Economia

Entidades comemoram, mas fazem novos alertas

Sindicatos e empresas comemoram reduçao da Selic, mas avisam: ainda há muito a ser feito

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Sindicatos e empresas comemoraram, na quarta-feira 30, a decisão do Copom de baixar os juros para 8,5% ao ano, menor patamar desde a criação da Selic, em 1986. Houve ressalvas, no entanto, como a manifestada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em nota: “A queda nos juros e o equilíbrio cambial são positivos, mas não podem ser as únicas iniciativas em prol da competitividade brasileira”.

“Produzir no Brasil é mais caro do que nos Estados Unidos, em muitos países da Europa e nos nossos vizinhos da América do Sul”, diz a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Entre as medidas propostas pela federação está a redução da carga tributária, do custo da energia, do preço do gás, e da burocracia.

Para a Força Sindical, a diminuição da taxa básica de juros é “um incentivo para a economia que cresce em ritmo muito lento”.

De acordo com o presidente em exercício da entidade, Miguel Torres, “a redução, que ocorre pela sétima vez seguida, é também um alento para a fraqueza industrial do país, que vem mostrando dificuldades em apresentar sinais consistentes de crescimento”, disse.

Torres defende que os juros continuem caindo para combater a “especulação, que é um mecanismo perverso que inibe a produção, o consumo e a geração de novos postos de trabalho”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) avaliou como um avanço o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, mas cobrou do governo medidas para garantir também a redução dos valores cobrados pelos empréstimos. “Embora todos os grandes bancos, pressionados pelo governo, tenham anunciado reduções nas taxas de juros, e usem isso até em suas campanhas de marketing, a verdade é que o crédito mais barato não chegou à ponta, ao consumidor”, diz o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.

Segundo Cordeiro, os bancos têm diminuído os juros apenas para poucas modalidades de financiamento. “As reduções ocorrem em apenas algumas linhas de crédito, com tantas condicionantes impostas, que excluem a grande maioria dos clientes”.

Para o presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, a decisão foi acertada. Ele destacou as mudanças na Caderneta de Poupança que proporcionaram ao Copom baixar os juros. “A alteração nas regras da caderneta de poupança, por sua vez, eliminou barreira que impedia o corte maior nos juros. No campo fiscal, o governo tem méritos em cumprir as metas de economia para pagamento de sua dívida, mas precisa atentar para a elevação das despesas de custeio”, disse.

Diniz defende que o governo continue a estimular a competitividade e o crescimento das empresas. “Mais do que nunca, nosso foco deve estar em aumentar a competitividade e a produtividade das empresas, de modo a incentivar o investimento e inserir, de vez, a economia brasileira em um ciclo virtuoso de crescimento. Para tal, juros mais razoáveis são fundamentais”.

Já a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) destacou em nota: “O novo corte vai ao encontro dos esforços que o governo tem empenhado em reduzir os juros ao consumidor e, desta maneira, possibilitar um crescimento interno sustentado pelo ciclo virtuoso de consumo das famílias, geração de empregos e expansão da massa de rendimentos”.

Para entidade, o corte também ajuda a evitar que a economia nacional seja prejudicada pela crise que atinge a zona do euro.

A Fecomercio-SP mantém a sua posição na defesa de novas diminuições na taxa de juros. “A entidade reforça que novos cortes na Selic são fundamentais para reduzir os gastos com a dívida pública e liberar recursos para investimento em áreas fundamentais para o contínuo desenvolvimento do país, como infraestrutura, segurança e educação”.

Efeitos

Para o diretor executivo de Estudos Financeiros da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira, o efeito da redução da taxa básica será pequeno nas operações de crédito ao consumidor.

De acordo com a Anefac, enquanto a Selic está em 8,5% ao ano, as taxas de juros cobradas dos consumidores devem ficar em 106,09% ao ano na média.

Oliveira explica que isso ocorre porque na taxa de juros cobrada dos consumidores existem alguns custos embutidos. A influencia da Selic está na queda do custo de captação de recursos pelos bancos. Quanto a taxa básica é reduzida, o custo de captação pelos bancos diminui.

Mas o diretor lembra que os outros custos permanecem como estão atualmente: impostos e depósitos compulsórios, despesas administrativas das instituições financeiras e o custo do risco, uma vez que parte dos clientes não vai pagar o empréstimo. Além disso, destaca Oliveira, os bancos também incluem, na taxa cobrada dos clientes, o lucro que vai receber por emprestar o dinheiro.

Na simulação feita pela Anefac, com a redução da Selic, a taxa média de juros anual cobrada de pessoas físicas passa de 107,03% para 106,09%. No caso do cartão de crédito, os juros caem de 238,3% para 236,83% ao ano.

No caso dos juros cobrados no comércio, a taxa anual passa de 74,92% para 74,12%. Com a queda dos juros, na compra de uma geladeira, com preço à vista de 1,5 mil reais, por exemplo, a diferença em cada uma das prestações, de um total de 12, é 38 centavos. Ao final de 12 meses, o consumidor terá pago 4,55 reais a menos.

