Cultura

O arquiteto em ruínas

O biógrafo de Adolf Hitler inquire o ex-ministro Albert Speer sobre seu grau de intimidade com o Führer

Amantes brigados. Fest viu na foto do ditador e seu ministro um estremecimento típico
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Albert Speer foi arquiteto-chefe, ministro do Armamento no Terceiro Reich, confidente de Adolf Hitler e um dos poucos líderes nazistas a escapar da condenação à morte em Nuremberg. Em 1966, depois de 20 anos na prisão, resolveu publicar suas memórias. Para ajudá-lo na tarefa de editar os desordenados manuscritos, o editor Wolf Siedler convidou o historiador Joachim Fest (1926-2006). Entre 1967 e 1972, sempre acompanhado de Siedler, esteve diversas vezes com Speer. Conversas com Albert Speer (Nova Fronteira, 218 págs., R$ 49,90) é o relato detalhado desses encontros que serviram de base documental para Fest escrever tanto a sua conhecida biografia de Hitler quanto o seu No Bunker de Hitler, que depois virou filme. Apesar de consistir numa espécie de making of de outros livros, Conversas causou enorme polêmica. Seu autor foi acusado de confiar demasiadamente nos depoimentos do arquiteto nazista, obrigando-se a responder a isso de forma extensa, com outra pesquisa que resultou em Speer: O veredito final, uma alentada biografia publicada em 1999. De qualquer forma, é um livro cheio de revelações, com excelente material para calibrar os julgamentos morais do passado.

Ainda que situado em posições políticas opostas e vocacionado ao jornalismo, Joachim Fest pertenceu a uma competente geração de historiadores alemães, formada por Wolfgang Monnsen, Hans-Ulrich Wheler e Jürgen Kocka, entre outros, pioneira no uso de métodos das ciências sociais na pesquisa histórica. A diferença é que Fest foi muito mais profundamente marcado na juventude pelos traumas da ascensão do nazismo. Mesmo com o pai manietado profissionalmente, posto na miséria por causa de sua firme resistência à sedução nazista no início dos anos 1930, Fest, com 18 anos incompletos, viu-se engajado de maneira compulsória na Wehrmacht, tornando-se, meses depois, prisioneiro dos exércitos aliados.

Somente depois da guerra, quando já havia testemunhado grande parte daquele cenário moralmente corroído, estudou História, Direito, Sociologia, Literatura e Arte. Formação variadíssima, afinada com as várias linguagens, o que o conduziu a dirigir programas de rádio e televisão, editar a seção cultural do Frankfurter Allgemeine e orientar diretamente a produção de filmes, como No Bunker de Hitler. Como outros historiadores de sua geração, era um cultor nato da erudição. Mas, pelo menos no seu caso, tratava-se de erudição exagerada. Basta olhar as notas de rodapés dos seus livros. Cada afirmação, mesmo a mais trivial, é apoiada por um colosso de fontes de referência, como se quisesse afastar antecipadamente quaisquer suspeitas de manipulação, invenção ou ingenuidade. Até para sustentar a frase prosaica de Hermann Goering segundo a qual “o café feito por Eva Braun era o mais execrável de todo o Terceiro Reich”, ele chegava a citar narrativas de quatro testemunhas.

O exagero, contudo, era compreensível. Todos respiravam num clima de forte suspeita. Fest esteve no centro das inúmeras controvérsias sobre o passado nazista da Alemanha. Quando o assunto era esse, jogava-se por inteiro, vasculhando arquivos em busca do maior número e da maior acuidade possível das fontes. Narrador perspicaz, batia-se contra aquele mecanismo de expansão exagerada das fontes de informação sobre o nazismo: usa-se uma fonte não porque se mostrou confiável, mas julgamo-la confiável porque usada e repetida à exaustão.

Historiador com vocação de repórter, Fest não deixa por menos com Speer. Dispara um verdadeiro interrogatório sobre o arquiteto, inquirindo sobre sua passividade e seu silêncio em vários episódios decisivos da Alemanha nazista, como o da Noite dos Cristais, o célebre massacre dos judeus em novembro de 1938. Em vários momentos, os diálogos chegam muito perto de um áspero rompimento.

