Economia

As vitórias do BC e o medo da última batalha

O grande desafio ainda não foi empreendido. Trata-se da questão cambial

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Ontem os dois maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, aderiram ao movimento de redução  de juros. Foi um movimento previsível, para quem acompanha a coluna. Em poucos dias de redução de juros, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil conseguiram substancial aumento na sua carteira de crédito – parte dele com a atração de clientes de concorrentes.

A nota do Bradesco deixou claros os benefícios que esse movimento traz para a economia e para o próprio sistema bancário.

A redução dos juros aumenta a base de clientes, permitindo o ingresso no sistema dos desbancarizados – classe D e C ascendente que ainda não teve acesso a crédito bancário.

Amplia a base de clientes e, ao mesmo tempo, reduz o risco de crédito – pela diversificação da base e pela própria redução dos juros.

Além da redução dos juros, o Bradesco disponibilizou recursos para parceiros, entre os quais bancos ligados a montadoras.

Tudo isso ocorreu em um quadro de terrorismo amplo, praticado por comentaristas econômicos, que garantiam ser insustentável o movimento de redução das taxas, que inviabilizaria os bancos públicos, que jogaria a economia em um caos.

É uma retórica insuportavelmente hipócrita, desmascarada pelos próprios supostos beneficiários desse lobby: os bancos comerciais.

De agosto para cá, o Banco Central e a Fazenda conseguiram vitórias históricas sobre esse ideologismo imobilizador, terrorista, do mercado e seus porta-vozes. O BC derrubou a taxa Selic e a inflação continuou caindo. Antes, recorreu a um conjunto expressivo de instrumentos monetários para conter os preços, sem precisar apelar para elevação de taxas de juros. Agora, completa-se o ciclo com os bancos públicos devolvendo a competição ao sistema.

Mantidas as condições de voo da economia, nos próximos anos haverá uma revolução no sistema de crédito e nas perspectivas da economia brasileira. A mera redução de taxas ao consumidor de 4% para 2% ao mês, em um financiamento de 12 meses, significa um aumento de poder aquisitivo da ordem de 13%. Para prazos de 24 meses, aumento de 24%. Para 36 meses, aumento de 35% – ou seja, com o mesmo valor de prestação se conseguirá adquirir um bem 35% mais caro.

Mas a grande batalha final ainda não foi empreendida. Trata-se da questão cambial.

Já passou muito da hora de se resolver essa questão. Há anos analistas mais consistentes vêm alertando para os problemas que a moeda apreciado trouxe para a malha industrial brasileira – ainda mais em um período em que a China emerge como potência oferecendo produtos baratos em todo espectro industrial.

O receio da volta da inflação fez com que o Ministro da Fazenda Guido Mantega anunciasse uma espécie de meta de dólar a R$ 1,80. É claramente insuficiente. Sabendo disso, recorre-se a um conjunto enorme de gambiarras – desonerações de folha, incentivos fiscais – que, além de setorizados, não compensam minimamente os impactos do câmbio apreciado.

Até agora o governo vem acumulando vitórias na frente econômica e política. É um reforço a mais para a batalha final, de mudança do patamar do câmbio. Ou, em caso de receio em mexer na moeda, uma mera vitória de Pirro.

Ontem os dois maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, aderiram ao movimento de redução  de juros. Foi um movimento previsível, para quem acompanha a coluna. Em poucos dias de redução de juros, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil conseguiram substancial aumento na sua carteira de crédito – parte dele com a atração de clientes de concorrentes.

A nota do Bradesco deixou claros os benefícios que esse movimento traz para a economia e para o próprio sistema bancário.

A redução dos juros aumenta a base de clientes, permitindo o ingresso no sistema dos desbancarizados – classe D e C ascendente que ainda não teve acesso a crédito bancário.

Amplia a base de clientes e, ao mesmo tempo, reduz o risco de crédito – pela diversificação da base e pela própria redução dos juros.

Além da redução dos juros, o Bradesco disponibilizou recursos para parceiros, entre os quais bancos ligados a montadoras.

Tudo isso ocorreu em um quadro de terrorismo amplo, praticado por comentaristas econômicos, que garantiam ser insustentável o movimento de redução das taxas, que inviabilizaria os bancos públicos, que jogaria a economia em um caos.

É uma retórica insuportavelmente hipócrita, desmascarada pelos próprios supostos beneficiários desse lobby: os bancos comerciais.

De agosto para cá, o Banco Central e a Fazenda conseguiram vitórias históricas sobre esse ideologismo imobilizador, terrorista, do mercado e seus porta-vozes. O BC derrubou a taxa Selic e a inflação continuou caindo. Antes, recorreu a um conjunto expressivo de instrumentos monetários para conter os preços, sem precisar apelar para elevação de taxas de juros. Agora, completa-se o ciclo com os bancos públicos devolvendo a competição ao sistema.

Mantidas as condições de voo da economia, nos próximos anos haverá uma revolução no sistema de crédito e nas perspectivas da economia brasileira. A mera redução de taxas ao consumidor de 4% para 2% ao mês, em um financiamento de 12 meses, significa um aumento de poder aquisitivo da ordem de 13%. Para prazos de 24 meses, aumento de 24%. Para 36 meses, aumento de 35% – ou seja, com o mesmo valor de prestação se conseguirá adquirir um bem 35% mais caro.

Mas a grande batalha final ainda não foi empreendida. Trata-se da questão cambial.

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