Cultura

Projeto recupera trajetórias de atletas brasileiros

A ação pretende ajudar a formar a memória audiovisual da história dos pioneiros do esporte olímpico brasileiro, como o saltador Adhemar Ferreira da Silva

Adhemar Ferreira da Silva durante competição. Foto: Acervo do Comitê Olímpico Internacional / Divulgação COB
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O tenente do Exército Guilherme Paraense foi o primeiro esportista brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos, ao vencer a prova da pistola rápida nos Jogos de Antuérpia, em 1920. Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bicampeão olímpico do País, com as vitórias no salto triplo em Helsinque-1952 e Melbourne-1956. Aída dos Santos era a única mulher da delegação brasileira na edição de Tóquio, em 1964. Servílio de Oliveira foi o primeiro e ainda é o único brasileiro a conquistar uma medalha olímpica no boxe. Eles, e muitos outros atletas, são parte da história esportiva brasileira, que agora começa a ser recuperada com dignidade.

“Nós vivemos no país da bola, a gente se esquece dos nossos outros atletas”, diz Servílio, quando questionado sobre o motivo de a maioria de nossa população não reconhecer esses nomes. Mas na noite da segunda-feira 25 o boxeador estava esperançoso: foi lançada na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a segunda edição do projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que tem como objetivo justamente recuperar as histórias desses heróis de nosso esporte. “Para mim, é como se eu estivesse ganhando mais uma medalha de ouro”, comemorou.

A ideia foi lançada em 2011 e é resultado de uma parceria entre o Instituto de Políticas Relacionais (IPR), a Petrobras e o canal ESPN Brasil. Durante o evento, foram exibidos trechos dos nove documentários de curta-metragem vencedores por meio do primeiro edital – no total, foram 99 projetos inscritos. “Eu pude assistir a cada um dos filmes e tudo está excepcional. São exemplos de dedicação, superação e sucesso que nosso País não pode esquecer”, diz Daniela Greeb, diretora do IPR.

Além dela, o jornalista José Trajano também participou do processo de concepção do projeto. A realização do programa está garantida até 2016, ano em que o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos. “O grande Doutor Sócrates também contribuiu com ideias, opiniões. Queremos formar um acervo com cerca de 70 filmes, que devem ser exibidos em mostras itinerantes”, explicou Trajano.

No Memória do Esporte Olímpico Brasileiro foram investidos cerca de dois milhões de reais. As produtoras responsáveis pelos documentários ganharam 230 mil reais cada.

Convidados especiais

Em todas as edições do programa um consagrado cineasta brasileiro será convidado para fazer um documentário de longa-metragem com tema a sua escolha. Em 2011, Ugo Giorgetti, diretor de filmes como Boleiros, de 1998, foi o escolhido.

Giorgetti resgatou a famosa edição dos Jogos da Cidade do México, de 1968. “Eu quis fazer um filme sobre as Olimpíadas do México porque elas significaram um divisor de águas na história dos Jogos. Foi a primeira vez que eles foram realizados em um país latino e ainda ocorreram em um contexto político único, em 1968, esse ano mítico”, explica o diretor.

Em 2012 a responsável pelo longa-metragem será Laís Bodanzky, diretora de As Melhores Coisas do Mundo. “Quando eu recebi o convite fiquei espantada de uma maneira positiva porque eu não sei quase nada a respeito de esportes. Mas eu também me encantei imediatamente porque tudo que é memória me interessa. O que somos nós no mundo dos esportes? Poder contribuir para esse raciocínio será muito bacana”, diz.

Laís escolheu narrar a história do papel das mulheres nos Jogos Olímpicos. “Dentro do tema dos esportes, eles me deram total liberdade para fazer o que eu quisesse. E o recorte que eu escolhi veio por causa de um desejo pessoal de traçar um paralelo entre essas atletas com a conquista da mulher na sociedade”, diz a cineasta. “Porque é recente o fato de o Brasil ter delegações completas e hoje elas até estão mais completas do que as masculinas”, diz. Para Laís, é clara a relação entre o papel das mulheres na sociedade e sua atuação esportiva. “Foi uma virada muito rápida, acho que corresponde ao papel da mulher na sociedade como um todo. Então quem eram aquelas mulheres que a gente viu aqui? Por que ela quis ir? O que ela enfrentou?”

Exibição em escolas

A partir do dia 2 de julho a ESPN Brasil transmitirá os filmes diariamente, até o fim das Olimpíadas de Londres. O projeto também prevê a exibição das produções em escolas públicas do país inteiro.

A ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira Ana Moser – que também teve sua trajetória contada no documentário Pátria – está coordenando a distribuição. Ana é presidenta do Instituto de Esporte e Educação (IEE), ação resultante de uma parceria com a Petrobras. Ela implantou e coordena uma série de núcleos conjuntos com diversas entidades – escolas, associações comunitárias, prefeituras, Sesi e Sesc -, e inseridos em regiões e comunidades que apresentam baixo nível socioeconômico e alto índice de vulnerabilidade e falta de estrutura.

Os últimos detalhes estão sendo finalizados para a distribuição. A partir do segundo semestre as escolas contempladas já devem estar com as cópias dos DVDs. “Nós somos um País que tem uma cultura esportiva, praticamos esportes, mas não preservamos nossa memória. Que País olímpico somos nós, que vamos receber grandes eventos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo? Com essa ação vamos dar uma referência a nossas crianças, para que elas mantenham o hábito. Até 2016 nós vamos cultuar nossos atletas”, diz.