Fest mostra-se hábil em tirar o máximo das entrevistas ao propor cortes e alterações nos manuscritos. O tópico mais incômodo é aquele no qual Speer quer provar que não estava presente quando Himmler fez o famoso e apavorante discurso de outubro de 1943, em Poznam. Esse discurso ganhou notoriedade porque nele o comandante das SS falou publicamente, e com brutal franqueza, sobre o extermínio dos judeus. Como havia feito em Nuremberg, Speer utiliza-se de duas testemunhas para provar que ele já não estava presente no momento daquele discurso. Gitta Sereny, também biógrafa de Speer, insiste no fato de que essas duas testemunhas foram manipuladas. Mas Fest vai atrás, esmiúça tudo e consegue provar a idoneidade dos dois testemunhos. Mais uma vez, Fest mostra-se um historiador confiável, obediente às fontes, embora duríssimo, porque, de qualquer forma, a questão de Speer ter ou não presenciado o discurso de Poznam tinha uma relevância secundária. “Que diferença faz uma mentira depois de uma vida inteira no meio de uma máfia de perversos?”, pergunta o historiador. Graças a ele, cai também por terra o mito do “nazista arrependido” formado em torno do arquiteto, que a teria sido, comprova Fest, o virtual sucessor do Führer.

O pesquisador também não era muito chegado a desvendar intrigas e relacionamentos pessoais. Contudo, mostrou-se sempre competente em reunir provas detalhadas. A sugestão de um relacionamento homoerótico entre Hitler e Speer é a mais polêmica delas. Seis dias antes do suicídio de Hitler, Speer tomou um avião rumo a Berlim para se despedir de Hitler. “Você foi para Berlim na esperança de que Hitler o matasse, pois havia traído a sua confiança ao se recusar publicamente a cumprir a política do Führer de terra arrasada dos territórios a serem ocupados pelos aliados”, inquiriu Fest. Resposta de Speer: “Ainda hoje me sinto infeliz que Hitler estivesse tão conciliador e não tivesse dado ordem a um pelotão de fuzilamento para que me executassem no jardim da chancelaria. Minha vida teria tido um fim mais digno”. Entre as muitas fotos da coleção de Speer, Fest destaca uma que, segundo ele, revela a intimidade impensável entre Hitler e quaisquer de seus seguidores, provocando: “É um retrato de amantes brigados…” Também foi um momento no qual os diálogos chegaram muito perto do rompimento.

A parte mais importante das Conversas é a revelação de detalhes dos projetos arquitetônicos nazistas e o quanto eles resultaram muito mais da elaboração do próprio Speer, deixando na sombra a participação de Hitler. Na visão nazista, o “princípio das ruínas”, explicitado por Speer numa conversa com Hitler, consistiria na construção de edifícios enormes, monumentais, predestinados à destruição num futuro distante. Tais prédios formariam, assim, ruínas peculiares e pitorescas. A obtusa teoria do “valor de ruína”, segundo a qual o propósito da arquitetura e do avanço tecnológico seria o de criar ruínas que durassem mil anos para que, com isso, pudessem dominar a transitoriedade e a efemeridade do mundo, foi uma elaboração mental que uniu o entusiasmo do Führer com os planos ambiciosos do jovem arquiteto. O modelo do Grosse Halle concebido por Speer, com capacidade para 180 mil visitantes, a ser construído na cidade de Germânia, a capital do mundo, exemplificava aquele princípio. Conta-se que Speer, em 1938, ao mostrar os projetos para seu pai, ouviu dele a exclamação: “Mas vocês estão completamente loucos!”

Fest não tinha dúvida de que Speer, agradável e inteligente, revelava muito discernimento durante as discussões. Mas, no final, o próprio historiador perguntava-se se não seriam exatamente esses atributos civilizados os responsáveis por fazer do entrevistado e de sua turma seres tão assustadores. Com os sentimentos trancados num baú emocional, Speer tentou até o fim representar o tipo de desertor sem rumo, nada heroico, um idealista apolítico de mente estreita, que oferecia seus serviços a qualquer poder dominante. Quando Fest tentava sondar as reações de Speer, elas pareciam enigmáticas. Era pura frieza, indiferença ou covardia num regime de terror?

O historiador Trevor-Roper dizia que Speer não passava de um “ignorante por cálculo”. Joachim Fest argumenta que a corrupção moral do importante personagem tinha raízes no forte apego emocional por Hitler. Intrigavam sobremaneira a Fest aqueles cidadãos ordeiros que, à moda de Speer, deixavam-se seduzir pelo carisma nazista. Responsável por decisões que custaram a vida de milhares de seres humanos, ele se esforçou por saber o significado da culpa, sem alcançar, contudo, a sua real dimensão.

Quando as memórias de Speer vieram a público, em 1999, com o título de Memórias do Terceiro Reich, tornaram-se rapidamente um best seller mundial, emplacando mais de 100 mil exemplares. Talvez o juízo mais lúcido tenha vindo não do público, mas de uma das suas primeiras leitoras, sua esposa, a qual, jogando o livro sobre a mesa, exclamou: “A vida não me deixou com muita coisa. Mas agora você arruinou o pouco que restava dela”.

