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Blog do Gauss, o “príncipe da matemática”

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Eu tinha sete anos, quando a professora de minha escola pediu para que nós, alunos, somássemos os números inteiros de um a cem. A turma se agitou, em nítido desconforto diante do exercício. Já eu bocejei, cocei a cabeça e, antes mesmo que o professora ameaçasse sentar na cadeira, respondi em voz alta : 5050. Também, né? Bastava deduzir a fórmula da soma de uma progressão aritmética.

Aos doze, comecei do nada a questionar a geometria euclidiana, assim como quem critica o sistema defensivo do Palmeiras.  Na puberdade, resolvi estudar por conta própria línguas clássicas e quase tornei-me filólogo.  Com dezoito anos, formulei o método dos mínimos quadrados, que até hoje é usado em pesquisas geodésicas.

Com vinte e poucos anos, localizei um pequeno planeta, utilizando informações visuais insuficientes. Para tanto, precisei aplicar complexas teorias de órbitas e improvisar métodos numéricos. Quem foi conferir encontrou o pequeno corpo celeste justamente na órbita pré-calculada. Convém lembrar que fiz isso em 1801. Enfim, até o fim da vida, dei demonstrações sobre-humanas de minhas habilidades mentais.

Provavelmente, você não teve e nem tem evidencias abundantes que confirmem sua genialidade. Não é candidato a verbete da Wikipidia e nem está perto de ter seu nome batizando fórmulas e teoremas. Mas não se desespere. Este post não pretende ser um exercício de humilhação. Nem quero, por contraste, tornar minha capacidade intelectual ainda maior. Pelo contrário. Venho aqui com um alento.

Segundo o especialista em sucesso, o psicólogo Anders Ericsson,  a genialidade está disponível a todos. Depois de observar grandes talentos de diversas áreas, Anders concluiu que a característica preponderante entre eles é a dedicação. Em outras palavras, o talento natural não é o fator determinante. O sueco defende sua tese até quando ela é confrontada ao exemplo de Mozart. Segundo ele, o menino prodígio começou a compor com 6 anos de idade, mas suas primeiras composições não tinham nada de excepcionais. Amadeus só pariu sua primeira obra prima aos 21 anos, depois de ralar bastante. Os grandes gênios, por esta visão, são frutos de uma obstinação absurda. Treinam, estudam, praticam muito mais do que a média.

Ericsson quantificou o número de horas de dedicação necessários para ter um desempenho excepcional em alguma atividade: 10 mil. Voltando ao exemplo de Mozart, estima-se que aos 6 anos ele já tivesse estudado 3500 horas de piano. É o treino que modifica o cérebro para que ele execute tarefas de um jeito que causa admiração.

Se acreditarmos nos estudos de Ericsson, o Brasil terá em breve o maior número de especialistas em usar o Facebook.  O brasileiro, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto ComScore, é o líder mundial em número de horas gastas na rede do Zuckerberg. O tempo médio dos usuários do país na rede cresceu 33% em relação ao ano passado e superou ao período médio dos americanos. Logo, você que passa umas 5 por dia no Facebook, será um craque, um gênio da postagem, do comentário e do curtir em apenas 5,47 anos. O problema é saber se a febre dura até lá. Imagina se o Face morre feito um Orkut e obriga a você a se dedicar a outra rede?

Leia mais em Blogs do Além.

Eu tinha sete anos, quando a professora de minha escola pediu para que nós, alunos, somássemos os números inteiros de um a cem. A turma se agitou, em nítido desconforto diante do exercício. Já eu bocejei, cocei a cabeça e, antes mesmo que o professora ameaçasse sentar na cadeira, respondi em voz alta : 5050. Também, né? Bastava deduzir a fórmula da soma de uma progressão aritmética.

Aos doze, comecei do nada a questionar a geometria euclidiana, assim como quem critica o sistema defensivo do Palmeiras.  Na puberdade, resolvi estudar por conta própria línguas clássicas e quase tornei-me filólogo.  Com dezoito anos, formulei o método dos mínimos quadrados, que até hoje é usado em pesquisas geodésicas.

Com vinte e poucos anos, localizei um pequeno planeta, utilizando informações visuais insuficientes. Para tanto, precisei aplicar complexas teorias de órbitas e improvisar métodos numéricos. Quem foi conferir encontrou o pequeno corpo celeste justamente na órbita pré-calculada. Convém lembrar que fiz isso em 1801. Enfim, até o fim da vida, dei demonstrações sobre-humanas de minhas habilidades mentais.

Provavelmente, você não teve e nem tem evidencias abundantes que confirmem sua genialidade. Não é candidato a verbete da Wikipidia e nem está perto de ter seu nome batizando fórmulas e teoremas. Mas não se desespere. Este post não pretende ser um exercício de humilhação. Nem quero, por contraste, tornar minha capacidade intelectual ainda maior. Pelo contrário. Venho aqui com um alento.

Segundo o especialista em sucesso, o psicólogo Anders Ericsson,  a genialidade está disponível a todos. Depois de observar grandes talentos de diversas áreas, Anders concluiu que a característica preponderante entre eles é a dedicação. Em outras palavras, o talento natural não é o fator determinante. O sueco defende sua tese até quando ela é confrontada ao exemplo de Mozart. Segundo ele, o menino prodígio começou a compor com 6 anos de idade, mas suas primeiras composições não tinham nada de excepcionais. Amadeus só pariu sua primeira obra prima aos 21 anos, depois de ralar bastante. Os grandes gênios, por esta visão, são frutos de uma obstinação absurda. Treinam, estudam, praticam muito mais do que a média.

Ericsson quantificou o número de horas de dedicação necessários para ter um desempenho excepcional em alguma atividade: 10 mil. Voltando ao exemplo de Mozart, estima-se que aos 6 anos ele já tivesse estudado 3500 horas de piano. É o treino que modifica o cérebro para que ele execute tarefas de um jeito que causa admiração.

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