Economia

O que emperra o crescimento do PIB?

Com o setor financeiro e os investimentos em baixa, a economia avançou só 0,6% no 3º trimestre

Foto: Claudio Capucho/Vale/AE
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O crescimento de 0,6% do PIB no terceiro trimestre de 2012, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira 30, praticamente enterrou a possibilidade de a economia brasileira fechar o ano com alta de 1,5%. Apesar disto, os resultados foram positivos para a agropecuária, que teve alta de 2,5%, e a indústria que, após seguidas quedas, registrou alta de 1,1%.

Após registrar queda de 0,9% no trimestre anterior, o setor industrial demostrou forte recuperação. Em grande parte devido à indústria de transformação (1,5% de alta), que representa 53% do setor, e pela construção civil (0,3%). Entretanto, o desempenho precisa ser relativizado. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 0,9%, principalmente pelo baixo resultado da produção de máquinas e equipamentos, entre outros. “O que surpreendeu foi a fraqueza em outros setores e não o crescimento da indústria”, defende o professor de Economista da USP Fabio Kanczuk, pós-doutor pela Universidade de Harvard (EUA).

Entre estas surpresas estão o fraco desempenho das instituições financeiras, o que provocou a estagnação do setor de serviços, e a queda nos investimentos. Dois fatores responsáveis por segurar o crescimento do PIB no terceiro trimestre. 

Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo (FBCF) caiu 5,6% na comparação com o mesmo período de 2011. O FBCF é um indicador que mede o aumento dos bens de capital das empresas (aqueles que servem para produzir outros bens, como máquinas e equipamentos). Com isso, é possível saber se a capacidade de produção do país cresce e se os empresários demonstram confiança para investir.

A queda neste índice foi puxada pela baixa na importação e produção interna de máquinas e equipamentos, além da desaceleração do crescimento da construção civil. Esse foi o maior recuo desde o terceiro trimestre de 2009, auge da crise mundial. “Esperava-se um índice melhor de investimento, ou até alguma recuperação”, diz o economista Júlio Sergio Gomes de Almeida, professor da Unicamp. “O investimento público autônomo não está servindo como indutor de investimentos da economia como um todo, portanto, não compensa a queda do investimento privado.”

A falta de confiança dos empresários é apontada como um fator para deixar de lado os investimentos até que o cenário externo de crise se resolva e a economia nacional volte a se consolidar. “O governo precisa deixar de ser parcimonioso no incentivo ao investimento privado e precisa destravar o investimento público. A política econômica não está errada, mas é tímida quando deveria ser ousada.”

Em meio a isso, a taxa de investimento do PIB no terceiro trimestre foi de 18,7% do PIB, inferior aos 20% na comparação com o ano anterior. Uma redução influenciada, principalmente, pela queda, em volume, da formação bruta de capital fixo.

 

A outra área que ajudou a puxar para baixo o PIB é o setor de serviços, que tem o maior peso no PIB. E isso ocorreu devido ao fraco desempenho das instituições financeiras (bancos, corretoras, seguradoras e outros), que registram uma queda de 1,3% na comparação com o segundo trimestre. O pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando a crise nos EUA estourou.

Segundo analistas, o governo federal teve influência nestes resultados ao pressionar pela diminuição do spread bancário, com a queda da margem de lucro dos bancos para diminuir os juros ao consumidor. “Houve inadimplência e os bancos tiveram resultado ruim. É contraditório dizer que a medida adotada para melhorar a economia tenha tido impacto negativo no PIB, mas ela não é relevante e não deve ocorrer mais”, explica Kanczuk.

O país estaria, no entanto, no caminho certo com as medidas de incentivo, como o corte da Selic para 7,25% ao ano. “A queda da taxa básica de juros ajuda o setor público a economizar dinheiro e a economia real fica mais atrativa. O governo também está se esforçando para reduzir o custo do crédito, que é uma revolução. Mas isso tudo leva tempo para que os resultados apareçam”. acredita Almeida. E Kanczuk emenda: “O câmbio está ajudando, os juros e as condições estão montadas para a economia crescer forte.”