Albert Speer foi arquiteto-chefe, ministro do Armamento no Terceiro Reich, confidente de Adolf Hitler e um dos poucos líderes nazistas a escapar da condenação à morte em Nuremberg. Em 1966, depois de 20 anos na prisão, resolveu publicar suas memórias. Para ajudá-lo na tarefa de editar os desordenados manuscritos, o editor Wolf Siedler convidou o historiador Joachim Fest (1926-2006). Entre 1967 e 1972, sempre acompanhado de Siedler, esteve diversas vezes com Speer. Conversas com Albert Speer (Nova Fronteira, 218 págs., R$ 49,90) é o relato detalhado desses encontros que serviram de base documental para Fest escrever tanto a sua conhecida biografia de Hitler quanto o seu No Bunker de Hitler, que depois virou filme. Apesar de consistir numa espécie de making of de outros livros, Conversas causou enorme polêmica. Seu autor foi acusado de confiar demasiadamente nos depoimentos do arquiteto nazista, obrigando-se a responder a isso de forma extensa, com outra pesquisa que resultou em Speer: O veredito final, uma alentada biografia publicada em 1999. De qualquer forma, é um livro cheio de revelações, com excelente material para calibrar os julgamentos morais do passado.

Ainda que situado em posições políticas opostas e vocacionado ao jornalismo, Joachim Fest pertenceu a uma competente geração de historiadores alemães, formada por Wolfgang Monnsen, Hans-Ulrich Wheler e Jürgen Kocka, entre outros, pioneira no uso de métodos das ciências sociais na pesquisa histórica. A diferença é que Fest foi muito mais profundamente marcado na juventude pelos traumas da ascensão do nazismo. Mesmo com o pai manietado profissionalmente, posto na miséria por causa de sua firme resistência à sedução nazista no início dos anos 1930, Fest, com 18 anos incompletos, viu-se engajado de maneira compulsória na Wehrmacht, tornando-se, meses depois, prisioneiro dos exércitos aliados.

Somente depois da guerra, quando já havia testemunhado grande parte daquele cenário moralmente corroído, estudou História, Direito, Sociologia, Literatura e Arte. Formação variadíssima, afinada com as várias linguagens, o que o conduziu a dirigir programas de rádio e televisão, editar a seção cultural do Frankfurter Allgemeine e orientar diretamente a produção de filmes, como No Bunker de Hitler. Como outros historiadores de sua geração, era um cultor nato da erudição. Mas, pelo menos no seu caso, tratava-se de erudição exagerada. Basta olhar as notas de rodapés dos seus livros. Cada afirmação, mesmo a mais trivial, é apoiada por um colosso de fontes de referência, como se quisesse afastar antecipadamente quaisquer suspeitas de manipulação, invenção ou ingenuidade. Até para sustentar a frase prosaica de Hermann Goering segundo a qual “o café feito por Eva Braun era o mais execrável de todo o Terceiro Reich”, ele chegava a citar narrativas de quatro testemunhas.

O exagero, contudo, era compreensível. Todos respiravam num clima de forte suspeita. Fest esteve no centro das inúmeras controvérsias sobre o passado nazista da Alemanha. Quando o assunto era esse, jogava-se por inteiro, vasculhando arquivos em busca do maior número e da maior acuidade possível das fontes. Narrador perspicaz, batia-se contra aquele mecanismo de expansão exagerada das fontes de informação sobre o nazismo: usa-se uma fonte não porque se mostrou confiável, mas julgamo-la confiável porque usada e repetida à exaustão.

Historiador com vocação de repórter, Fest não deixa por menos com Speer. Dispara um verdadeiro interrogatório sobre o arquiteto, inquirindo sobre sua passividade e seu silêncio em vários episódios decisivos da Alemanha nazista, como o da Noite dos Cristais, o célebre massacre dos judeus em novembro de 1938. Em vários momentos, os diálogos chegam muito perto de um áspero rompimento.