O tenente do Exército Guilherme Paraense foi o primeiro esportista brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos, ao vencer a prova da pistola rápida nos Jogos de Antuérpia, em 1920. Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bicampeão olímpico do País, com as vitórias no salto triplo em Helsinque-1952 e Melbourne-1956. Aída dos Santos era a única mulher da delegação brasileira na edição de Tóquio, em 1964. Servílio de Oliveira foi o primeiro e ainda é o único brasileiro a conquistar uma medalha olímpica no boxe. Eles, e muitos outros atletas, são parte da história esportiva brasileira, que agora começa a ser recuperada com dignidade.

“Nós vivemos no país da bola, a gente se esquece dos nossos outros atletas”, diz Servílio, quando questionado sobre o motivo de a maioria de nossa população não reconhecer esses nomes. Mas na noite da segunda-feira 25 o boxeador estava esperançoso: foi lançada na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a segunda edição do projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que tem como objetivo justamente recuperar as histórias desses heróis de nosso esporte. “Para mim, é como se eu estivesse ganhando mais uma medalha de ouro”, comemorou.

A ideia foi lançada em 2011 e é resultado de uma parceria entre o Instituto de Políticas Relacionais (IPR), a Petrobras e o canal ESPN Brasil. Durante o evento, foram exibidos trechos dos nove documentários de curta-metragem vencedores por meio do primeiro edital – no total, foram 99 projetos inscritos. “Eu pude assistir a cada um dos filmes e tudo está excepcional. São exemplos de dedicação, superação e sucesso que nosso País não pode esquecer”, diz Daniela Greeb, diretora do IPR.

Além dela, o jornalista José Trajano também participou do processo de concepção do projeto. A realização do programa está garantida até 2016, ano em que o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos. “O grande Doutor Sócrates também contribuiu com ideias, opiniões. Queremos formar um acervo com cerca de 70 filmes, que devem ser exibidos em mostras itinerantes”, explicou Trajano.

No Memória do Esporte Olímpico Brasileiro foram investidos cerca de dois milhões de reais. As produtoras responsáveis pelos documentários ganharam 230 mil reais cada.

Convidados especiais

Em todas as edições do programa um consagrado cineasta brasileiro será convidado para fazer um documentário de longa-metragem com tema a sua escolha. Em 2011, Ugo Giorgetti, diretor de filmes como Boleiros, de 1998, foi o escolhido.

Giorgetti resgatou a famosa edição dos Jogos da Cidade do México, de 1968. “Eu quis fazer um filme sobre as Olimpíadas do México porque elas significaram um divisor de águas na história dos Jogos. Foi a primeira vez que eles foram realizados em um país latino e ainda ocorreram em um contexto político único, em 1968, esse ano mítico”, explica o diretor.

Em 2012 a responsável pelo longa-metragem será Laís Bodanzky, diretora de As Melhores Coisas do Mundo. “Quando eu recebi o convite fiquei espantada de uma maneira positiva porque eu não sei quase nada a respeito de esportes. Mas eu também me encantei imediatamente porque tudo que é memória me interessa. O que somos nós no mundo dos esportes? Poder contribuir para esse raciocínio será muito bacana”, diz.

Laís escolheu narrar a história do papel das mulheres nos Jogos Olímpicos. “Dentro do tema dos esportes, eles me deram total liberdade para fazer o que eu quisesse. E o recorte que eu escolhi veio por causa de um desejo pessoal de traçar um paralelo entre essas atletas com a conquista da mulher na sociedade”, diz a cineasta. “Porque é recente o fato de o Brasil ter delegações completas e hoje elas até estão mais completas do que as masculinas”, diz. Para Laís, é clara a relação entre o papel das mulheres na sociedade e sua atuação esportiva. “Foi uma virada muito rápida, acho que corresponde ao papel da mulher na sociedade como um todo. Então quem eram aquelas mulheres que a gente viu aqui? Por que ela quis ir? O que ela enfrentou?”

Exibição em escolas

A partir do dia 2 de julho a ESPN Brasil transmitirá os filmes diariamente, até o fim das Olimpíadas de Londres. O projeto também prevê a exibição das produções em escolas públicas do país inteiro.

A ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira Ana Moser – que também teve sua trajetória contada no documentário Pátria – está coordenando a distribuição. Ana é presidenta do Instituto de Esporte e Educação (IEE), ação resultante de uma parceria com a Petrobras. Ela implantou e coordena uma série de núcleos conjuntos com diversas entidades – escolas, associações comunitárias, prefeituras, Sesi e Sesc -, e inseridos em regiões e comunidades que apresentam baixo nível socioeconômico e alto índice de vulnerabilidade e falta de estrutura.

Os últimos detalhes estão sendo finalizados para a distribuição. A partir do segundo semestre as escolas contempladas já devem estar com as cópias dos DVDs. “Nós somos um País que tem uma cultura esportiva, praticamos esportes, mas não preservamos nossa memória. Que País olímpico somos nós, que vamos receber grandes eventos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo? Com essa ação vamos dar uma referência a nossas crianças, para que elas mantenham o hábito. Até 2016 nós vamos cultuar nossos atletas”, diz.

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