Política

A birra de ‘O Globo’ com os pobres

Não se entende onde o jornal pretende chegar com suas críticas aos programas sociais como o Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria

Foto: Governo do Piauí
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Não se entende onde o jornal O Globo pretende chegar com sua série “Os mercadores da miséria”, criticando os programas sociais, especialmente Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria.

Na chama da série, o jornal promete:


“(…) O Brasil Sem miséria, programa criado pela presidente Dilma para erradicar a pobreza extrema, tem sido alvo frequente de fraudes, revelam Alessandra Duarte e Carolina Benevides numa série de reportagens que O GLOBO inicia hoje”.


***


Qualquer realidade complexa – uma grande empresa, um organismo estatal ou privado, um programa de governo – pode ter grandes virtudes e pequenos defeitos; ou grandes defeitos e pequenas virtudes.


Se o veículo for mal intencionado, basta dar destaque aos pequenos defeitos (quando for para denunciar) ou às pequenas virtudes (quando for para enaltecer). E esquecer que existe a estatística para avaliar o peso tanto de um quanto de outro.


***


Se quisesse criticar o modelo de concessão de aeroportos, as dificuldades do PAC (Plano de Ação Continuada), a barafunda burocrática, os desperdícios da administração pública, o jornal teria um bom material jornalístico.


Mas a birra do jornal é com programas voltados aos mais necessitados.


***


A principal “denúncia” de O Globo, manchete principal, foi do gato que recebia como beneficiário e de dono de Land Rover que seria beneficiário de R$ 60,00 por mês.


O que deixou de contar:


– O fato ocorreu em 2009, muito antes da criação do Brasil Sem Miséria.


– Toda família matriculada em programas sociais precisa submeter as crianças a exame médico. Quando a família não apareceu, o médico foi atrás da criança e descobriu tratar-se de um gato.


– Descoberto o golpe, pelos próprios mecanismos do programa, o dono foi denunciado à polícia, está respondendo por dois crimes, inclusive pelo crime de falsidade ideológica.


Tal fato ocorreu há 4 anos e foi objeto de inúmeras reportagens na época. De lá para cá passaram três ministros e dois presidentes pelo programa. Qual a razão de ludibriar assim os leitores requentando uma notícia velha?


***


A outra denúncia, sobre o dono do Land Rover, além de antiga, foi apresentada de forma incorreta. O tal empresário registrou laranjas no BF. Tratava-se de um explorador, que foi identificado e processado.


Outra “denúncia” foi o de uma senhora que afirmou não receber mais o benefício. Vai-se conferir, ela deixou de atualizar seu cadastro. Exige-se a atualização de cadastros justamente para evitar fraudes. Mas o jornal condena o programa por ter gato, e condena por não ter gato.


***


A maioria absoluta dos episódios de fraude relatados foi desvendada pelos próprios sistemas de controle do Bolsa Família. Mesmo que tivessem sido levantados por terceiros, ainda assim são estatisticamente irrelevantes.


Qual a intenção de levantar meia dúzia de casos para desacreditar um programa que assiste a milhões de miseráveis?


Intenção eleitoral, não é. As eleições de 2012 já aconteceram e o BF já está assimilado pelos eleitores. Tanto assim, que o PT não se deu bem no Nordeste. Quem quiser coração e mentes desses eleitores, até o governo, daqui para frente terá que oferecer outros benefícios.


Só pode ser birra com pobre.

Não se entende onde o jornal O Globo pretende chegar com sua série “Os mercadores da miséria”, criticando os programas sociais, especialmente Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria.

Na chama da série, o jornal promete:


“(…) O Brasil Sem miséria, programa criado pela presidente Dilma para erradicar a pobreza extrema, tem sido alvo frequente de fraudes, revelam Alessandra Duarte e Carolina Benevides numa série de reportagens que O GLOBO inicia hoje”.


***


Qualquer realidade complexa – uma grande empresa, um organismo estatal ou privado, um programa de governo – pode ter grandes virtudes e pequenos defeitos; ou grandes defeitos e pequenas virtudes.


Se o veículo for mal intencionado, basta dar destaque aos pequenos defeitos (quando for para denunciar) ou às pequenas virtudes (quando for para enaltecer). E esquecer que existe a estatística para avaliar o peso tanto de um quanto de outro.


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Se quisesse criticar o modelo de concessão de aeroportos, as dificuldades do PAC (Plano de Ação Continuada), a barafunda burocrática, os desperdícios da administração pública, o jornal teria um bom material jornalístico.


Mas a birra do jornal é com programas voltados aos mais necessitados.


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A principal “denúncia” de O Globo, manchete principal, foi do gato que recebia como beneficiário e de dono de Land Rover que seria beneficiário de R$ 60,00 por mês.


O que deixou de contar:


– O fato ocorreu em 2009, muito antes da criação do Brasil Sem Miséria.


– Toda família matriculada em programas sociais precisa submeter as crianças a exame médico. Quando a família não apareceu, o médico foi atrás da criança e descobriu tratar-se de um gato.


– Descoberto o golpe, pelos próprios mecanismos do programa, o dono foi denunciado à polícia, está respondendo por dois crimes, inclusive pelo crime de falsidade ideológica.


Tal fato ocorreu há 4 anos e foi objeto de inúmeras reportagens na época. De lá para cá passaram três ministros e dois presidentes pelo programa. Qual a razão de ludibriar assim os leitores requentando uma notícia velha?


***


A outra denúncia, sobre o dono do Land Rover, além de antiga, foi apresentada de forma incorreta. O tal empresário registrou laranjas no BF. Tratava-se de um explorador, que foi identificado e processado.


Outra “denúncia” foi o de uma senhora que afirmou não receber mais o benefício. Vai-se conferir, ela deixou de atualizar seu cadastro. Exige-se a atualização de cadastros justamente para evitar fraudes. Mas o jornal condena o programa por ter gato, e condena por não ter gato.


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A maioria absoluta dos episódios de fraude relatados foi desvendada pelos próprios sistemas de controle do Bolsa Família. Mesmo que tivessem sido levantados por terceiros, ainda assim são estatisticamente irrelevantes.


Qual a intenção de levantar meia dúzia de casos para desacreditar um programa que assiste a milhões de miseráveis?


Intenção eleitoral, não é. As eleições de 2012 já aconteceram e o BF já está assimilado pelos eleitores. Tanto assim, que o PT não se deu bem no Nordeste. Quem quiser coração e mentes desses eleitores, até o governo, daqui para frente terá que oferecer outros benefícios.


Só pode ser birra com pobre.

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