passo tecnicamente justificável, mas na direção de uma política desastrosa.

Hoje em dia, a crise bancária tornou vulneráveis muitos sistemas bancários nacionais. O rebaixamento de bancos e países por agências de risco torna mais caras a rolagem de dívidas e a captação de recursos.

Ao colocar todos os bancos (a partir de determinado volume de capital) sob suas asas, o BCE elimina o fator risco, reduzindo o custo de captação e rolagem das dívidas.

Mas não resolve o ponto central.

***

A crise internacional foi decorrência do excesso de liquidez na economia, com a criação, sem controle, de inúmeras ferramentas financeiras que multiplicaram por várias vezes a capacidade de especular dos investidores.

Nesse período, os grandes bancos lograram o controle dos bancos centrais de seus respectivos países. Com o tempo, passou a haver uma articulação entre esses diversos BCs, dominados por economistas de determinados centros de pensamento econômico.

***

Esta semana, o diário norte-americano “The Wall Street Journal” trouxe importante matéria mostrando a articulação de dez banqueiros centrais, todos eles egressos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT.

Juntos, representam países que respondem por ¾ da produção econômica mundial. Desde 2007, esse grupo de banqueiros inundou o mundo com a emissão de US$ 11 trilhões.

Como explicam os repórteres Jon Hilsenrath e Brian Blackstone, “os banqueiros centrais forjaram o seu próprio caminho, independente de eleitores e políticos, unidos por conversas frequentes e por relacionamentos que às vezes remontam à época da universidade”.

Agora, planejam novo banho de liquidez, jogando uma aposta de altíssimo risco para a economia global, mesmo com os parcos resultados que esse tipo de política trouxe para a economia real. Desenvolveram uma teoria que o maior teórico das crises financeiras, Kenneth Rogoff, reputou como não comprovada.

***

O excesso de liquidez tem servido exclusivamente para dar sobrevida às jogadas financeiras cada vez mais frequentes, que têm resultado em escândalos periódicos sendo coibidos pela Justiça dos diversos países

Mas em nenhum momento se tocou no foco central: o excesso de liquidez e os paraísos fiscais que vicejam em plena Europa, como centros gigantescos de sonegação fiscal e de trânsito de dinheiro de todas as procedências, do narcotráfico à corrupção política.

É o caso das contas numeradas nos bancos suíços, fonte permanente de escândalos dos quais o menos grave é o da sonegação fiscal por parte das grandes fortunas, em um período em que cortam-se serviços sociais para equilibrar as contas públicas.

***

Nos últimos anos, esses escândalos pegaram o espanhol Santander, os britânicos HSBC e Barclays, os norte-americanos Goldman Sachs, JP Morgan e Bank of America, os franceses Société Générale e Crédit Agricole, o alemão Deutsche Bank, o suíço Credit Suisse.

Enquanto os BCs mundiais permanecerem capturados pelo mercado, não haverá saída para a crise.

A decisão da União Europeia, de colocar todos os bancos comerciais sob supervisão do Banco Central Europeu é um passo tecnicamente justificável, mas na direção de uma política desastrosa.

Hoje em dia, a crise bancária tornou vulneráveis muitos sistemas bancários nacionais. O rebaixamento de bancos e países por agências de risco torna mais caras a rolagem de dívidas e a captação de recursos.

Ao colocar todos os bancos (a partir de determinado volume de capital) sob suas asas, o BCE elimina o fator risco, reduzindo o custo de captação e rolagem das dívidas.

Mas não resolve o ponto central.

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A crise internacional foi decorrência do excesso de liquidez na economia, com a criação, sem controle, de inúmeras ferramentas financeiras que multiplicaram por várias vezes a capacidade de especular dos investidores.

Nesse período, os grandes bancos lograram o controle dos bancos centrais de seus respectivos países. Com o tempo, passou a haver uma articulação entre esses diversos BCs, dominados por economistas de determinados centros de pensamento econômico.

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Esta semana, o diário norte-americano “The Wall Street Journal” trouxe importante matéria mostrando a articulação de dez banqueiros centrais, todos eles egressos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT.

Juntos, representam países que respondem por ¾ da produção econômica mundial. Desde 2007, esse grupo de banqueiros inundou o mundo com a emissão de US$ 11 trilhões.

Como explicam os repórteres Jon Hilsenrath e Brian Blackstone, “os banqueiros centrais forjaram o seu próprio caminho, independente de eleitores e políticos, unidos por conversas frequentes e por relacionamentos que às vezes remontam à época da universidade”.

Agora, planejam novo banho de liquidez, jogando uma aposta de altíssimo risco para a economia global, mesmo com os parcos resultados que esse tipo de política trouxe para a economia real. Desenvolveram uma teoria que o maior teórico das crises financeiras, Kenneth Rogoff, reputou como não comprovada.

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Mas em nenhum momento se tocou no foco central: o excesso de liquidez e os paraísos fiscais que vicejam em plena Europa, como centros gigantescos de sonegação fiscal e de trânsito de dinheiro de todas as procedências, do narcotráfico à corrupção política.

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