Fest mostra-se hábil em tirar o máximo das entrevistas ao propor cortes e alterações nos manuscritos. O tópico mais incômodo é aquele no qual Speer quer provar que não estava presente quando Himmler fez o famoso e apavorante discurso de outubro de 1943, em Poznam. Esse discurso ganhou notoriedade porque nele o comandante das SS falou publicamente, e com brutal franqueza, sobre o extermínio dos judeus. Como havia feito em Nuremberg, Speer utiliza-se de duas testemunhas para provar que ele já não estava presente no momento daquele discurso. Gitta Sereny, também biógrafa de Speer, insiste no fato de que essas duas testemunhas foram manipuladas. Mas Fest vai atrás, esmiúça tudo e consegue provar a idoneidade dos dois testemunhos. Mais uma vez, Fest mostra-se um historiador confiável, obediente às fontes, embora duríssimo, porque, de qualquer forma, a questão de Speer ter ou não presenciado o discurso de Poznam tinha uma relevância secundária. “Que diferença faz uma mentira depois de uma vida inteira no meio de uma máfia de perversos?”, pergunta o historiador. Graças a ele, cai também por terra o mito do “nazista arrependido” formado em torno do arquiteto, que a teria sido, comprova Fest, o virtual sucessor do Führer.

O pesquisador também não era muito chegado a desvendar intrigas e relacionamentos pessoais. Contudo, mostrou-se sempre competente em reunir provas detalhadas. A sugestão de um relacionamento homoerótico entre Hitler e Speer é a mais polêmica delas. Seis dias antes do suicídio de Hitler, Speer tomou um avião rumo a Berlim para se despedir de Hitler. “Você foi para Berlim na esperança de que Hitler o matasse, pois havia traído a sua confiança ao se recusar publicamente a cumprir a política do Führer de terra arrasada dos territórios a serem ocupados pelos aliados”, inquiriu Fest. Resposta de Speer: “Ainda hoje me sinto infeliz que Hitler estivesse tão conciliador e não tivesse dado ordem a um pelotão de fuzilamento para que me executassem no jardim da chancelaria. Minha vida teria tido um fim mais digno”. Entre as muitas fotos da coleção de Speer, Fest destaca uma que, segundo ele, revela a intimidade impensável entre Hitler e quaisquer de seus seguidores, provocando: “É um retrato de amantes brigados…” Também foi um momento no qual os diálogos chegaram muito perto do rompimento.

A parte mais importante das Conversas é a revelação de detalhes dos projetos arquitetônicos nazistas e o quanto eles resultaram muito mais da elaboração do próprio Speer, deixando na sombra a participação de Hitler. Na visão nazista, o “princípio das ruínas”, explicitado por Speer numa conversa com Hitler, consistiria na construção de edifícios enormes, monumentais, predestinados à destruição num futuro distante. Tais prédios formariam, assim, ruínas peculiares e pitorescas. A obtusa teoria do “valor de ruína”, segundo a qual o propósito da arquitetura e do avanço tecnológico seria o de criar ruínas que durassem mil anos para que, com isso, pudessem dominar a transitoriedade e a efemeridade do mundo, foi uma elaboração mental que uniu o entusiasmo do Führer com os planos ambiciosos do jovem arquiteto. O modelo do Grosse Halle concebido por Speer, com capacidade para 180 mil visitantes, a ser construído na cidade de Germânia, a capital do mundo, exemplificava aquele princípio. Conta-se que Speer, em 1938, ao mostrar os projetos para seu pai, ouviu dele a exclamação: “Mas vocês estão completamente loucos!”

Fest não tinha dúvida de que Speer, agradável e inteligente, revelava muito discernimento durante as discussões. Mas, no final, o próprio historiador perguntava-se se não seriam exatamente esses atributos civilizados os responsáveis por fazer do entrevistado e de sua turma seres tão assustadores. Com os sentimentos trancados num baú emocional, Speer tentou até o fim representar o tipo de desertor sem rumo, nada heroico, um idealista apolítico de mente estreita, que oferecia seus serviços a qualquer poder dominante. Quando Fest tentava sondar as reações de Speer, elas pareciam enigmáticas. Era pura frieza, indiferença ou covardia num regime de terror?

O historiador Trevor-Roper dizia que Speer não passava de um “ignorante por cálculo”. Joachim Fest argumenta que a corrupção moral do importante personagem tinha raízes no forte apego emocional por Hitler. Intrigavam sobremaneira a Fest aqueles cidadãos ordeiros que, à moda de Speer, deixavam-se seduzir pelo carisma nazista. Responsável por decisões que custaram a vida de milhares de seres humanos, ele se esforçou por saber o significado da culpa, sem alcançar, contudo, a sua real dimensão.

Quando as memórias de Speer vieram a público, em 1999, com o título de Memórias do Terceiro Reich, tornaram-se rapidamente um best seller mundial, emplacando mais de 100 mil exemplares. Talvez o juízo mais lúcido tenha vindo não do público, mas de uma das suas primeiras leitoras, sua esposa, a qual, jogando o livro sobre a mesa, exclamou: “A vida não me deixou com muita coisa. Mas agora você arruinou o pouco que restava dela”.

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