 

Com informações da Agência Brasil

Sindicatos e empresas comemoraram, na quarta-feira 30, a decisão do Copom de baixar os juros para 8,5% ao ano, menor patamar desde a criação da Selic, em 1986. Houve ressalvas, no entanto, como a manifestada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em nota: “A queda nos juros e o equilíbrio cambial são positivos, mas não podem ser as únicas iniciativas em prol da competitividade brasileira”.

“Produzir no Brasil é mais caro do que nos Estados Unidos, em muitos países da Europa e nos nossos vizinhos da América do Sul”, diz a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Entre as medidas propostas pela federação está a redução da carga tributária, do custo da energia, do preço do gás, e da burocracia.

Para a Força Sindical, a diminuição da taxa básica de juros é “um incentivo para a economia que cresce em ritmo muito lento”.

De acordo com o presidente em exercício da entidade, Miguel Torres, “a redução, que ocorre pela sétima vez seguida, é também um alento para a fraqueza industrial do país, que vem mostrando dificuldades em apresentar sinais consistentes de crescimento”, disse.

Torres defende que os juros continuem caindo para combater a “especulação, que é um mecanismo perverso que inibe a produção, o consumo e a geração de novos postos de trabalho”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) avaliou como um avanço o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, mas cobrou do governo medidas para garantir também a redução dos valores cobrados pelos empréstimos. “Embora todos os grandes bancos, pressionados pelo governo, tenham anunciado reduções nas taxas de juros, e usem isso até em suas campanhas de marketing, a verdade é que o crédito mais barato não chegou à ponta, ao consumidor”, diz o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.

Segundo Cordeiro, os bancos têm diminuído os juros apenas para poucas modalidades de financiamento. “As reduções ocorrem em apenas algumas linhas de crédito, com tantas condicionantes impostas, que excluem a grande maioria dos clientes”.

Para o presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, a decisão foi acertada. Ele destacou as mudanças na Caderneta de Poupança que proporcionaram ao Copom baixar os juros. “A alteração nas regras da caderneta de poupança, por sua vez, eliminou barreira que impedia o corte maior nos juros. No campo fiscal, o governo tem méritos em cumprir as metas de economia para pagamento de sua dívida, mas precisa atentar para a elevação das despesas de custeio”, disse.

Diniz defende que o governo continue a estimular a competitividade e o crescimento das empresas. “Mais do que nunca, nosso foco deve estar em aumentar a competitividade e a produtividade das empresas, de modo a incentivar o investimento e inserir, de vez, a economia brasileira em um ciclo virtuoso de crescimento. Para tal, juros mais razoáveis são fundamentais”.

Já a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) destacou em nota: “O novo corte vai ao encontro dos esforços que o governo tem empenhado em reduzir os juros ao consumidor e, desta maneira, possibilitar um crescimento interno sustentado pelo ciclo virtuoso de consumo das famílias, geração de empregos e expansão da massa de rendimentos”.

Para entidade, o corte também ajuda a evitar que a economia nacional seja prejudicada pela crise que atinge a zona do euro.

A Fecomercio-SP mantém a sua posição na defesa de novas diminuições na taxa de juros. “A entidade reforça que novos cortes na Selic são fundamentais para reduzir os gastos com a dívida pública e liberar recursos para investimento em áreas fundamentais para o contínuo desenvolvimento do país, como infraestrutura, segurança e educação”.

Efeitos

Para o diretor executivo de Estudos Financeiros da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira, o efeito da redução da taxa básica será pequeno nas operações de crédito ao consumidor.

De acordo com a Anefac, enquanto a Selic está em 8,5% ao ano, as taxas de juros cobradas dos consumidores devem ficar em 106,09% ao ano na média.

Oliveira explica que isso ocorre porque na taxa de juros cobrada dos consumidores existem alguns custos embutidos. A influencia da Selic está na queda do custo de captação de recursos pelos bancos. Quanto a taxa básica é reduzida, o custo de captação pelos bancos diminui.

Mas o diretor lembra que os outros custos permanecem como estão atualmente: impostos e depósitos compulsórios, despesas administrativas das instituições financeiras e o custo do risco, uma vez que parte dos clientes não vai pagar o empréstimo. Além disso, destaca Oliveira, os bancos também incluem, na taxa cobrada dos clientes, o lucro que vai receber por emprestar o dinheiro.

Na simulação feita pela Anefac, com a redução da Selic, a taxa média de juros anual cobrada de pessoas físicas passa de 107,03% para 106,09%. No caso do cartão de crédito, os juros caem de 238,3% para 236,83% ao ano.

No caso dos juros cobrados no comércio, a taxa anual passa de 74,92% para 74,12%. Com a queda dos juros, na compra de uma geladeira, com preço à vista de 1,5 mil reais, por exemplo, a diferença em cada uma das prestações, de um total de 12, é 38 centavos. Ao final de 12 meses, o consumidor terá pago 4,55 reais a menos.

 

Com informações da Agência Brasil

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