Com informações Agência Brasil.

O crescimento de 0,6% do PIB no terceiro trimestre de 2012, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira 30, praticamente enterrou a possibilidade de a economia brasileira fechar o ano com alta de 1,5%. Apesar disto, os resultados foram positivos para a agropecuária, que teve alta de 2,5%, e a indústria que, após seguidas quedas, registrou alta de 1,1%.

Após registrar queda de 0,9% no trimestre anterior, o setor industrial demostrou forte recuperação. Em grande parte devido à indústria de transformação (1,5% de alta), que representa 53% do setor, e pela construção civil (0,3%). Entretanto, o desempenho precisa ser relativizado. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 0,9%, principalmente pelo baixo resultado da produção de máquinas e equipamentos, entre outros. “O que surpreendeu foi a fraqueza em outros setores e não o crescimento da indústria”, defende o professor de Economista da USP Fabio Kanczuk, pós-doutor pela Universidade de Harvard (EUA).

Entre estas surpresas estão o fraco desempenho das instituições financeiras, o que provocou a estagnação do setor de serviços, e a queda nos investimentos. Dois fatores responsáveis por segurar o crescimento do PIB no terceiro trimestre. 

Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo (FBCF) caiu 5,6% na comparação com o mesmo período de 2011. O FBCF é um indicador que mede o aumento dos bens de capital das empresas (aqueles que servem para produzir outros bens, como máquinas e equipamentos). Com isso, é possível saber se a capacidade de produção do país cresce e se os empresários demonstram confiança para investir.

A queda neste índice foi puxada pela baixa na importação e produção interna de máquinas e equipamentos, além da desaceleração do crescimento da construção civil. Esse foi o maior recuo desde o terceiro trimestre de 2009, auge da crise mundial. “Esperava-se um índice melhor de investimento, ou até alguma recuperação”, diz o economista Júlio Sergio Gomes de Almeida, professor da Unicamp. “O investimento público autônomo não está servindo como indutor de investimentos da economia como um todo, portanto, não compensa a queda do investimento privado.”

A falta de confiança dos empresários é apontada como um fator para deixar de lado os investimentos até que o cenário externo de crise se resolva e a economia nacional volte a se consolidar. “O governo precisa deixar de ser parcimonioso no incentivo ao investimento privado e precisa destravar o investimento público. A política econômica não está errada, mas é tímida quando deveria ser ousada.”

Em meio a isso, a taxa de investimento do PIB no terceiro trimestre foi de 18,7% do PIB, inferior aos 20% na comparação com o ano anterior. Uma redução influenciada, principalmente, pela queda, em volume, da formação bruta de capital fixo.

 

A outra área que ajudou a puxar para baixo o PIB é o setor de serviços, que tem o maior peso no PIB. E isso ocorreu devido ao fraco desempenho das instituições financeiras (bancos, corretoras, seguradoras e outros), que registram uma queda de 1,3% na comparação com o segundo trimestre. O pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando a crise nos EUA estourou.

Segundo analistas, o governo federal teve influência nestes resultados ao pressionar pela diminuição do spread bancário, com a queda da margem de lucro dos bancos para diminuir os juros ao consumidor. “Houve inadimplência e os bancos tiveram resultado ruim. É contraditório dizer que a medida adotada para melhorar a economia tenha tido impacto negativo no PIB, mas ela não é relevante e não deve ocorrer mais”, explica Kanczuk.

O país estaria, no entanto, no caminho certo com as medidas de incentivo, como o corte da Selic para 7,25% ao ano. “A queda da taxa básica de juros ajuda o setor público a economizar dinheiro e a economia real fica mais atrativa. O governo também está se esforçando para reduzir o custo do crédito, que é uma revolução. Mas isso tudo leva tempo para que os resultados apareçam”. acredita Almeida. E Kanczuk emenda: “O câmbio está ajudando, os juros e as condições estão montadas para a economia crescer forte.”

Com informações Agência Brasil.

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