Economia

Inflação deve cair ao longo do ano, acreditam analistas

Mesmo estourando o teto da meta nos últimos 12 meses, índice deve ceder com a nova safra de alimentos

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses ultrapassou em março o teto da meta de inflação do governo federal. Pressionado pela alta dos preços dos alimentos e da habitação, atingiu 6,59% ante os 6,5% da meta, conforme divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira 10. Ainda assim, o índice deve ceder ao longo do ano.

“Este dado está carregado por um período em que houve muitos aumentos. É um problema do passado, mas o quadro inflacionário ficará apertado de qualquer forma  neste ano”, diz o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor da Unicamp.

Um indicativo de um cenário de controle da inflação durante o ano é o IPCA de março. No mês, o índice ficou em 0,47%, contra 0,60% em fevereiro. O resultado ficou abaixo dos 0,5% esperados pelo mercado, algo que ocorreu pela primeira vez em nove meses. “Isso indica que [a trajetória de queda] deve continuar, pois a inflação tende a perder força com a entrada da safra agrícola nos próximos meses”, acredita o economista Antonio Carlos Alves dos Santos, professor da PUC-SP.

No acumulado do primeiro trimestre do ano, a inflação está em 1,94%. E o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou naa quarta-feira 10 que o governo não poupará esforços para controlar o índice. “Estamos em uma trajetória de reduzir a inflação.”

Parte do resultado esperado pelo ministro pode vir da previsão de uma safra agrícola maior para este ano no País, diminuindo a pressão sobre os alimentos. O item teve alta de 1,14% em março, 1,45% em fevereiro e 1,99% em janeiro. As explicações incluem problemas climáticos, quebras de safra e maior demanda. Somente no mês passado, os alimentos responderam por 60% da variação da inflação, com destaque para as variações de mandioca (151,39%), tomate (122,13%) e batata inglesa (97,29%).

Nem mesmo a desoneração dos produtos da cesta básica, anunciada pela presidenta Dilma Rousseff, foi suficiente para evitar a alta dos preços. “É natural que uma desoneração no primeiro momento seja absorvida por margens de lucro na produção ou comercialização. Ao longo do processo é que a redução de impostos vai levar à queda de preços para o consumidor”, diz Almeida.

           

Com a incerteza sobre o rumo da inflação, o mercado já ventila como inevitável um aumento na taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, atualmente em 7,25% ao ano. A previsão é que a taxa subiria para 7,5% em maio e fecharia o ano em 8,5%. Uma medida que deve ser analisada com cuidado. Segundo Almeida, o aumento da Selic poderia permitir que o processo de alta da inflação não se generalize, mas o crescimento poderia ser afetado. “A economia brasileira está muito fraca e o aumento dos juros vai deixá-la ainda pior. Trata-se de uma economia que cresceu apenas 0,9% em 2012, não está superaquecida. Aumentar juros em uma economia cambaleante pode ter efeito forte em um possível início de aquecimento.”

O governo, diz ele, precisa acenar para o mercado – que está atento à inflação – e jogar com as expectativas, aumentando o juros ou deixando claro que se preocupa com o tema. Santos, por outro lado, acredita que o problema central não está sendo atacado: o elevado desequilíbrio entre a oferta e demanda agregada. “Neste caso, só há duas alternativas: reduzir gastos públicos ou aumentar os juros.”

Educação ajuda na queda do IPCA de março

Um dos itens que mais ajudaram a minimizar o IPCA em março foi a educação, que passou de uma variação de 5,40% em fevereiro, para apenas 0,56%. O grupo de transportes também contribuiu, ao sair de uma alta de 0,81% no mês passado para uma queda de 0,09% em março. Algo explicado pelo declínio de 16,43% das passagens áreas em março. A gasolina registrou variação de 0,09% em março contra 4,10% de fevereiro.

 

Com informações Agência Brasil.

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